Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM APLICADA A PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Ingrid da Silva Nogueira, Jaci José de Souza Júnior

Última alteração: 2022-02-01

Resumo


As doenças cardiovasculares, evidenciando a insuficiência cardíaca - síndrome aguda, de desordem cardíaca por dilatação ou hipertrofia do ventrículo que exerce a contratilidade mediante a uma sobrecarga - é responsável por grande parte das internações hospitalares. Existe grande influência da sistematização da assistência de enfermagem para a melhora da qualidade de vida dos indivíduos e do prognóstico clínico, na visão de que é utilizada como uma metodologia assistencial por meio do Processo de Enfermagem na assistência aos pacientes. Segundo a Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda (2018), “o termo “insuficiência cardíaca crônica” reflete a natureza progressiva e persistente da doença, enquanto o termo “insuficiência cardíaca aguda” fica reservado para alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas resultando em necessidade de terapia urgente”. De acordo com o DATASUS (2012), no Brasil foram registrados 26.694 diagnósticos de insuficiência cardíaca; o índice de internação por cardiopatias é de 1.137.572 indivíduos, 21% dos pacientes internados é por IC, 30% destes são re-hospitalizados em até 06 meses , sendo as principais causas: comorbidades, congestão cardíaca e lesões em órgãos alvo. Segundo Oliveira (2016, p. 436), o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é de extrema importância quando destinada à prestação  de uma assistência de enfermagem segura, melhorando a qualidade do cuidado; uma vez implementada e realizada de forma adequada, a SAE colabora para a realização de pesquisas e análises gerais da qualidade da assistência de enfermagem. De acordo com a Resolução COFEN nº 358/2009, a qual dispõe sobre a SAE e a implementação do Processo de Enfermagem (PE), considera que este se estrutura em cinco etapas inter-relacionadas, independentes e recorrentes. Desse modo, Torres et al., (2011) descrevem que a estrutura do processo de enfermagem pode ser utilizada como ferramenta da prestação da assistência de forma sistematizada e de qualidade ao paciente com insuficiência cardíaca. Uma vez que o PE possibilita uma maior interação entre o binômio paciente-enfermeiro, integrar a sistematização como parte do cuidado de enfermagem facilita o planejamento integral e individualizado à saúde.

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório da Sistematização da Assistência de Enfermagem, fundamentado em uma revisão integrativa de literatura. A amostra desta pesquisa foi constituída por 88 artigos científicos, selecionados por meio dos critérios de inclusão previamente estabelecidos. Dos 88 artigos encontrados, foram utilizados apenas 14 artigos para que fossem alcançados os objetivos deste estudo, destes, todos apresentam dados qualitativos da sistematização da assistência de enfermagem, seja por relato de experiência ou ainda, por estudo descritivo ou revisão integrativa.

Categoria 1: A patologia cardíaca - insuficiência cardíaca

Na IC, há ativação de mecanismos neuro-hormonais que se adaptam na patologia em questão e promovem efeitos benéficos quanto a manutenção do débito cardíaco, mas que pode ser deletério a longo prazo, pois deteriora o músculo cardíaco que já se encontra debilitado (MONTERA et al., 2009). Existem critérios e classificações para auxiliar o diagnóstico de insuficiência cardíaca, bem como para classificar a extensão de sua gravidade ao indivíduo. A Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca (2018) apresenta a classificação funcional da New York Heart Association (NYHA), que proporciona uma forma facilitada de classificar a extensão da IC por meio da gravidade dos sintomas em quatro categorias, baseando-se no grau de tolerância do indivíduo ao exercício e, variando da ausência dos sintomas até a presença destes em repouso. Tal classificação, implica no prognóstico e na qualidade de vida do paciente, justificado por muitas vezes a doença ser instalada de forma silenciosa, sem identificação do paciente e do profissional. Os sinais e sintomas apresentados pelo indivíduo, tem limitações específicas importantes para o diagnóstico da insuficiência cardíaca. Para que o diagnóstico seja de fácil realização, há utilização dos critérios de Framingham, por meio deste, o paciente precisa apresentar simultaneamente, pelo menos 2 critérios maiores ou pelo menos 1 critério maior e 2 critérios menores. Os critérios de Boston servem também ao diagnóstico de IC, são definidos 4 pontos para cada uma das três categorias, sendo a pontuação total 12. O diagnóstico então será “definitivo” com pontuação entre 8 e 12 pontos, “possível” com pontuação entre 5 e 7 pontos e, “improvável” se a pontuação for igual ou menor que 4 pontos.

Categoria 2. Dados qualitativos e das necessidades e importâncias da SAE ao paciente com IC

Quanto aos achados, estes descrevem informações por meio de abordagem qualitativa, as quais foram classificadas neste estudo como: dados quantitativos positivos, negativos e dados de necessidade e importâncias na aplicação da sistematização. Dos indicadores positivos, leva-se em conta a interação entre o binômio paciente e enfermeiro, a evolução do paciente no retorno das funções fisiológicas sadias, a aplicação do processo de enfermagem de forma planejada e individualizada, além da composição de uma equipe multidisciplinar, a qual se faz de extrema importância para a melhora do processo saúde-doença ou ainda, da qualidade de vida do paciente com insuficiência cardíaca e seus agravantes. Dos indicadores negativos, todos os fundamentos apresentados, apesar de classificados como negativos, não relatam deficiências da sistematização propriamente dita, mas da falta de conhecimento profissional do processo de enfermagem, da população acerca da patologia e a falta de fiscalização pelos órgão competentes como o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Enfermagem (COFEN e CORENs). Dos indicadores referentes às necessidades e importâncias da aplicação da sistematização da assistência de enfermagem, é explícita a necessidade da implementação do processo de enfermagem, visto sua importância ao cuidado do indivíduo doente como ferramenta norteadora da prestação de cuidados, e que este seja por meio de uma abordagem multidisciplinar, pelo conhecimento de profissionais diversos acerca da SAE e da patologia.

Categoria 3. Aplicabilidade da sistematização da assistência de enfermagem no cuidado ao paciente com insuficiência cardíaca

A SAE tem relação com o processo de enfermagem pois produz um ambiente seguro e terapêutico que promove a satisfação e autonomia, tanto do profissional, quanto do paciente. Segundo a Resolução COFEN nº 358/2009, a SAE compõe-se de ações sistematizadas para a promoção do cuidado com o indivíduo, família e comunidade, devendo ser realizado de modo deliberado e sistemático por meio de etapas inter-relacionadas, independentes e recorrentes; e dispõe sobre a SAE e a implementação do processo de enfermagem em ambientes públicos e privados, em que ocorra o cuidado profissional de enfermagem e considera que o PE se estrutura da seguinte forma: Coleta de Dados de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem, Implementação e Avaliação de Enfermagem.

Em resumo, a aplicabilidade da sistematização da assistência de enfermagem por meio do processo de enfermagem é e extrema importância pois auxilia beneficamente no cuidado prestado e na melhora clínica do paciente por meio da manutenção da saúde e prevenção de agravos da insuficiência cardíaca permeando todas as etapas do PE e diminuindo gradativamente o índice de hospitalizações potencialmente preveníveis no Brasil e no mundo, uma vez que haverá adequação dos pacientes à mudança do estilo de vida e hábitos alimentares propostos pelo enfermeiro no planejamento e implementação da sistematização.

Conclui-se que a sistematização da assistência de enfermagem enobrece o trabalho do enfermeiro para que o paciente tenha um prognóstico positivo, podendo retornar às suas funções cardíacas adeptas à patologia, auxiliando na atuação benéfica do enfermeiro à saúde cardíaca, obtendo resultados positivos aos pacientes acometidos pela insuficiência cardíaca e seus familiares.