Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL AO PACIENTE COM DISTÚRBIO ESQUIZOFRÊNICO NO CENÁRIO DO CAPS.
Erika Luci Pires de Vasconcelos, Selma Vaz Vidal, José Carlos Lima De Campos, Benísia Maria Barbosa Cordeiro Adell

Última alteração: 2022-01-28

Resumo


Introdução: Trata-se de um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca avaliadora como requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, pelo Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Serra dos Órgãos - Teresópolis -RJ. A saúde mental ou a falta dela é uma condição universal dos seres sencientes. O diagnóstico do distúrbio mental vem junto com os estereótipos, o medo do surto na vida e o isolamento social. O estigma e a discriminação podem diminuir a procura, o acesso à saúde e aos serviços sociais. O transtorno pode tornar difícil para as pessoas afetadas trabalhar ou estudar normalmente. Os determinantes da saúde mental incluem não só atributos individuais, mas também a capacidade de administrar os pensamentos, as emoções, os comportamentos e as interações com os outros, bem como fatores sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais, políticas nacionais, a proteção social, padrões de vida, as condições de trabalho e o apoio comunitário. As pessoas com psicose ou distúrbios mentais correm alto risco de exposição a violações de direitos humanos. Psicoses, incluindo a esquizofrenia, são caracterizadas por distorções no pensamento, percepção, emoções, linguagem, consciência do ‘eu’ e comportamento. A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo. O manejo do paciente com esquizofrenia é um grande desafio para a equipe de saúde, porque alcança um cuidado de aceitação, do modo possível de ser do outro / paciente, e de si mesmo. Em um cuidado multiprofissional, têm-se as diversas formas de práticas colaborativas específicas e comuns para o cuidado centrado no paciente sob as perspectivas de tratamentos, visando à estabilidade e qualidade de vida do paciente com esquizofrenia. É responsabilidade da equipe de saúde promover instrumentos terapêuticos que proporcionem o conforto do paciente e diminua seu sofrimento. Neste sentido, a Enfermagem estará presente na conduta terapêutica, atuando entre os diversos pontos e aspectos: naquele que cuida e naquele que é cuidado, vivenciando experiências que proporcionam o crescimento e o fortalecimento individual, dando significados às suas existências e atuando no manejo clínico e físico. Objetivos: Analisar artigos científicos de Enfermagem no período de 2016 a 2020, sobre o cuidado de Enfermagem ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia, no cenário do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), além de identificar esse cuidado, verificar os fatores intervenientes nesse processo prestado ao paciente com diagnóstico de esquizofrenia no cenário do CAPS. Método: estudo de abordagem qualitativa, de caráter descritivo e explicativo, por meio de Revisão Integrativa da Literatura (RIL) com 15 (quinze) artigos selecionados na amostra deste estudo. Resultados e discussão: A análise preliminar do resultado dos estudos dos artigos revelou a necessidade da capacitação do Enfermeiro e da equipe interprofissional, no cuidado ampliado ao paciente com transtorno mental, em especial com esquizofrenia. As “mudanças de hábitos, usos e costumes, portanto, outra mentalidade” quando nos referimos aos profissionais de saúde, gestores, docentes e pesquisadores, devem implicar em ações presentes desde a formação, a sua continuidade nas capacitações e na Educação Permanente em Serviço. Na nossa História, a reforma psiquiátrica fez e sempre fará parte do movimento em saúde mental. Constituiu-se de um processo político, social e complexo, composto de atores, instituições e forças diferentes. A saúde mental passou a ser redirecionada em questão de assistência, ofertando o tratamento em serviços comunitários, linhas de financiamento e novos mecanismos de fiscalização, gestão e redução programada de leitos psiquiátricos no país, daí surgindo os CAPS, com a função primordial de fornecer suporte aos usuários da rede de saúde mental e aos seus familiares, evitando a hospitalização e a superlotação dos hospitais psiquiátricos, bem como para adotar métodos terapêuticos que envolvam a inserção do portador de distúrbio mental na sociedade.  Conclusão: A relação da família e pessoa em tratamento de esquizofrenia deve estar no plano terapêutico singular e algumas condições devem ser observadas, avaliadas para que intervenções sejam realizadas.

É importante o enfermeiro agir, avaliar e intervir e ir reavaliar:

  • Comunicação comprometida;
  • Educação familiar sobre a esquizofrenia;
  • Estratégias de adaptação da pessoa e da família;
  • Compreensão sobre os recursos terapêuticos;
  • Sobre os papéis existentes na família;
  • Promover o envolvimento familiar;
  • Avaliar a comunicação, relação, interação entre outras observações.

Identificou-se, através do estudo, a necessidade de uma trajetória que sustente as mudanças imprescindíveis, no que condiz com a qualidade de vida desse paciente e à medida que envolva o acolhimento, a prevenção, a identificação, o cuidado e o acompanhamento do paciente portador de esquizofrenia. Sob a luz da Teoria de Hildegard Peplau, o Relacionamento Interpessoal nas intervenções prestadas à pacientes psiquiátricos diagnosticados com esquizofrenia confere para a criação de um vínculo efetivo e necessário para um subsídio integral e qualificado.   Pode-se analisar por estas conclusões que, muitas vezes a carência na capacitação dos profissionais de saúde, direcionados à saúde mental, levam os mesmos a dificuldade na identificação e do medo no envolvimento dos casos. Existe algo nos seres humanos que contrapõe à sua indiferença frente à dor alheia: o sentimento, a capacidade de emocionar-se, de envolver-se, de afetar e de sentir-se afetado. (BOFF, 1999). Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidados, destinando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros.

Para refletir:

  • Problematizar o manicômio e suas expressões abordando as relações de raça, gênero e classe é ultrapassar os próprios muros que compõem a formação social brasileira, e trazer a público um debate que ficou apagado ao longo da construção, implementação e efetivação da Reforma Psiquiátrica brasileira. “Racializar” os corpos e a própria história faz parte dos novos rumos da Luta Antimanicomial conforme sinalizam Passos e Moreira (2017), Passos (2017), Passos e Pereira (2017), Oliveira, Duarte e Pitta (2017) e Santos (2018).
  • É de extrema importância sinalizarmos que o Lema da Luta Antimanicomial, não traz consigo uma mera reforma assistencial em saúde mental, ele expressa em sua natureza um projeto societário de transformação. A luta ‘por uma sociedade sem manicômios’ coloca-se contrária às desigualdades de classe, gênero, raça, etnia e a favor da superação da propriedade privada (PASSOS, 2017, p. 83).
  • No dia 28 de julho de 2019, no Rio de Janeiro, duas pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas depois de serem esfaqueadas por um homem que estava em situação de rua, na Zona Sul da cidade. De acordo com a reportagem do site G1 (TORRES, 2019), o homem abordou de forma violenta um carro que estava parado no sinal. Esse incidente, após grande repercussão nos mais diversos canais de comunicação, levou a prefeitura do município do Rio de Janeiro a publicar um decreto autorizando a internação compulsória das pessoas em situação de rua e em uso prejudicial de substâncias psicoativas (SPA).

 

 

 

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Teoria de Enfermagem; Esquizofrenia; Centro de Atenção Psicossocial.