Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2021-12-20
Resumo
A avaliação das condições de saúde da população brasileira, em especial de crianças, é crucial e deve considerar os determinantes sociais de saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS) é compreendida como estratégia de reorganização do sistema de atenção à saúde. Sendo assim, a APS desempenha papel essencial em reordenar recursos do sistema de saúde para responder às reais necessidades da população adscrita em seu território. A expansão da cobertura da APS traduz um avanço social em atendimento ao direito à saúde da população, especialmente para as crianças. Conhecer o perfil sociodemográfico das crianças e seus cuidadores, auxilia a compreensão dos determinantes que podem interferir no processo saúde-doença na infância, e propicia execução de ações que atendam às suas demandas. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico dos cuidadores e das crianças usuárias de uma Unidade de Saúde da Família (USF) de Porto Velho-Rondônia. Trata-se de um estudo avaliativo, transversal de abordagem quantitativa, realizado em uma USF, localizada na zona leste da capital de Porto Velho-RO, em 2021. A população é constituída pelos cuidadores/familiares das crianças entre zero a cinco anos de idade. Utilizou-se um questionário com questões fechadas sobre o perfil sociodemográfico das crianças e seus cuidadores, apresentadas em frequência descritiva. Esta pesquisa está vinculada ao projeto matriz “Avaliação da Atenção à Saúde da Criança em Porto Velho – RO” aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondônia sob no parecer 1.849.757 e conforme Resolução 466/12. As características sociodemográficas dos cuidadores, indicam que a maioria era mãe da criança (94,2%). Mais da metade dos cuidadores tinha entre 21 a 34 anos (65,4%), havia cursado o ensino médio completo (53,8%). Parte expressiva dos cuidadores tinha companheiro (a) (76,9%), residia em casa própria (75,0%), não possuía trabalho remunerado (61,5%), sem atividade produtiva realizada em domicílio (78,8%) e renda familiar per capita abaixo de R$ 500,00 (75,0%). Em relação às crianças acompanhadas pelas equipes da USF, parcela expressiva (67,3%) tinha menos de um ano de idade (36,5%) e um ano (30,8%). Do total das crianças, pouco mais da metade era do sexo feminino (51,9%) e parte significativa de crianças pardas (65,4%). Na USF, a maioria das crianças da primeira infância é cuidada pela sua mãe, o que pode explicar a maior proporção de cuidadores sem atividade remunerada. Parcela expressiva dos cuidadores/familiar, possui renda familiar per capita abaixo de meio salário mínimo, o que pode afetar a saúde das crianças, já que nível de renda e estado de saúde são variáveis correlacionadas. Garantir que atributos da APS como acesso de primeiro contato e longitudinalidade são essênciais para melhora na qualidade da atenção e podem ajudar a vencer tal desafio. Conhecer a realidade das crianças e suas famílias no território do serviço possibilita que as equipes da estratégia de saúde da família, comecem a pensar melhor na atenção à saúde da criança. Faz-se necessária a realização de ações voltadas às condições sociais evidenciadas na localidade.