Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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NARRATIVAS DE MULHERES COM GESTAÇÃO DE ALTO RISCO EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19: DESAFIOS PARA A HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO
Mayara Ciciliotti

Última alteração: 2022-01-11

Resumo


As propostas de redefinição das práticas de pré-natal e assistência ao parto no país durante a pandemia trouxeram à tona os múltiplos sentidos do risco, podendo-se destacar a inclusão de todas as gestantes e puérperas no “grupo de risco” para a Covid-19 e a implementação de protocolos sanitários mais rígidos e a restrição de acompanhantes. Apesar do avanço da produção de conhecimento científico sobre o parto e o nascimento, esse processo possibilitou a preponderância da narrativa do prontuário pautada em fatos clínicos em detrimento de espaços de troca para falarem das suas experiências a partir dos seus pontos de vista sobre os processos de luta e resistência que não começaram nem terminariam durante a hospitalização. Com isso, propôs-se compartilhar as narrativas de mulheres com diagnóstico de gestação de alto risco que se encontravam internadas em uma Maternidade da cidade de Vitória (ES) no contexto da pandemia de Covid-19. Para tal, inspirado na aposta metodológica das Escrevivências cunhada por Conceição Evaristo, participaram do estudo 22 mulheres e suas histórias foram apresentadas através do gênero literário de contos, trazendo a irrupção da pandemia como um analisador das práticas de cuidado prestadas às mulheres com gestação de Alto Risco em hospitalização. A partir dessa experiência de encontro com mulheres e suas narrativas foram propostas três linhas de análise: concepções de cuidado e maternidade; papel social da identidade mulher-mãe; e projetos, protagonismos e resistências. Os resultados do estudo apontaram que a pandemia trouxe a cronificação de desafios já existentes, como discriminações de gênero e políticas que perpetuam o sexismo e o racismo estrutural. Diante disso, é possível assinalar os efeitos da pandemia na ameaça na garantia dos direitos reprodutivos de mulheres e principalmente em sociedades em que gravidez e nascimento foram medicalizados, tendo o risco como conceito-chave. Assim, aponta-se para a importância das práticas de cuidado que preconizam a escuta ativa, o protagonismo de mulheres e de todos os atores envolvidos, para que se fique às voltas com a cronificação de desafios já conhecidos e que ainda não foram superados.