O processo de reorientação da formação em saúde, induzido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, em consonância com as exigências do modelo de atenção à saúde implementado no Sistema Único de Saúde (SUS), requer um perfil profissional generalista e humanista. Ademais, observa-se a implementação de iniciativas voltadas a qualificação dos processos de gestão e atenção à saúde, com vistas a garantia do direito humano à saúde e à satisfação dos usuários, a exemplo da Política Nacional de Humanização (PNH). Nesse sentindo, mostra-se relevante a inserção da temática da humanização nos currículos de cursos da área da saúde, particularmente da enfermagem, com vistas à produção do cuidado humanizado. Este estudo teve por objetivo analisar as práticas de ensino de humanização na formação do enfermeiro. Trata-se de estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizado em universidade pública, situada no estado da Paraíba. Para apreensão das informações, realizou-se análise documental do projeto pedagógico do curso, assim como entrevistas semiestruturadas com sete docentes e 26 discentes do curso de enfermagem. O material empírico foi analisado com base nos pressupostos da hermenêutica dialética. Foram respeitadas as diretrizes éticas estabelecidas na Resolução 466/2012, sendo aprovado por Comitê de Ética e Pesquisa. Evidenciou-se, com base nos planos de ensino, a inserção de conteúdos da área de humanidades em disciplinas do ciclo básico, como Antropologia e Psicologia Aplicada à Saúde. Identificou-se, ainda, o ensino de conteúdos da PNH em disciplinas do ciclo profissionalizante como:  Enfermagem em Saúde do Idoso, Enfermagem em Saúde da Mulher e Enfermagem em Saúde Mental. No plano discursivo, docentes e discentes sinalizam (des)encontros tanto no plano das práticas pedagógicas em sala de aula, como nos cenários de práticas em saúde. O ensino de humanização mostra-se fragmentado, em disciplinas pontuais, com base na iniciativa de docentes que atuam em áreas nas quais, aparentemente, há maior exigência social de práticas humanizadas. No âmbito das atividades pedagógicas, são apontados problemas como sobrecarga de trabalho e a necessidade de formação docente, com vistas a promover maior articulação teoria e prática, sobretudo com reconhecimento dos usuários como sujeitos, de modo que o ensino não seja centrado na doença. Os discentes apontam conflitos na relação com os professores. No contexto dos cenários de práticas, durante os estágios curriculares, são apontados desafios referentes à estrutura e organização dos serviços de saúde, bem como às condições de trabalho. Os discentes consideram que os serviços de saúde, nos distintos níveis de atenção, não se encontram organizados segundo os princípios e diretrizes da humanização. Revelam serviços com alta demanda, burocratizados, atuando de forma centrada em procedimentos, o que dificulta a valorização da dimensão subjetiva dos envolvidos na produção do cuidado. Os resultados apresentados sinalizam a necessidade de repensar o currículo, de modo que os conteúdos da humanização sejam transversais na matriz curricular. Mostra-se oportuno promover formação e desenvolvimento docente, com vistas a reduzir dissonâncias entre o discurso e as práticas de ensino de humanização na formação do enfermeiro, considerando as relações professor-aluno e a efetiva articulação teoria e prática, ensino e serviços de saúde.