Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Trajetórias assistenciais de usuários diagnosticados com COVID-19 no município de Niterói
Patty Fidelis de Almeida, Elisete Casotti, Rafaela Fidelis Lima Silvério

Última alteração: 2021-12-20

Resumo


Apresentação. Uma resposta integral a um problema sanitário da ordem da Covid-19 requer ações simultâneas em diferentes níveis do sistema de saúde, entre as quais a existência de pontos de atenção integrados que viabilizem a continuidade assistencial para os usuários, desde a Atenção Primária à Saúde (APS) aos serviços de reabilitação, quando necessários. Este estudo tem como objetivo caracterizar e analisar a Trajetória Assistencial (TA) de pessoas diagnosticadas com Covid-19 em Niterói. Método. Estudo avaliativo, com abordagem qualitativa, por meio da construção das Trajetórias Assistenciais de pessoas diagnosticadas com Covid-19 e que estavam realizando reabilitação em serviço municipal instalado no hospital de referência para internação Covid-19 do município. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 27 usuários, entre os meses de outubro a novembro de 2021. A análise das entrevistas para construção das TA foi realizada com base em três categorias: a) percepção/explicação e identificação/diagnóstico do problema; b) o itinerário percorrido – o percurso, serviços buscados, profissionais envolvidos no cuidado, serviços utilizados, terapêutica; percepção de continuidade do cuidado c) resolução do problema em tempo oportuno. Resultados. A grande maioria dos entrevistados tinha mais de 60 anos (18) e se identificavam como negros e pardos (14), com renda familiar per capita de até 2 salários mínimos (17) e 14 recebiam algum tipo de benefício social. Apenas 2 se declararam fumantes. A principal fonte de informação sobre Covid-19 foram os telejornais. Os diagnósticos, em geral, foram realizados em unidades hospitalares com atendimento de emergência. Dos 27 participantes, 25 haviam passado por internação hospitalar e estavam em processo de reabilitação. Não houve relato de tempos de espera para acesso ao cuidado hospitalar. Na quase totalidade dos casos (25) o acesso à reabilitação havia ocorrido por meio de contato direto do hospital com usuários que passaram por internação. Entre os entrevistados, havia apenas 1 referenciado pela APS. Embora a maioria seja adscrito a um serviço de APS (16), não foram mencionadas ações de acompanhamento e telemonitoramento anteriores ao diagnóstico Covid-19 e nem após a internação. O vínculo com a APS foi caracterizado como frágil, com dificuldades de acesso à porta de entrada e aos serviços especializados. Não foram mencionadas visitas domiciliares/peridomiciliares pelas equipes do território. Visitas virtuais e contatos médicos diários com familiares foram realizados durante a internação pela equipe hospitalar. A maior parte dos exames ou consultas pós internação foram realizados na rede privada por meio de planos de saúde ou planos populares (8) ou por pagamento out-of-pocket. Foi recorrente a percepção de “abandono” pós internação, com grandes dificuldades para o acompanhamento nos demais serviços da rede de atenção. Considerações finais. O estudo sinaliza que parece haver frágil vinculação com os serviços de APS além de problemas para a captação de usuários para o serviço de reabilitação. Destaca-se o aceso oportuno à atenção hospitalar e estratégias de telecomunicação com as famílias. A percepção de cuidados descontínuos ou ausentes reforça problemas na conformação das redes de atenção à saúde, que podem ter sido agravados pela pandemia, mas, certamente, são anteriores.