Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ASSOCIAÇÃO DE FUNÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL E AVALIAÇÃO SUBJETIVA DA SAÚDE EM IDOSOS DOMICILIADOS NO INTERIOR DO AMAZONAS
Hércules Lázaro Morais Campos, Higor Gregore Alencar Oliveira, Elisa Brosina de Leon

Última alteração: 2021-12-17

Resumo


O processo de envelhecimento acarreta redução gradual do estado de saúde dos indivíduos (senescência). A avaliação subjetiva da saúde é um ótimo preditor da própria saúde, embora subjetivo, proporciona uma medida eficaz, rápida e de baixo custo sobre a saúde de grupos populacionais, pois com o aumento da prevalência de doenças crônicas a funcionalidade e a cognição podem ser impactadas reduzindo a autonomia e a independência dos idosos e idosas.A auto avaliação de saúde do idoso é constituída em cinco níveis de satisfação de acordo com as respostas (muita boa, boa, regular, ruim e muito ruim) e de duas categorias, as duas primeiras respostas referem-se a uma autoavaliação positiva e as três seguintes referem-se a autoavaliação negativa; tal auto avaliação pode ou não estar ligada ao contexto sociodemográfico que o idoso vive. O bem-estar subjetivo é um preditor de qualidade de vida na velhice, este refere-se ao autoconhecimento do idoso em relação a sua saúde e a capacidade de um senso justo psicológico para responder a tal avaliação. Objetivo: Analisou-se e associou-se a condição de saúde físico funcional com a avaliação subjetiva de saúde de idosos visitados em seus domicíliosnum município no interior do estado do Amazonas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal descritivo e associativo que apresenta as características físico-funcionais e de saúde subjetiva de idosos. A amostra se deu de forma casual e simples e os idosos foram visitados e avaliados em seus domicílios através de uma ação social da Liga de Estudos e Intervenção em Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica (LEIFIGG) em parceria com a paróquia de São Pedro que possuía através da Pastoral do Idoso cadastro dos idosos da região. A coleta de dados foi realizada no primeiro e segundo semestre de 2019, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas – UFAM sob o registro de número CAEE: 08021219.1.0000.5020.Para a caracterização dos idosos utilizou-se um questionário semiestruturado contendo as seguintes informações: faixa etária de idade, sexo, grau de instrução/escolaridade, situação de moradia, uso de medicamentos, naturalidade, doenças auto relatadas e renda mensal.Para análise do desempenho físico-funcional dos idosos utilizou-se o Short Physical Performance Batterry (SPPB). Para avaliação da funcionalidade aplicou-se o World Health Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0) instrumento genérico que mede o nível de saúde e incapacidade da população e auxilia na prática clínica. Este instrumento avalia a incapacidade em seis domínios da vida: cognição, locomoção, autocuidado, convivência com as pessoas, atividades da vida e participação. Cada item da WHODAS 2.0 avalia a quantidade de dificuldade que um sujeito apresenta, no período do último mês, para realizar suas atividades.Para completar a análise funcional aplicou-se o Brazilian Oars Multidimensional Functional Assessment Questionnaire (BOMFAQ), composto por 15 questões relacionadas à Atividade de Vida diária (AVD) e Atividade Instrumental de Vida Diária (AIVD), onde os idosos responderam a capacidade atual de realizar atividades do dia a dia classificando-as em “sem dificuldades”, “pouca dificuldade” e/ou “muita dificuldade”. A pontuação se deu pela soma das categorias “pouca dificuldade” ou “muita dificuldade”, sendo que quanto maior a pontuação, maior é o prejuízo na capacidade funcional.A percepção subjetiva da saúde foi avaliada por meio do auto relato de saúde dos idosos sobre como cada um considerava sua própria saúde a partir das perguntas: de modo geral, como o/a senhor/a avalia a sua saúde no momento atual?; como o/a senhor/ avalia sua saúde em comparação a de outras pessoas da sua idade?; como o/a senhora avalia sua memória em comparação com a de outras pessoas da sua idade?; como o/a senhora avalia a sua saúde hoje em comparação com a de 1 ano atrás?; como o/a senhor/a avalia sua atividade hoje em comparação com um ano atrás? Para análise dos dados realizou-se uma correlação linear (r) e análise da variância (Teste T) através do programa PAST (Paleontological Statistics Software Package for Education and data Analysis) versão 3.1. Resultados:81 idosos fizeram parte do estudo e a maioria é do sexo feminino 62 (76,5%,). Destes, 58 (44%,3) idosos moram com seu (a) companheiro(a). A maioria dos idosos não completaram 1 ano de escolaridade. Quando arguidos sobre sua percepção de saúde atual a maioria deles tem uma percepção regular ou ruim do estado de saúde no momento da avaliação (81,5% n:66). Há uma correlação positiva dos valores entre os idosos ter uma boa pontuação no BOMFAQ e o WHODAS 2.0 com significância estatística de C: 0.62 e P < 0.05. Existe uma correlação negativa dos valores entre os idosos irem bem no SPPB e no BOMFAQ e são inversamente proporcionais com significância estatística de C: -0,70, P < 0.05. Houve variação nos valores do SPPB para idosos que faziam caminhada e para os que não faziam, sendo que idosos que caminhavam obtiveram uma média de 6,5 no score total do SPPB e os que não caminhavam obtiveram uma média de 6,6 no SPPB. Existe variação nos valores do SPPB para idosos que fazem caminhadas para os que não fazem e aqueles que caminhavam apresentavam uma variância maior nos valores de SPPB. Discussão: Os idosos domiciliados no interior do Amazonas possuem uma visão negativa da percepção de saúde, eles apresentam sobrepeso e autorrelataram a visão ocular como regular ou péssima, a autopercepção negativa da saúde pode estar associada com o nível de escolaridade baixo; sabe-se que existe uma forte associação de analfabetismo com avaliação subjetiva da saúde ruim.  Neste estudo, verificou-se correlação positiva entre duas escalas de avaliações funcionais uma para atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária, atividades básicas de vida diária e outra para comunicação, mobilidade, autocuidado, relacionamento e participação na comunidade. A qualidade de vida dos idosos é influenciada diretamente pela sua funcionalidade e relaciona-se de forma concreta com sua autonomia, independência e autoestima. Pelos resultados do WHODAS 2.0 e BOMFAQ a maioria dos indivíduos não apresentam dificuldades na execução de suas atividades rotineiras, mas ao olharmos a avaliação subjetiva da saúde os idosos deste estudo declaram a sua atual condição de saúde como regular ou ruim com sintomas de depressão que pode impactar diretamente na sua qualidade de vida, vida em comunidade/social e na sua percepção negativa da saúde. Conclusão: Os idosos desse estudo percebem sua saúde como regular/ruim, este relato parece não estar associado com a condição físico-funcional pois eles apresentam boa autonomia e independência funcional (principalmente em atividades rotineiras do dia a dia) de acordo com as escalas de avaliações aplicadas. Mais estudos devem ser realizados e explorados com um número maior de participantes. A coleta desses dados foi diretamente impactada pela pandemia da COVID19 que fez o planejamento e andamento da pesquisa serem paralisados e alterados.