Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PROMOÇÃO DA AUTO HIGIENE EM CRIANÇAS DE SEIS A 12 ANOS
Gabriela Fonseca Nascimento, Amanda Alencar de Araújo, Rafaella Curcio Egashira, Júlia Vitória Bonelli Loureiro, Eduarda Tumoli Ferreira, Hilaire Lemos Mendonça Vieira, João Antônio Cypreste Oliveira Rabi Morati, Julia Seidel Caetano, Larissa Barcellos Massariol, Francine Alves Gratival Raposo, Carolina Almeida da Fonseca

Última alteração: 2022-01-10

Resumo


Palavras-chaves: Higiene. Instituições Acadêmicas. Criança. Populações Vulneráveis. Doenças Transmissíveis. Introdução: A vulnerabilidade social está incorporada no cotidiano de diversas crianças brasileiras, transparecendo a importância de abordar, de maneira prática e dinâmica, assuntos relacionados a condições socioeconômicas e a saúde das comunidades. O bairro de Itararé - localizado na periferia da cidade de Vitória, Espírito Santo -, em decorrência do forte êxodo rural, foi ocupado desde o princípio com uma infraestrutura socioeconômica instável, assistindo, portanto, diversas crianças carentes. Tendo em vista que tal realidade contribui para o aumento da propagação de doenças infectocontagiosas, acadêmicos do segundo período de Medicina da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), desenvolveram o projeto "Tchau Sujeira" com alunos do Ensino Fundamental I na escola EMEF Ceciliano Abel de Almeida localizada no bairro, situada no território da Unidade de Saúde de Itararé (UBS) Dilson dos Santos Loureiro. Dessa forma, realiza-se o papel biopsicossocial da medicina para comunidades vulneráveis no Brasil, de acordo com a competência de atenção à saúde estabelecida pelas diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação de medicina estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC), contemplada na disciplina de Medicina e Comunidade da instituição de ensino superior. Portanto, diante da necessidade dessa realidade, o objetivo é prevenir a disseminação dessas patologias por meio de atividades que promovam a educação da auto higiene. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência. Realizou-se uma revisão de literatura, com consulta às bases PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELo) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), usando os descritores “Higiene”, “Instituições Acadêmicas”, “Criança”, “Populações Vulneráveis”, “Doenças Transmissíveis”, de acordo com os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/MeSH). Na prática, desenvolveram-se atividades lúdicas e interativas em diferentes estações com os alunos do turno vespertino de duas turmas de primeiro ano, duas turmas de segundo ano, uma turma de terceiro ano e duas turmas de quarto ano, somando 7  turmas. Totalizaram-se aproximadamente 180 crianças atingidas na prática, com o perfil variado de sexo, idade de seis a 12 anos, diferente cor e nível socioeconomico. A primeira estação consistiu em uma exposição geral do projeto a partir de uma roda de conversa para apontar os principais cuidados com o corpo, de uma forma interativa, sempre perguntando para os ouvintes exemplos e reconhecendo seu conhecimento sobre o assunto, para então reforçá-lo e complementá-lo com informações e curiosidades. Nessa estação utilizou-se como material uma ilustração de uma boneca feita de cartolina, juntamente com desenhos que representam agentes infecciosos que são colocados nas áreas do corpo que se discute no momento. Os assuntos abordados foram: a escovação dos dentes, higienização bucal completa, lavagem das mãos, corte das unhas, lavagem dos cabelos, cuidados no banho, a importância de se secar e conceitos básicos de como ocorre a infecção no corpo.  A segunda estação trata de um jogo de tabuleiro gigante com 30 casas sobre higiene e cuidados com a saúde, como etiqueta respiratória, higiene bucal e lavagem das mãos. As casas foram feitas com cartolinas coloridas e imagens ilustrativas, com alguma ação, como responder uma pergunta, avançar ou retornar casas, e reflexões escritas, estimulando também o trabalho em equipe. Na terceira, foi elaborado um jogo de boliche, com o objetivo de derrubar os germes - representando os pinos, feitos com garrafas PET e caracterizados com EVA -  chutando uma bola, que representa o sabão. Quem acertasse a maior quantidade de pinos, ganhava o jogo. Além disso, existiu a brincadeira do alvo cego, no qual as crianças vendadas, direcionadas por um colega, deviam acertar o uso dos itens de higiene - escova de dente, escova de cabelo, sapato, sabão, álcool em gel, shampoo - nos respectivos locais do corpo, desenhado em cartolina. O objetivo era concluir todos os itens no menor tempo possível. Todos os recursos utilizados foram confeccionados pelos próprios integrantes do grupo. Resultados: Foram selecionados manualmente cinco artigos para compor a revisão bibliográfica deste trabalho. A prática obteve sucesso em transmitir conhecimento e informação sobre a auto higiene de forma acessível e atrativa, sendo que as crianças aderiram bem às propostas das atividades levadas e participaram ativamente. Além disso, estimulou-se a curiosidade e o interesse dos alunos sobre cuidados básicos de saúde. Habilidades sociais foram desenvolvidas pelos alunos ao longo da aplicação do projeto na escola, através da interação com as pessoas e do compartilhamento de experiências de vida. O grupo teve a oportunidade de transmitir o conhecimento obtido na pesquisa do projeto, desenvolver estratégias de comunicação com o público infantil e de conhecer parte da população que a unidade de saúde atende. Discussão: Condições relacionadas à higiene são fatores importantes para o fenômeno saúde-adoecimento no Brasil, dessa forma, a adoção de medidas de saúde tornam-se fundamentais uma vez que possuem o poder de transformar a qualidade de vida dos cidadãos. Dessa forma, o ambiente escolar torna-se um local potencial para ensinamentos, discussões e reflexões sobre diversas questões sociais, inclusive acerca da saúde e da higiene. Além disso, na faixa etária infantil as escolas são o principal local de transmissão de doenças infectocontagiosas, o que demonstra ainda mais a relevância de se estimular esse conhecimento no ambiente escolar. Assim, as escolas atuam promovendo um estímulo reflexivo acerca da temática, impulsionando hábitos e ensinamentos, que se propagam na sociedade. Nesse processo, as crianças apresentam papel disseminador de hábitos de higiene, uma vez que seus aprendizados atingem membros familiares, profissionais adultos, como professores e coordenadores daquele ambiente escolar. Uma alternativa interessante para a promoção de ensinamentos acerca da higiene é a realização de atividades lúdicas, estimulando-os por meio da diversão, como a realizada pelo o grupo. Além dos ensinamentos nas instituições de ensino, vale ressaltar que a participação do núcleo familiar é essencial para o processo de educação higiênica e estabelecimento de hábitos de higiene na sociedade. Outrossim, essas atividades também possuem o efeito de estreitar a relação médico-paciente, defendida pelo modelo biopsicossocial. Conclusão: A promoção da auto higiene com crianças do Ensino Fundamental no ambiente escolar, proporciona a compreensão, racionalização e fixação dos assuntos. Houve grande participação do público alvo, que aderiu prontamente às propostas das atividades, o que gera a esperança de que o objetivo de transmitir a informação a ele foi alcançado. Portanto, a prática contribui para a manutenção da saúde dos indivíduos envolvidos no trabalho e dos que se relacionam com eles, colaborando para a melhoria da qualidade de vida da comunidade e para uma maior atenção à saúde de cada um.