Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2021-12-17
Resumo
Apresentação: discutir sobre meio ambiente engloba vários aspectos e uma pluralidade de definições, a exemplo, o meio ambiente em sua complexidade como natureza, recurso e coletividade. Contudo, é essencial compreender a nossa identidade mediante o meio, bem como, a sua influência no processo saúde-doença dos indivíduos. Nesse cenário, no Brasil a Atenção Básica é considerada a “porta de entrada” ao Sistema Único de Saúde, sendo a Unidade de Saúde da Família composta por uma equipe de saúde multidisciplinar, dentre as ações e estratégias trabalhadas pela equipe está à educação ambiental, contribuindo para a prevenção de doenças e a promoção à saúde do cidadão e coletividade. Dessa maneira, a educação ambiental fornece subsídios para solucionar impasses e promover o desenvolvimento pessoal e social. A educação ambiental assume uma vertente crítica reflexiva, capaz de alcançar as relações políticas, sociais e econômicas. À vista que, a educação ambiental na Unidade é desenvolvida através das interações entre profissionais, por isso, torna-se necessário conhecer a comunidade, de interessa a identificar sua realidade e vulnerabilidades ambientais, sociais, econômicas e regionais. A partir disso, este estudo teve como objetivo analisar a percepção da equipe de saúde das Unidades Saúde da Família sobre a educação ambiental. Desenvolvimento: trata-se de um estudo quantitativo e descritivo, realizado em 11 Unidades de Saúde da Família do município de Guanambi, localizado no semiárido nordestino do Estado da Bahia. A amostra deste estudo foi composta por 106 profissionais de saúde, em que foi aplicada a probabilística estratificada, resultado em: 49 agentes comunitários de saúde, 10 auxiliares de saúde bucal e 16 técnicos de enfermagem, os demais profissionais foram incluídos em sua totalidade, com 11 dentistas, 09 médicos (pois três unidades de saúde não apresentavam esse profissional), e 11 enfermeiros. A coleta de dados ocorreu nas unidades de saúde no período de 08/2018 a 03/2019, através de entrevistas em um horário pré-agendado com os profissionais, com duração média de 30 minutos. Os dados quantitativos foram tabulados em uma planilha no Microsoft Excel®, e analisados por meio da estatística descritiva simples, com caracterização da amostra, análise univariada, utilizando as frequências absolutas e relativas para as variáveis qualitativas, média e desvio padrão para as variáveis quantitativas, como o auxílio do software estatístico Statistical Package For The Social Sciences (SPSS) versão 22®. Resultados: durante a entrevista foi questionado se a preservação do meio ambiente reflete na saúde, logo (97,1%) dos entrevistados responderam sim. Nessa perspectiva, as ações antrópicas negativas sobre o meio ambiente oferecem risco à saúde coletiva, as mesmas estão relacionadas, por exemplo, com a industrialização e urbanização mundial, contribuindo ainda para diferentes interfaces em torno dos aspectos socioeconômicos da sociedade. Desse modo, quando questionados sobre a realização de atividades educativas na Unidade, (61%) responderam que sim, (34,3%) às vezes, (3,8%) não e (1%) nunca. A educação em saúde nos domicílios era realizada por (59%) dos entrevistados, seguido por (29,5%) às vezes, (10,5%) não e (1%) nunca. Destaca-se que, a educação em saúde no âmbito da Atenção Básica é uma atribuição da equipe multiprofissional que a compõe, visando à participação social na construção de caminhos para o cuidado à saúde, sendo as palestras educativas uma das metodologias para execução da própria. No que tange as orientações sobre a proteção do meio ambiente, (57,1%) dos entrevistados afirmam que a equipe de saúde realiza, seguido de (40%) não, (1%) às vezes e não sabe, respectivamente. Nesse contexto, o meio ambiente é considerado um projeto comunitário, sendo necessário que o ser humano se torne sensível e pertencente ao meio, respeitando os demais elementos e seres vivos que o compõe. Além disso, o meio oferece recursos de interesse ao homem, mas que devem ser conservados/preservados para que as gerações futuras, assim como, os demais seres tenham equidade no acesso. Outras orientações questionadas foram: agrotóxicos (56,1%) realizavam, (41,9%) não, (1%) não sabe e às vezes, respectivamente; consequências da ingestão de água contaminada (75,2%) realizavam, (17,1%) não, (5,7%) não sabe, (1%) às vezes e talvez, por essa ordem; e lavagem das mãos realizada por (93,3%), seguido de (3,8%) não, (1,9%) às vezes e (1%) não sabe. São notórios os impactos causados pelos agrotóxicos e a água contaminada ao meio ambiente, por conseguinte à saúde do indivíduo, de fato essa repercussão possui alcance global. Ademais, as orientações acerca da lavagem das mãos são imprescindíveis para a prevenção de doenças transmissíveis. A respeito dos esclarecimentos sobre os aspectos relacionados à saúde e meio, especificamente, executados pelos Agentes Comunitários de Saúde, (76,2%) afirmaram que são realizados, seguido de (8,6%) às vezes e não sabe, respectivamente, (6,7%) não. Vale acentuar que, o Agente Comunitário de Saúde é considerado um elo importante entre a população e Unidade Básica de Saúde, dentre suas responsabilidades destacam-se a visita domiciliar, o desenvolvimento de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade. Ademais, a educação quando aplicada ao indivíduo e comunidade requer um diagnóstico socioambiental e de endemias, enfatizando a necessidade da Equipe de Saúde em conhecer seu território de atuação, e a partir disso planejar, realizar ações e análise crítica do que foi proposto, assim como, incluir a comunidade na promoção da saúde do meio ambiente, sensibilizá-la quanto seu papel fundamental na preservação do mesmo, tanto para o presente quanto para o futuro do planeta. Considerações finais: percebe-se que as crises e problemas ambientais causados pelas ações humanas se configuram como um problema de saúde pública que necessitam de estratégias para solucionar ou amenizar os impactos. Para tanto, a educação ambiental é uma ferramenta que pode ser utilizada no gerenciamento do meio ambiente, o que sugere a necessidade da construção participativa da população em projetos conjuntos de educação ambiental e também em saúde. Às duas possuem um objetivo em comum, definido pela contribuição para melhoria da qualidade de vida. Por isso, existe a necessidade de desenvolver a educação ambiental no âmbito da Unidade Saúde da Família, através da equipe multiprofissional para que assim a população obtenha o conhecimento necessário para realização de boas práticas ambientais. Vale salientar que a falta de infraestrutura, saneamento básico, situações de vulnerabilidades socioeconômica, regional e ambiental são alguns dos impasses que refletem negativamente na saúde da população. Disseminar o conhecimento sobre o meio em que o indivíduo está inserido fornece recurso para que o mesmo seja sujeito ativo no cuidado da sua saúde. Logo, as equipes de saúde com perfil de educadores, especialmente, no que cerne o meio ambiente contribuirá para a promoção da saúde, prevenção de agravos/doenças e efetividade do Sistema Único de Saúde no território.