Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA DURANTE A GESTAÇÃO
Leidiane Faria Ramos Endlich, Caroline Andrade da Silva, Franciélle Marabotti Costa Leite, Nathalia Miguel Teixeira Santana

Última alteração: 2021-12-22

Resumo


Apresentação: As mulheres são expostas a violência nos diferentes estágios de sua vida, inclusive durante a gestação. Além de ser um momento de muitas mudanças físicas e psicológicas, a gestação tem se tornado um período de vulnerabilidade para a violência, que além de afetar a mãe afeta o feto. Sabe-se que as características do agressor associam-se com a ocorrência da violência, assim como as das vítimas. Portanto, o objetivo do presente estudo é identificar os fatores associados à violência sofrida por mulheres durante a gestação.

Desenvolvimento: Trata-se de um estudo transversal, com todos os casos notificados de violência contra mulheres gestantes, entre os anos de 2011 e 2018, no estado do Espírito Santo. Foram analisados todas as notificações de gestantes vítimas de violência em idade reprodutiva (10 a 49 anos).  As informações fazem parte da base de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) fornecidos pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria do Estado da Saúde (SESA) do Espírito Santo. A variável dependente em estudo foi a violência contra a mulher durante a gestação e como variáveis independentes foram analisados os dados que caracterizam a mulher, o agressor e a agressão. Os dados foram processados no programa estatístico Stata versão 14.1 e analisadas por meio da estatística descritiva em frequência bruta, relativa e intervalo de confiança (IC) de 95%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo, sob Parecer número 2.819.597. Foram respeitadas as normas e diretrizes da Resolução n. 499/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultado: No período analisado foram notificados 17.781 casos de violência contra mulheres no SINAN, destas 6,9% (N= 1.222) encontravam-se gestantes. A partir do estudo das notificações e análise multivariada, infere-se que as mulheres que mais foram vítimas de violência durante a gestação tinham faixa etária entre 10 e 19 anos (RP=2,95) e referiram raça/cor preta ou parda (RP=1,37), possuíam escolaridade de 0 a 4 anos de estudos (RP=1,59). Em relação ao perfil dos agressores, havia 1,41 mais chances de possuir até 25 anos, o agressor do sexo masculino é 1,78 vezes mais prevalente, assim como, o desconhecido teve prevalência 1,67 vezes maior quando comparado ao agressor conhecido e o parceiro íntimo (RP=1,21). Observou-se que geralmente a violência é perpetrada na residência da vítima (RP=1,05).

Considerações finais: As mulheres estão vulneráveis a violência durante a gestação e suas características, a dos agressores e da agressão se complementam tornando possíveis identificar quem são possíveis vítimas. Diante da realidade com o crescente número de casos, é necessário que trabalhadores da saúde conheçam um possível perfil de vítima e se atentem em investigar quaisquer sinais de violência, para que essa mulher seja acolhida e encaminhada conforme a necessidade que apresentar. Nesse sentido, torna-se necessário a atualização dos profissionais quanto ao rastreio da violência e sua valorização quanto linha de frente na identificação e rompimento do ciclo da violência.