Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM MULHERES COM INCONTINENCIA URINÁRIA: ESTUDO QUASE-EXPERIMENTAL
Maria Natália Cardoso, Lunna Nascimento Barroso, Rosana Caldas Rêgo de Queiroz, Juliana Baltar, Hércules Lázaro Morais Campos, Elisa Brosina de Leon

Última alteração: 2021-12-30

Resumo


A Incontinência Urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como qualquer queixa de perda involuntária de urina. Sua prevalência é maior em idosas, podendo comprometer a funcionalidade, repercutir na mobilidade e gerar um impacto social negativo, influenciando na qualidade de vida. A IU pode ser classificada em: Incontinência Urinária de Urgência (IUU)que ocorre na existência de urgência miccional; Incontinência Urinária de Esforço (IUE) quando a perda de urina ocorre devido ao aumento da pressão intra-abdominal e a Incontinência Urinária Mista (IUM) quando a IUU e a IUE estão associadas. O tratamento reconhecido como padrão de ouro pela Sociedade Internacional de Continência para essas disfunções é o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP)que tem como objetivo incrementar a função esfincteriana ao redor da uretra, o apoio aos órgãos pélvicos e a circulação sanguínea local através da reeducação dos músculos do assoalho pélvico (MAP). A Fisioterapia através da utilização de cinesioterapia e eletroestimulação reduz os sintomas das pacientes com IU proporcionando o aumento de força muscular, diminuição da perda urinária e da utilização de protetores diários. Objetivo: Avaliou-se a eficácia da intervenção fisioterapêutica com exercícios do assoalho pélvico voltado para funcionalidade em mulheres com IU. Métodos: Trata-se de um estudo quase-experimental realizado com usuárias cadastradas na Policlínica Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade – FUnATI, com idade variando de 43 aos 93 anos de idade (média = 60,41 anos); com queixa de IU e encaminhadas ao serviço de fisioterapia pélvica. Foram excluídas as que possuíam alguma infecção sexualmente transmissível (IST), que se recusassem a realizar o exame físico ginecológico ou faltassem três ou mais sessões do tratamento fisioterapêutico. As pacientes encaminhadas para a realização de Fisioterapia Pélvica na Policlínica Gerontológica da FUnATI foram identificadas com perda urinária pelo questionário Índice de vulnerabilidade clínico funcional-20 (IVCF-20) e foram convidadas a participar do estudo. No primeiro atendimento fisioterapêutico realizou-se a avaliaçãoque contava com uma anamnese completa; aplicação de três questionários relacionados a IU: o Protection, Amount, Frequency, Adjustmentand Body image (PRAFAB), o The 3 Incontinence Questions (3IQ) e o International Consultation Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF); realizou-se ainda exame físico individual com avaliação bidigital da MAP contando com a escala AFA e o esquema PERFECT. No segundo atendimento realizou-se o padtest de uma hora. A anamnese foi feita por meio de uma ficha de avaliação contendo informações sobre idade, tipo de IU, quantidade de perda de urina, situação atual dos sintomas, número de gestações, índice de Massa Corporal (IMC) e tempo dos sintomas. O PRAFAB foi utilizado para quantificar a severidade da perda de urina através de 5 perguntas sobre produtos de proteção, quantidade de urina perdida, frequência com que perde urina, ajustes nas atividades de vida diária (AVD) e imagem corporal relacionados a IU com a pontuação mínima de 5 e a máxima de 20. Se a pontuação final fosse menor que 14 pontos era considerada “não severa” e se fosse igual ou maior que 14 era “severa”. O 3IQ foi usado para identificar o tipo de IU com apenas três questões gerando as seguintes classificações: IUE, IUU ou IUM. O ICIQ-SF foi usado para avaliar o impacto da IU na vida da paciente com perguntas sobre a frequência que perde urina, a quantidade urina perdida e o quanto a perda urina afeta a vida diária apresentando uma pontuação que varia de 0 a 21 e com a classificação final de “nenhum impacto” se for 0, “impacto leve” se for de 1 a 3, “impacto moderado” de 4 a 6, “impacto grave” de 7 a 9 e “impacto muito grave” quando for maior ou igual a 10, para completar essa avaliação  ao fim questionou-se em quais situações essas mulheres perdiam urina. As pacientes foram reavaliadas após a realização de 10 atendimentos fisioterapêuticos. A análise estatística foi feita por meio do teste t de Student. O tratamento baseou-se na individualidade de cada paciente, foram realizados alongamentos da musculatura da pelve, exercícios de mobilidade do quadril, exercícios para o fortalecimento das fibras de contração rápida e contração lenta da MAP todos associados a respiração diafragmática. Conforme a paciente fosse evoluindo o tratamento incluía a contração da MAP associada às atividades de vida diária como subir escadas, agachamento, sentar e levantar. Resultados: O tipo de IU mais relatada foi de esforço seguida pela de urgência. A média (28,8±6,84) do Índice de Massa Corporal (IMC) das participantes as classificaram com sobrepeso. A média de partos normais entre as participantes foi maior se comparada à de cesáreas fator esse que influencia diretamente no surgimento da Incontinência Urinária. Durante a avaliação, 41,66% (10) das participantes relataram perder urina na forma de jato e gotas tal dado reduziu na reavaliação para 0% na forma de jato e 16,66% (4) em gotas. Também na reavaliação 66,66% (16) das participantes informaram a melhora dos seus sintomas após o tratamento de fisioterapia e nenhuma relatou piora. Sobre a força da musculatura do assoalho pélvico (AFA) as pacientes evoluíram de uma média de 2,41±0,70 para 3,28±0,75, o que significa que elas possuíam inicialmente uma função perineal débil e ao final das sessões essa função tornou-se objetiva. No esquema PERFECT o resultado dobrou da avaliação para a reavaliação nos seguintes níveis: endurence, repetições e contrações rápidas, o que revela a melhora da propriocepção e da contração mantida. Houve uma redução na média da quantidade de perda de urina medida no Pad Test de 6,57±11,46 gramas na avaliação inicial, para 2,73±5,04 na reavaliação. As participantes desta pesquisa possuem uma média de convivência com os sintomas (50 meses) maior se comparada as demais pesquisas que apontaram mulheres com 36 meses com os sintomas da incontinência urinária antes de ter seu diagnóstico médico estabelecido. Conclusão: Observou-se nesse estudo que a Fisioterapia Pélvica é eficaz enquanto tratamento conservador e de baixo custo da incontinência urinária melhorando o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico o que refletiu diretamente na melhora da qualidade de vida, percepção de saúde dessas mulheres ao realizar as suas atividades do dia a dia.