Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Distribuição espacial do COVID-19 no Brasil e a importância do mapeamento no planejamento e gestão em saúde
Fabiana dos Santos Paixão, William José Móchel dos Santos, Drieli Pereira Sangi, Wagner Carrupt Machado, Roberta Ribeiro Batista Barbosa, Luciana Carrupt Machado Sogame

Última alteração: 2021-12-21

Resumo


Apresentação: Em dezembro de 2019 a cidade de Wuhan na China destacou-se por uma série de casos da nova Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARSCoV-2) causada pelo Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), tendo como principais sintomas: febre, tosse seca e cansaço. A doença respiratória infecciosa se disseminou rapidamente por vários países, sendo registrado o primeiro caso no Brasil em janeiro de 2020, tornando-se um problema de saúde pública, e em torno de dois meses, transformou-se em uma pandemia. Desde a sua descoberta, foram confirmados 172.987.511 casos e um total de 3.721.736 mortes no mundo, e o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking com maior número de casos acumulados (16.907.425) até 05 de junho de 2021.

Com o avanço progressivo da doença tornaram-se necessárias algumas ações de prevenção não farmacológicas como: distanciamento social, uso de máscaras, higienização das mãos, determinar restrição nos horários de abertura e fechamento do comércio, no funcionamento do transporte público e no fechamento de estabelecimentos não essenciais. Para enfrentar esses desafios de forma assertiva, os gestores necessitam de instrumentos que demonstrem os indicadores e parâmetros que norteiem a tomada de decisão mais adequada buscando evitar o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS).

O mapeamento é realizado por meio de um conjunto de “tecnologias para coleta, armazenamento, edição, processamento, análise e disponibilização de dados e informações com referência espacial geográfica”. Sendo essa, uma ferramenta de fácil interpretação que identifica onde ocorrem determinados fenômenos, possibilitando, dessa forma, avaliar e identificar os diversos contextos de territórios e fornecer informações que auxiliem na assistência à saúde mais adequada para a população.

Diante disso, o objetivo de nosso trabalho é verificar distribuição espacial do COVID-19 no Brasil e a importância do mapeamento no planejamento e gestão em saúde.

Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa documental com registro do número total de casos de COVID-19 existentes no Brasil até a semana epidemiológica (SE) 22 (05/06/2021).  A busca realizou-se nas bases de dados: SciELO, PubMed e Google acadêmico, utilizando os descritores: COVID-19 e Gestão em Saúde e a palavra-chave mapeamento. Além disso, foram consultados livros e sites oficiais do Governo Federal. O critério de inclusão foram artigos publicados entre 2010 e 2021, sendo inicialmente selecionados os títulos, seguido dos resumos que mais se identificavam com a pesquisa, além da seleção de um livro, dois Boletins Epidemilógicos (BE) e o Tutorial para elaboração de mapa no Quantum Geographic Information System (QGIS) versão 3.16. Foram excluídos artigos repetidos nas bases de dados e os textos com acesso restrito. Especificamente para apresentar os resultados deste estudo, escolhemos o tipo de mapa temático coroplético, que utiliza dados quantitativos com a legenda ordenada em classes e graduada em cores que se exibem mais intensas à medida que os valores estabelecidos aumentam. Para confecção dos mapas, utilizamos o programa computacional QGIS 3.16. O arquivo digital do mapa com a divisão político- administrativa do Brasil foi obtido no portal de mapas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage). Para coleta de dados foi acessado o Painel de casos de COVID-19 do Ministério da Saúde (https://covid.saude.gov.br/) e baixado o Arquivo CSV. Os dados foram analisados de forma descritiva e espacial. Sendo a última realizada através de mapas coropléticos por Unidade Federativa (UF). Este estudo dispensa aprovação prévia do Comitê de Ética em Pesquisa, já que os dados utilizados são de domínio público.

Resultados e/ou impactos: O Brasil apresentou 472.531 óbitos por COVID-19 até o final da SE 22 (05/06/2021). O mapa 1 representa o acumulado de óbitos por COVID-19 no Brasil, sendo que os tons mais quentes representam as regiões onde se registrou o maior número de óbitos como nos estados de São Paulo-SP (114.192), Rio de Janeiro-RJ (51.508), Minas Gerais-MG (41.479), Rio Grande do Sul-RS (28.765), Paraná-PR (27.018) e Bahia-BA (21.707).

Podemos observar que as regiões onde o número de óbitos é mais expressivo são as mesmas que concentram a maior parte da população, principalmente em áreas urbanas, onde as variáveis demográficas e espaciais de vulnerabilidade se fazem presente. Conhecer os indicadores de vulnerabilidade social no contexto pandêmico permite identificar e priorizar grupos com alta vulnerabilidade, além de orientar e adaptar intervenções visando essa população.

O mapa 2 mostra os óbitos novos por COVID-19 no Brasil, encerrando a SE 22 com um total de 11.474 novos óbitos, com destaque para o maior número nos estados de SP (3.069), MG (1.217), RJ (958), RS (660), PR (648) e BA (633).

Comparado esses resultados com a SE 21 (12.849 óbitos) verificou-se uma diminuição de 11% (diferença de 1.375 óbitos) na quantidade de novos óbitos. As regiões com o número de óbitos novos representados no mapa 2, mostra praticamente as mesmas regiões afetadas no mapa1, com alterações nas regiões norte e nordeste, mas mantendo nas áreas com maior densidade populacional os maiores registros. A pandemia do COVID-19, principalmente em países com desigualdades sociais e econômicas como o Brasil exige reorganização da sociedade.

O mapa 3 representa os casos acumulados do COVID-19, com destaque para os estados de SP (3.355.201), MG (1.616.876), PR (1.115.638), RS (1.109.976), BA (1.032.454) e SC (983.333) com o maior número de casos acumulados.

Nos resultados apresentados, nota-se a elevada disseminação no contexto nacional atingindo as periferias que sofrem devido à densidade de habitantes dos estados mais populosos trazendo precariedade na saúde. As desigualdades históricas estabelecem variadas limitações ao acesso das tecnologias em saúde, agravando o impacto negativo sobre a população vulnerável com o aumento dos riscos dos determinantes sociais, e por consequência, aumento de doenças e mortes.

O mapa 4 traz o número de casos novos por COVID-19 no Brasil, que ocupa o segundo lugar no mundo com 435.825 casos na SE 22. Como podemos visualizar no mapa, as UF que registraram os maiores números de novos casos são, SP (100.308), MG (52.676), RS (27.230), PR (25.861), Ceará-CE (24.957) e RJ (24.411).

Na atual conjuntura pandêmica, é necessário recorrer a instrumentos que podem auxiliar no planejamento e na gestão de políticas públicas focada na distribuição mais equânime dos serviços de saúde.

Considerações finais: Diante do exposto, é possível verificar a distribuição espacial dos números de óbitos e casos do COVID-19 nas UF do Brasil por meio do mapeamento realizado com a utilização do Sistema de Informações Geográficas gratuito denominado QGIS. Esta tecnologia possibilita agregar dados geográficos e não geográficos de diferentes fontes associados ao indivíduo, à coletividade com aspectos próprios de território e organização, e, dessa forma, contribuir para uma análise criteriosa de eventos no território, nortear a identificação de agravos de saúde, apontar tendências da pandemia, ajudar a monitorar os indicadores e direcionar os gestores na tomada de decisão, bem como a intervenção mais adequada. Por isso, o mapeamento é de suma importância para o planejamento e gestão em saúde para o enfrentamento do COVID-19, pois, permite fácil interpretação, bem como identificar onde ocorrem determinados fenômenos, relacionar a outras variáveis, procurando vínculos e relações entre elas, e, por fim, decidir em que ponto e como intervir. Portanto, o mapeamento possibilita, dessa forma, a atuação de forma rápida e assertiva no controle da atual pandemia e das próximas que ainda podem surgir, o que pode mitigar tragédias humanitárias como a qual vivemos nos últimos dois anos.