Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FORMAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM BASEADA NO USO DE METODOLOGIAS ATIVAS: EXPERIÊNCIA DOS INSTRUTORES
Ingrid da Silva Souza, Fernanda Francisca Ferreira Bastos, Mayra de Oliveira Chaves, Natália Biassi Bastos, Lucília Nunes Alves Cândido

Última alteração: 2022-01-31

Resumo


O uso de metodologias ativas permite a ampliação de criticidade do conhecimento adquirido ao longo do tempo na formação em saúde. Durante o período pandêmico e com as adaptações realizadas entre as instituições de ensino profissionalizante foi necessário pensar em estratégias de garantia da qualidade de conteúdo bem como aliar o mesmo a prática profissional. Nesse sentido, utilizou-se o uso de metodologias ativas principalmente a aprendizagem baseada em problemas, ABP como meio fundamental de inserir o aluno no seu contexto de conciliação do ensino teórico-prático com as relações do seu cotidiano.

Mediante o que foi exposto, o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência de instrutores de ensino técnico em Enfermagem no uso de metodologias ativas na formação de seus alunos, principalmente no entendimento dos impactos de ações em saúde oferecidas a comunidade.

É necessário que tenhamos profissionais da enfermagem atentos as necessidades das pessoas. Para tento, ter uma formação pautada em novas metodologias, que valorizem o trabalho coletivo e colaborativo, que incluam as tecnologias, permitem ao estudante a reflexão e criticidade sobre o contexto que o cerca.

Vários autores como Paulo Freire, John Dewey e Lev Vygotsky defendem que é possível ter uma aprendizagem significativa baseada no cotidiano do aluno integrado ao conhecimento entre o mesmo e quem o instrui. No caso da formação profissionalizante é necessário entender qual realidade atual dos alunos para introduzir um ponto de partida na compreensão de seus conteúdos de grade curricular e assim melhorar sua percepção para o futuro mercado de trabalho.

Dewey foi o primeiro a formular o novo ideal pedagógico baseado na ação e não pela instrução -learning by doing- ou o aprender fazendo.  O mesmo, defendia que a escola deveria ser um ambiente de experiências instigadoras em que o professor deve ser o incentivador.

Sob esta perspectiva, a escola deve ser um espaço de descobertas para que o aluno busque e construa seu aprendizado. Pressupõe um processo de ensino aprendizagem a partir de experiências concretas, ativas e produtivas de cada discente.

Por serem elaboradas com baixo custo, as metodologias ativas podem trazer essa inserção dos alunos na realidade de trabalho de uma forma mais dinâmica, saindo um pouco da realidade de formação em saúde que até então era biologista do que abarcando o indivíduo e suas coletividades de modo mais integral.

Ademais, essa nova percepção treina o aluno no desenvolvimento da autonomia e em novas formas de aprendizagem, sendo estas, características fundamentais para o profissional de saúde atual, uma vez que o mesmo tem que estar em constante atualização pois o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo.

Ainda sobre essa perspectiva, a aprendizagem baseada em problemas, conhecida também como PBL (Problem Based Learning) em inglês, tem como intuito se voltar para a aquisição do conhecimento por meio da resolução de situações, neste caso, na experiência que será abaixo relatada, na resolutividade de compreensão dos principais impactos da baixa adesão de mulheres aos exames de colo de útero e mama, principalmente durante uma ação em saúde realizada na unidade de ensino.

No mês de outubro, cerca de 30 alunos, divididos em duas turmas e três blocos se reuniram para realizar uma ação em saúde com orientações sobre o exame Papanicolau, das mamas e o acompanhamento de doenças crônicas não transmissíveis no público feminino. Foram realizados cerca de 80 atendimentos onde posteriormente houve a montagem de um mapa de discussão dessa situação e observou- se que:

  • As mulheres atendidas em mais 60 % alegavam que não faziam acompanhamento de seus exames por conta da incompatibilidade da carga horária das mesmas com o serviço de saúde;
  • Mesmo quando estavam disponíveis as ofertas de serviços, elas eram pouco orientadas sobre o seu estado de saúde, o que muitas das vezes diminuía sua frequência nesse tipo de procedimento.
  • Há pouco entendimento sobre os fatores de risco dessas patologias entre a população feminina.

Com a realização da ação que foi resumida em: orientar as mulheres sobre a prevenção do câncer de mama e colo de útero e como as comorbidades influenciam isso, desenvolveu-se algumas inquietações nos alunos: O que nós enquanto técnicos de Enfermagem podemos fazer na busca ativa para detecção precoce desse tipo de patologia no sexo feminino? Como incentivá-las em uma participação mais ativa na busca por soluções dos problemas apresentados?

Logo após os questionamentos, os alunos discutiram que a melhor maneira de incentivar o público alvo é através da participação social e nesse momento foi aproveitado o momento para se revisar os princípios do Sistema Único de Saúde e a contribuição dele na resolutividade da maioria dos casos apresentados dentro da ação.

Percebeu-se que essa estratégia acima mencionada seria um ótimo norte para a compreensão de alguns conteúdos de maior complexidade de conhecimento durante o processo de formação uma vez que ela possibilita contribuições de educandos e educadores no processo de ensino- aprendizagem a partir do pressuposto do entendimento de como a realidade do serviço de saúde local pode influenciar na qualidade de vida da população bem como ser uma ferramenta de melhoria contínua para a instância responsável pelo mesmo.

Aliada a isso, foi desenvolvida também uma nova conformação de estudos dirigidos, sendo estes, elaborados através de casos já vivenciados pelos alunos a medida que os conteúdos eram abordados e discutidos, tornando-os mais críticos frente as condutas a serem tomadas mediante os problemas apresentados.

Sendo assim, as contribuições das metodologias ativas no ensino técnico da área da saúde vão muito além do que colocar o aluno inserido na realidade da qual ele irá trabalhar em paralelo a que ele vive, elas perpassam o conhecimento científico e formam profissionais capazes de serem mais críticos não só para o fator de adoecimento da população mas sim as motivações que levam as relações e problemas a serem como são e incentiva os mesmos em uma busca de melhora contínua não só nos estudos mas também como cidadão.