Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Elaboração de um Projeto Terapêutico Singular para um caso de violência como estratégia de educação em saúde
Mariane Rabelo Coelho Fernandes, Ana Beatriz Amorim Nunes, Elis Machado Carbonell Dominguez, Gabrielle de Ávila Augusto, Giovani Mendola Perobelli, Rafaela Pereira Anelvoi, Jéssica Bruna Borges Pereira, Mariana Hasse

Última alteração: 2021-12-21

Resumo


Apresentação: O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas terapêuticas articuladas - de caráter clínico ou não - que pode ser realizado para um indivíduo, família ou grupo de pessoas, tendo a singularidade como centralidade no processo de elaboração. Geralmente, é utilizado para casos complexos, em que as vulnerabilidades existentes exigem atenção interdisciplinar e o acionamento de diversos recursos. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de acadêmicos de Medicina com a elaboração de um PTS a partir de um caso de violência. Desenvolvimento do trabalho: Durante o componente curricular de Saúde Coletiva II são abordados os tipos de violência, suas manifestações, importância do trabalho em rede e ações básicas para o acolhimento das vítimas. Para o desenvolvimento de competências éticas e técnicas relacionadas à produção do cuidado, requisitou-se aos estudantes a elaboração de um PTS a partir de um caso de violência. Em uma aula expositiva, os passos para elaboração do PTS foram discutidos e um roteiro com elementos chave a serem abordados foi disponibilizado: queixa manifesta; histórico familiar e necessidades identificadas pela equipe; hipóteses diagnósticas; objetivos do PTS; vulnerabilidades da(s) vítima(s); genograma e ecomapa; ações de curto, médio e longo prazo; profissionais envolvidos e reavaliação. Após a divisão da turma em pequeno grupos e disponibilização dos casos, foram realizadas duas reuniões individuais com cada grupo para orientação sobre a construção do trabalho. Por fim, foi feita a apresentação e discussão do PTS elaborado, momento em que as docentes avaliaram os pontos abordados no PTS e elucidaram as dúvidas restantes. Resultados: A complexidade da vida dos sujeitos em situação de violência é grande e garantir um trabalho intersetorial – apesar de ser fundamental -, não é algo simples. Além do uso da ferramenta do PTS em si, a tarefa permitiu aprofundar o conhecimento sobre leis, políticas e dispositivos existentes para o cuidado a pessoas em situações de violência. Ela facilitou o processo de aprendizagem sobre a construção de uma abordagem clínica ampliada e contribuiu para o desenvolvimento de habilidades de comunicação entre os estudantes – que precisaram negociar pontos de vista e discutir dados de políticas públicas. Além disso, permitiu a aplicação de ferramentas de abordagem familiar (genograma e ecomapa) e o entendimento sobre sua importância para a comunicação com a equipe e serviços da rede. Por fim, a atividade favoreceu discussões sobre gestão e estratégias para o acionamento de recursos que auxiliam no processo de acolhimento e cuidado integral. Considerações finais: A elaboração do PTS apresentou-se como um método de aprendizagem útil, visto que facilitou a compreensão da diferença de uma abordagem clínica biomédica de uma abordagem ampliada, que reconhece a complexidade do sujeito, suas vulnerabilidades e potencias. O PTS, por ser uma ferramenta de produção do cuidado, mas também de gestão dos processos de trabalho, quando utilizado como ferramenta de ensino, contribui para a formação de profissionais humanizados e bem articulados, que reconhecem a importância da intersetorialidade e de estratégias dialógicas de acolhimento dos indivíduos que procuram a rede de atenção à saúde.