Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Cuidados às mulheres e crianças na pandemia da COVID-19: Práticas de Psicólogas na Atenção Primária à Saúde
Clara de Oliveira, Mylena Matos da Cunha Mascarenhas, Raíza Ormundo Costa, Camila Barreto Bonfim

Última alteração: 2021-12-20

Resumo


O período da pandemia acarretou mudanças nos serviços de saúde impactando na continuidade do processo de cuidado de seus usuários. Os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) continuaram com o acolhimento nessa emergência de saúde global. Entretanto, as mulheres e crianças apresentaram vulnerabilidades que se agravaram durante a pandemia, com isso, a psicologia na APS contribui para construir um cuidado integral, junto a esse grupo. Esse artigo visa compreender a atuação de psicólogas(os) da APS junto às mulheres e crianças na pandemia de COVID-19, em Salvador-BA. Trata-se de um estudo qualitativo realizado com 9 psicólogas atuantes em Unidades Básicas e/ou Saúde da Família em Salvador-BA, composto por três etapas, a saber: estudo piloto, aplicação de questionário online e entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 4.430.970). A partir da análise do material investigado, tem-se o perfil sociodemográfico das(os) psicólogas entrevistadas, sendo a maioria autodeclarada negra (5); mulheres (8); média de idade de 40 anos. Quanto ao perfil socioprofissional, os dados apontam que todas(os) as(os) respondentes são estatutárias(os); a maioria se graduou em uma instituição pública (8) e tem experiência anterior no SUS (6). Os resultados mostraram que, de acordo com as entrevistas, grande parte da população atendida é negra e vulnerável. No que diz respeito à atuação psicológica com este grupo, o cuidado teve que se adaptar ao distanciamento social, assim, estabeleceram-se estratégias de acesso à usuária, principalmente relacionadas ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como: grupo terapêutico virtual; busca ativa e comunicação via redes sociais, como o Whatsapp; e atividades semipresenciais. Apesar disso, relatou-se a falta de acesso às TIC por parte tanto de algumas usuárias, quanto dos profissionais da APS, os quais precisam, muitas vezes, dividir o mesmo equipamento. Outra adversidade relacionada ao uso das TIC que se faz importante salientar é a dificuldade em alcançar uma usuária vítima de violência, posto que, por vezes, o agressor rastreava ou controlava o uso de smartphones e redes sociais, limitando o acesso da(o) psicóloga(o) a esta mulher. Destaca-se o pré-natal como uma ação importante nas unidades, mesmo durante a pandemia. Já com o público infantil, ocorreu escuta e orientação com as mães sobre questões do desenvolvimento da criança considerando a dificuldade de adaptar a intervenção, que antes era de maneira lúdica, para um contexto virtual. Assim, com esse atendimento defasado às crianças, os profissionais pontuaram que não foi possível manter as consultas de puericultura, espaço fundamental para acompanhamento do desenvolvimento infantil. Tais resultados retratam desafios vivenciados pelos profissionais no que diz respeito a continuidade do trabalho no período da COVID-19. Isso sinaliza a importância da Psicologia criar, aprimorar e adequar novas formas de atuação consoante a realidade presente na APS e territórios.