Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PREVENÇÃO DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - APLICAÇÃO DE ATIVIDADE EM SALA EM PARCERIA COM PSE, NA PERIFERIA DE VITÓRIA.
Maria Eduarda Feu Rosa Nacif Nicolau, Maria Eduarda Carvalho Bichara, Gabriela Fonseca Nascimento, Mariana Kuster de Freitas, Nathália Soares Barbosa, Victória Vilhagra Rocha, Samilla Sousa Cordeiro

Última alteração: 2022-01-10

Resumo


 

Introdução: A adolescência é um período que se estende dos 10 aos 19 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. A gravidez nessa fase da vida vem sendo considerada um problema de saúde pública em alguns países, uma vez que põe em risco a saúde da mãe e do filho, sendo associada a problemas psicológicos e econômicos. Em relação à evolução da gestação, por exemplo, pode ocorrer anemia materna, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária, prematuridade, placenta prévia, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal agudo intra-parto, complicações no parto (como hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência de incisões, dificuldade para amamentar, entre outros). Nesse viés, torna-se relevante mencionar os fatores que normalmente estão associados com a gravidez na adolescência, como a pobreza, a evasão escolar, o desemprego, o ingresso precoce em um mercado de trabalho não-qualificado, a separação conjugal, as situações de violência e negligência, a diminuição das oportunidades de mobilidade social, além dos maus tratos infantis. Está bem evidente que para a ocorrência da gestação precoce, duas situações se fazem presentes: a vida sexual ativa e a mal utilização de preservativos. Contudo, a solução da problemática delimitada por esse contexto está além de oferecer informações sobre o uso dos métodos contraceptivos. Paralelo a isso, deve ser trabalhado em conjunto, os significados e as ansiedades que estão envolvidos nas relações interpessoais desenvolvidas pelos adolescentes, como também, as consequências de uma gravidez e da maternidade, para que as práticas preservativas possam ser percebidas como algo natural, essencial e positivo. Portanto, é preciso fomentar um diálogo de caráter educacional nesse âmbito da saúde, levando em consideração os aspectos do ser humano defendidos por Paulo Freire em suas obras, ou seja, os lados biológico, psicológico, social e espiritual. O objetivo geral deste artigo é relatar o processo de conversa sobre a gravidez na adolescência com adolescentes da periferia de Vitória, Espírito Santo, Brasil. Assim, abordando o impacto que a gestação precoce acarreta à vida das adolescentes, em especial as adolescentes mulheres, a responsabilidade de uma gravidez e métodos contraceptivos oferecidos pelo SUS. Tal tema foi recorrente e solicitado por parte da estrutura pedagógica da escola pública e básica onde o projeto foi realizado. Os objetivos específicos constituem em: aproximar os adolescentes da UBS da região; desenvolver atividade na escola parceira; explicar como funcionam os métodos contraceptivos; estimular a prevenção da gravidez e sanar possíveis dúvidas; estimular a priorização da conclusão do ensino fundamental e médio por parte dos estudantes; fomentar sonhos e futuros prósperos. Com este estudo objetiva-se alcançar uma mudança na situação informada pela equipe pedagógica,  de que há um alto índice de gravidez na adolescência na comunidade.  Podendo, assim, pensar o estudo como um mecanismo de apoio para que os adolescentes consigam finalizar de maneira integral o ensino fundamental e médio. Materiais e Métodos: Trata-se de um relato de experiência. O presente trabalho foi desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde. Abordou-se o tema sobre a prevenção da gravidez na adolescência e foi feita uma apresentação para os alunos na faixa etária de 12 a 16 anos (Ensino Fundamental I), estudantes da Escola parceira da UBS trabalhada. Durante a atividade, utilizou-se slides que trabalhavam a temática de forma lúdica e dinâmica. A conversa iniciou-se por meio de um jogo de mitos e verdades - composto por frases muito comuns e usadas rotineiramente pela população sobre o tema. Cada estudante recebeu um papel para que fossem registradas suas suposições. Posteriormente, cada frase era justificada e explicada para agregar mais conhecimento e informações na vida de cada estudante. Após a finalização da dinâmica, uma caixa de perguntas foi dada aos alunos para que - de forma anônima - cada um colocasse uma dúvida sobre o tema. Acrescentou-se uma breve explicação sobre o uso dos métodos contraceptivos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde e pela UBS da comunidade, sendo demonstrado para os alunos como usar e colocar de modo adequado a camisinha feminina e masculina, sem que haja prejuízo de sua funcionalidade. Ademais, foi esclarecido sobre o uso do método da tabelinha e seus riscos, do Dispositivo Intrauterino (DIU), de anticoncepcionais orais e por injeção - complementando, pois, o assunto abordado no jogo de mitos e verdades -, além de incentivar a consulta com o ginecologista ou urologista e o médico da família, exemplificando sua importância. Vale ressaltar que além de demonstrar a importância dos preservativos na prevenção da gravidez, frisou-se que esses são os únicos métodos anticoncepcionais que também previnem doenças sexualmente transmissíveis. Ao final, foi aberta uma roda de conversa para que as dúvidas da caixa de perguntas fossem respondidas e novas pudessem surgir. Resultados: A porcentagem alta de acertos na atividade de “Mitos e Verdades” e os questionamentos feitos pelos  alunos durante a realização do trabalho, evidenciam que o tema prevenção da gravidez na adolescência é um assunto conhecido pelos alunos, porém que deve ser mais trabalhado. Por meio do jogo realizado e da caixa de perguntas utilizada, foi possível perceber que a minoria dos jovens possuía domínio sobre os métodos contraceptivos acessíveis, a gravidez e as relações sexuais. A maioria demonstrou desconhecer métodos como a tabelinha e o anticoncepcional oral, além de quais tipos de relações sexuais (sexo oral, sexo anal ou vaginal) podem provocar a gravidez ou não. Vale enfatizar ainda, que surgiram muitas dúvidas acerca da menstruação, do momento em que há o rompimento do hímen e da masturbação, exclusivamente da masculina. Além disso, muitos alunos demonstraram não conhecerem ou saberem pouco sobre as profissões como ginecologista, urologista e o médico da família e assim, se sentirem pouco confortáveis em buscarem seu auxílio.  O interesse dos estudantes do ensino fundamental I em entender sobre métodos contraceptivos, saúde sexual e planejamento familiar e a sua participação ativa nas atividades interativas foram extremamente positivos, o que atesta a importância da abordagem da “gravidez na adolescência” em âmbito escolar e ressalta o impacto do diálogo e das atividades interativas para a construção do conhecimento ativo e da prevenção da gravidez na adolescência. Torna-se importante ressaltar que o grupo de estudantes, em conjuntos com os profissionais que as auxiliaram durante todo o projeto, conseguiram transmitir as informações necessárias e essenciais para a compreensão dos alunos sobre o tema abordado, de forma que estes manifestaram, a partir da roda de conversa, absorção e compreensão da informação. Ademais, puderam aprender mais sobre a unidade básica de saúde que frequentam e a escola parceira, estudando então assim, as reais necessidades dessa comunidade e qual a melhor maneira de trabalhar a educação em saúde com ela. Considerações finais: Por intermédio das dinâmicas realizadas, das informações fornecidas sobre o tema Prevenção da gravidez na adolescência e da participação ativa dos alunos no trabalho, é possível relatar que os conhecimentos transmitidos são compreendidos pelos alunos, de forma a gerar um impacto positivo no domínio dos estudantes sobre o assunto e em seus planejamentos familiares. Assim, denota-se que é de fundamental importância que esse tema esteja presente na educação dos alunos do Ensino Fundamental I, quando se objetiva a promoção de  melhorias na qualidade de vida da comunidade e na saúde pública.