APRESENTAÇÃO

A regulação do acesso à assistência, tem como meta a organização, o controle, o gerenciamento e a priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Na gestão, o processo regulatório favorece a resolução dos casos que exigem coordenação do cuidado, permitindo também o conhecimento mais aprofundado e dinâmico desta rede, conferindo racionalidade com vistas à garantia de acesso oportuno.

É de responsabilidade da Atenção Primária à Saúde (APS) o gerenciamento dos fluxos advindos desse processo regulatório, assim como as ações de coordenação do cuidado e busca pela longitudinalidade. Para essa atribuição, as unidades contam com as equipes de saúde para articulação e comunicação com os demais serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS).

A APS Santa Marcelina é OSS contratualizada com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo pela gestão de serviços de saúde em 5 microrregiões da zona leste, compreendendo Itaquera, Cidade Tiradentes, Guaianases, São Miguel Paulista e Itaim Paulista. Possui em seu escopo 105 estabelecimentos, 134 de serviços de saúde (ESF, EAB, AMA, PA, UPA, AE, AMA Especialidades, HD, HD 24h, APD, PAI, URSI, EMAD/ EMAP, CER, CEO, RT, CAPS), 10.539 colaboradores contratados e atende uma população de 1.824.036 pessoas.

A instituição adotou a estratégia de times com a finalidade de aperfeiçoar o trabalho de forma mais produtiva e eficiente. O Time “Regulação” da coordenação da APS Santa Marcelina é composto por profissionais das áreas estratégicas e realiza gestão de dados dos serviços da instituição por meio de um Business Inteligence (BI) próprio, o qual dinamiza a análise da redução das filas de espera de forma longitudinal, o matriciamento das equipes e consequentemente a qualificação da assistência prestada.

Essa ação se estende às unidades de saúde sob sua responsabilidade, onde são organizados “times locais” com a extensão do trabalho da coordenação, compostos por profissionais do próprio serviço de saúde, dentre eles o gerente, responsável técnico médico, enfermeiro e dentista, equipe multiprofissional e escriturário administrativo.

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Com o intuito de fortalecer os “Protocolos Municipais de Regulação” a fim de garantir e monitorar o processo de captação, inserção, cancelamento de vagas e requalificação de filas de espera no âmbito do SUS, viabilizando recursos necessários à assistência ao usuário, no tempo oportuno foi proposto um plano de ação estratégico às unidades.

As ações preconizadas foram: Garantir espaços de discussão entre os profissionais dos serviços de saúde, a fim de fortalecer a atuação dos “times locais” de regulação; favorecer maior integração entre os níveis de atenção à saúde para a qualidade da transição da assistência, referência e contrarreferência, de forma a fortalecer a coordenação do cuidado na atenção básica;  qualificar os processos de trabalho locais, assistenciais e administrativos, através da padronização de métodos organizacionais e implementar pautas de regulação pertinentes ao diagnóstico realizado previamente no cenário institucional e maior aproximação das capacitações médicas, com base nos estudos das filas de espera.

O Time de Regulação Institucional preconiza que o Time de Regulação Local capacite a equipe, monitore as filas de espera e encaminhamentos, fortaleça o uso dos Protocolos e Orientações Técnicas para o alinhamento contínuo dos fluxos internos e processos de trabalho da Regulação.

Recomenda-se que ocorram reuniões mensais dos Times Locais, das quais membros do Time Institucional participam anualmente, verificando sua efetivação e processo de trabalho.

Em 2021 foi realizado alinhamento com os times locais, onde foi preconizada a construção de Plano de ação trimestral com reavaliação e análise gerencial mensal, os quais seriam direcionados à instituição, com objetivo de manter um método longitudinal, único, impessoal, evitando estratégias descontinuadas e/ou fragmentadas, tendo como eixo mínimo de discussão as temáticas a seguir: .As três maiores Filas de Espera 1ª vez ou retorno; análise de resolutividade por profissional encaminhador da atenção básica e da atenção especializada mediante número de altas; análise dos pacientes por tempo em fila de espera; gestão do Cuidado x Perfil de Fila de Espera x Planejamento Local e classificação Internacional de Doenças (CID) inconsistentes.

Estrategicamente, os dados norteiam as reuniões do time local, contribuindo com pensamento linear e coeso para alcance das "metas" estabelecidas, assim como possibilidade de reavaliação em tempo hábil, quando ocorrer intercorrências.

O “time de regulação institucional da APS Santa Marcelina” e os “times de regulação locais” mantém contato ativo e matricial, com canal aberto via e-mail, telefone e visita técnica para dúvidas e sugestões.

A instituição preconiza que as unidades de saúde requalifiquem as filas de espera semestralmente na rotina, bem como nas consultas agendadas, considerando reavaliar o usuário quanto a necessidade de permanecer ou não na fila de espera, com base nos protocolos das especialidades e exames.

Dentre as atividades desenvolvidas pelo escriturário administrativo da regulação, temos a barreira e possibilidade de correção de possíveis inconsistências e requalificações administrativas, através de contato telefônico para captar informações relevantes referente à óbitos, mudanças de município e resolução do quadro.

Paralelamente às estratégias descritas, o time institucional, divide-se em duplas compostas por um médico e um apoiador que acompanham os processos de trabalho, com cronograma mensal,  realizando reuniões de análise das filas de espera por especialidade, verificando os serviços com maiores filas, profissionais com menor resolutividade, inconsistências de CID e necessidade de capacitação. Além disso são promovidas reuniões mensais com os médicos da instituição, onde são realizados matriciamentos mediante os resultados encontrados, priorizando melhoria na cuidado e autonomia técnica para direcionamento assertivo e requalificação das filas de espera com equidade.

Para dar continuidade ao investimento houve a atualização do “Protocolo Operacional Padrão do Time da Regulação” para “Manual Institucional” visando o alinhamento e direcionamento em todos os serviços no que diz respeito aos processos de trabalho da regulação.

RESULTADOS

Houve a expressiva redução de 123.754 pessoas entre  junho 2020 até agosto de 2021 nas filas de espera das unidades sob gestão da APS Santa Marcelina, (exceto as filas de espera sob a responsabilidade do complexo regulador da Coordenadoria Regional de Saúde Leste) partindo de 214.138 para 90.384.

A média mensal de encaminhamentos aos serviços de especialidades para exames, cirurgias e consultas no mesmo período sofreu queda de 36.019 pessoas para 31.744 pessoas. O número de vagas captadas nos meses relatados apresentou aumento de 36.513 para 38.736 agendamentos, demonstrando que não houve impacto na fila por número de agendamentos realizados, mas sim pelo trabalho das requalificações e melhoria no atendimento prestado à população evidenciando ainda que as capacitações realizadas, proporcionaram ampliação da autonomia técnica, resolutividade e redução de inconsistências nas filas de espera.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pandemia de COVID-19 foi um dificultador no âmbito da saúde, porém a dedicação e recursos advindos deste período tais como as tele consultas e as reuniões de educação permanente via WEB, mantendo matriciamento das equipes atuaram como facilitadores. As avaliações mensais de especialidades em fila de espera realizadas pelo “Time institucional” viabilizaram investimentos personalizados diante das diferentes necessidades dos serviços.

Foram muitos os esforços para o alcance dos resultados obtidos e neste sentido, a instituição parceira Santa Marcelina trabalha, junto aos seus colaboradores com a missão de buscar a excelência assistencial à luz dos valores éticos, humanitários e cristãos, capacitando os colaboradores, monitorando indicadores e filas de espera de forma a oferecer um cuidado integral e longitudinal aos usuários do SUS.