Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-07-18
Resumo
Apresentação: Este trabalho tem por objetivo caracterizar o perfil técnico-profissional dos gestores municipais da Política Nacional de Alimentação e Nutrição no Estado de Alagoas e seu envolvimento nas ações de enfrentamento da obesidade.
Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo transversal descritivo cuja coleta dos dados ocorreu entre dezembro de 2020 e setembro de 2021. Foram considerados elegíveis para a pesquisa todos os gestores municipais responsáveis pela administração dos recursos e/ou ações voltadas para a execução das ações de alimentação e nutrição e promoção da saúde na atenção primária presentes nos 102 municípios. Os gestores responderam a um formulário eletrônico semiestruturado e autoaplicável com questões sobre aspectos técnico-funcionais, como tempo de atuação na função, tipo de vínculo, tipo de atividades desenvolvidas, além de informações sobre perfil, como sexo, idade, formação.
Resultados e/ou impactos: Participaram do inquérito 59 gestores de distintos municípios. Destes, 46 municípios eram de pequeno (até 30 mil habitantes), 10 de médio (entre 30 mil e 50 mil habitantes) e 2 de grande porte (mais de 150 mil habitantes, incluindo a capital). O perfil dos gestores respondentes, independente do porte do município, foi do sexo feminino, cor parda e com formação superior em Nutrição. Mais da metade das gestoras atuavam como coordenadoras de Alimentação e Nutrição no município. O tipo de vínculo predominante encontrado foi do tipo contrato temporário (60,3%) e 75,9% tinham menos de 5 anos na função. Observou-se também que em menos da metade dos municípios havia equipe multiprofissional; no entanto, quando presentes, a categoria profissional mais frequente foi a de nutricionista (84,5%). Além disso, apenas 27% dos gestores informaram que possuíam autonomia na gestão das ações de Coordenação de Alimentação e Nutrição no município, enquanto 50% afirmaram ter parcialmente. Foi observado também que grande parte das metas relacionadas a alimentação e nutrição não estavam inseridas nos planejamentos da gestão municipal.
Considerações finais: Independente do porte do município, a predominância de vínculos frágeis e pouco tempo à frente da função são fatores que podem comprometer a implementação e sustentabilidade de ações de prevenção à obesidade e do cuidado da pessoa com obesidade. Outra potencial implicação deste cenário pode estar refletida na ausência dessas pautas nas agendas de saúde dos municípios de médio e pequeno porte, uma vez que nos municípios de grande porte as metas de alimentação e nutrição estavam inseridas nos planejamentos das secretarias de saúde. Portanto, considerando a complexidade do enfrentamento da obesidade, a melhoria na qualidade das ações de alimentação e nutrição passa pela expansão das equipes multiprofissionais na atenção primária e na qualificação das condições de trabalho, com vínculos mais sólidos e apoio da gestão central. Outro aspecto importante é a qualificação dos gestores como agente do campo político, a fim de promover as agendas de alimentação e nutrição e fortalecer o papel destas coordenações nos municípios, enfatizando a importância dessas ações de alimentação e nutrição na melhoria das condições de saúde da população.