Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA REDE DE EDUCAÇÃO MUNICIPAL QUANTO AO RETORNO DAS ATIVIDADES ESCOLARES PRESENCIAIS
Hiago Daniel Herédia Luz, Eduardo Augusto Barbosa Figueiredo, MEIRE BORGES FARNEZI FERNANDES, LUIZ FELIPE COSTA, GERALDA IRENE PEREIRA NUNES, VANITA MARIA DA SILVA PEREIRA, FÁBIO LUIZ MENDONÇA MARTINS, Mácio Alvez Marçal

Última alteração: 2021-12-19

Resumo


Apresentação: Este trabalho trata-se de um relato da experiência das capacitações realizadas pela rede de saúde do município de Presidente Kubitschek, com funcionários da rede de educação quanto ao retorno das atividades escolares presenciais. Tem por objetivo elucidar de maneira simples a importância das discussões elaboradas a partir dos Grupos de Trabalho Intersetorial Municipal - GTI-M no decorrer da pandemia de COVID-19. Desenvolvimento do trabalho: As reuniões do GTI-M de Presidente Kubitschek, aconteceram durante o ano de 2021 de maneira presencial, uma vez por mês e tiveram a duração de cerca de duas horas cada. Nessas reuniões foram discutidos os protocolos de retorno das atividades presenciais, assim como questões pertinentes que envolviam a rede de saúde juntamente com a rede de educação, como por exemplo as ações a serem desenvolvidas pelo Programa de Saúde na Escola - PSE. No final do primeiro semestre de 2021, veio uma iniciativa do governo do estado de Minas Gerais, para o retorno das atividades escolares municipais, que deveriam retornar conforme a realidade de cada município. O município de Presidente Kubitschek que possui cerca de 3.001 habitantes conforme projeção do IBGE, passava por um momento propício para o retorno, uma vez que não havia grande número de casos positivos. Com base nisso, surgiu-se a necessidade de capacitar os profissionais da educação quanto ao retorno das atividades presenciais. A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais,  definiu que a capacitação dos profissionais da educação, quanto aos protocolos e quanto a COVID-19, seria um item obrigatório para o retorno das atividades escolares presenciais. Depois de discussão da proposta das capacitações no GTI-M, definiu-se que as capacitações seriam realizadas pela “CUIDARE” - Empresa Júnior de Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Esta empresa ficou responsável pela confecção dos Protocolos Operacionais Padrão - POP que envolviam diversas atividades, como: limpeza e desinfecção dos ambientes escolares e ônibus, lavagem correta das mãos e uso de álcool 70%, higienização e preparo de alimentos, cronograma de entrada e saída da escola, dentre outros temas. As capacitações aconteceram de maneira remota devido ao momento da pandemia, conforme as ondas do “Minas Consciente”, que o estado de Minas Gerais se encontrava e conforme avaliação dos membros do GTI-M e dos profissionais da educação, não atingiram o objetivo esperado, uma vez que os profissionais não aderiram às atividades de forma remota. A partir disso, em uma nova discussão, decidiu-se estabelecer uma parceria com Secretaria Municipal de Saúde, através do Programa de Residência em Fisioterapia na Saúde Coletiva e o nutricionista do município, e capacitar de forma presencial todos os profissionais da educação seguindo todos os protocolos sanitários de segurança contra a COVID-19. Foi estabelecido nas reuniões do GTI-M quais temas deveriam ser abordados durante as capacitações, assim como as datas, grupos de profissionais e o fluxo das capacitações. Para as capacitações o público foi dividido entre a escola municipal da cidade e o Centro Municipal de Educação Infantil - CEMEI e esses dois grupos foram divididos por classe profissional. As capacitações aconteceram no formato de roda de conversa e nelas foram abordados os POP confeccionados pela “CUIDARE” e outras questões como: situação vacinal do município, aspectos gerais sobre a pandemia, dentre outros temas. Para se entender o panorama geral de retorno, foi aplicado um questionário nos profissionais para saber quais eram suas opiniões quanto ao retorno, se todos haviam tomado pelo menos a primeira dose da vacina, assim como a presença ou não de alguma comorbidade, uso de medicamento contínuo, dentre outras questões. As capacitações aconteceram nas instalações do CEMEI por permitir um melhor distanciamento entre as pessoas. Sobre a rede estadual de educação, foi realizada também uma capacitação, contudo, diferentemente, do que houve na rede municipal, para este público foi realizada a capacitação apenas dos professores. A capacitação ocorreu nas instalações da quadra da escola estadual para garantir melhor distanciamento devido à COVID-19. Resultados e/ou impactos: Foram realizadas para a rede municipal de educação, um total de seis capacitações nos meses de junho e julho de 2021, cada capacitação durou em média uma hora e foram capacitados: professores, motoristas, monitores, auxiliares de serviços gerais, cantineiras e o administrativo da escola municipal e CEMEI da cidade. Durante as capacitações houve ampla discussão se aquele era ou não o momento de se retornar com as atividades escolares presenciais, alguns profissionais se mostraram contrários quanto ao retorno, justificando que ainda não haviam recebido a segunda dose da vacina contra a COVID-19. Conforme questionário aplicado para os profissionais da rede de educação, das 46 respostas obtidas 84,8%, ou seja, 39 pessoas, eram a favor do retorno das atividades presenciais e 15,2%, sete pessoas, eram contra o retorno. Dessas pessoas, apenas duas haviam tido o diagnóstico positivo para COVID-19 nos anos de 2020 ou 2021 até a data de aplicação do questionário. Ainda, 43 pessoas (93.5%) haviam tomado apenas a primeira dose da vacina e 3 pessoas (6,5%) haviam tomado as duas doses. Das 46 pessoas que responderam ao questionário, 24 (52,2%) consideraram sua saúde como “Boa”, 12 pessoas(26,1%) como “Muito boa”, nove pessoas(19,6%) como “Nem ruim e nem boa” e uma pessoas (2,2%) como “Ruim”. Ainda sobre a saúde, 29 pessoas(63%) manifestaram não ter algum problema de saúde que precisa de acompanhamento e 17 pessoas (37%) manifestaram ter algum problema de saúde. Sobre o uso de medicamentos de forma contínua, 25 pessoas (54,3%) manifestaram fazer uso de algum medicamento e 21 pessoas (45,7%) manifestaram não fazer uso. Tendo como base as respostas adquiridas por meio do questionário aplicado aos profissionais da educação e seguindo os alinhamentos propostos pela superintendência de ensino da região de Diamantina, as atividades escolares presenciais foram retomadas, seguindo todos os protocolos contra a COVID-19. Considerações finais: As instâncias colegiadas como o GTI-M promovem uma maior discussão e aproximação entre a rede de saúde e a rede de educação. E se tratando da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, esses espaços foram fundamentais para o processo de tomada de decisão e para o desenvolvimento das ações a serem executadas quanto ao retorno das atividades escolares presenciais. A experiência aqui trazida é importante, pois enfatiza a participação popular e inclui todos os sujeitos na tomada de decisão no âmbito do SUS. O questionário aplicado serviu como base na fundamentação da tomada de decisões. Observa-se que, a promoção de ações intersetoriais e a discussão em colegiado fazem toda a diferença se tratando de ações de saúde associadas à rede de educação.