Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PLANEJAMENTO E GERENCIAMENTO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NO BRASIL: REVISÃO INTEGRATIVA
Francisco Freitas Gurgel Júnior, Maria Salete Bessa Jorge, Perpétua Alexsandra Araújo

Última alteração: 2022-01-29

Resumo


Apresentação: O planejamento fornece suporte para as demais funções administrativas, como instrumento gerencial que possui fases e etapas que envolvem, em sua elaboração, execução e avaliação, a participação de vários atores. Desta forma, cabe ao gestor em saúde reunir um conjunto de instrumentos- saberes específicos, técnicas de ação e materiais -, utilizados no desempenho de suas funções, que lhe permitam instituir condições para interagir e promover a articulação dos trabalhadores para a organização do processo de trabalho em saúde. O objeto de intervenção da gerência é a própria organização do trabalho e os trabalhadores da unidade de saúde. O planejamento, o dimensionamento, o recrutamento e seleção de pessoas, a avaliação de desempenho e de serviço, a educação permanente em saúde, a supervisão dos materiais, dos equipamentos e da instalação física são instrumentos do trabalho gerencial. Assim, o planejamento, monitoramento e avaliação destacam-se como importantes tecnologias organizacionais, que permitem a realização de diagnósticos locais e a readequação dos processos de trabalho à realidade. Desenvolvimento: O objetivo desta revisão integrativa é identificar e analisar a produção científica sobre o planejamento e o gerenciamento dos serviços de saúde no Brasil, de 2016 a 2021. O estudo foi realizado no mês de julho de 2021, com a busca dos artigos realizada na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando-se as seguintes palavras-chave: Planejamento AND Gerenciamento. Os critérios de inclusão para a seleção da amostra foram: artigos originais e de revisão; disponibilidade no idioma português; textos completos disponíveis na base de dados; ano de publicação entre 2016 e 2021; e artigos que respondessem à questão norteadora. Foram excluídos estudos: não realizados no Brasil; que não fossem originais e/ou de revisão; Da seleção inicial, resultaram 120 artigos, distribuídos nas seguintes bases de dados: 89 na LILACS, 18 na BDENF – Enfermagem; 06 na MEDLINE; 03 na Cid. Saúde – Cidades Saudáveis; 02 na Sec. Est. Saúde SP; 01 na Index Psicologia – Periódicos Técnico-científicos; 01 na Sec. Munic. Saúde SP. Foi realizada a leitura dos títulos e resumos por dois pesquisadores, e a não pertinência do estudo resultou em sua exclusão para composição da amostra. Os artigos selecionados para leitura totalizaram 10, que foram lidos na íntegra, compondo a amostra final, distribuídos nas bases-07 na LILACS, 02 na BDENF – Enfermagem e 01 na Cid. Saúde – Cidades Saudáveis Resultados: Os 10 artigos selecionados foram extraídos de periódicos indexados, sendo esses dos seguintes assuntos, de acordo com a BVS: enfermagem, administração em saúde, ciências e saúde coletiva e saúde pública. A maioria dos estudos foi realizada nas regiões Sul (50%) e Sudeste (30%) do país, com destaque para o estado de São Paulo (30% do total de estudos). Quanto ao ano de publicação, verificou-se que três (3) foram do ano de 2016, três (3) de 2017, dois (2) de 2018, um (1) de 2019, e uma (1) publicação de 2020. Em relação ao delineamento de pesquisa, quatro (4) artigos se caracterizaram como sendo estudo quantitativo, quatro (4) como estudos qualitativos, dois (2) deles foi considerado qualiquantitativo. A maior parte das pesquisas (50%) ocorreu em serviços de atenção básica à saúde, com estudos em unidades de estratégias de saúde da família, e em secretarias municipais e estaduais de saúde. Um (1) estudo realizado em um Hospital de ensino, e outro em uma farmácia de medicamentos especializados. As publicações tratavam de diversos temas, como: práticas de monitoramento e avaliação sobre gestão, processo de trabalho e competências gerenciais, gerenciamento de custos, gestão em ambiente hospitalar, a influência da cultura organizacional na gestão, sistemas de indicadores de desempenho para gerenciamento, se destacando as estratégias de gerenciamento nas unidades básicas de saúde. Todas as publicações eram artigos originais. Os artigos incluídos, que tiveram variação da metodologia adotada e também com relação ao tipo de publicação, devido à temática envolver áreas diversas da gestão em saúde. Fontes bibliográficas foram incluídas na revisão integrativa, segundo título do artigo, autor(es), ano e periódico de publicação, delineamento da pesquisa, amostra, principais resultados, conclusões e recomendações. Os artigos enfatizam que o gerente em saúde deve interagir e promover a articulação dos trabalhadores para a organização do processo de trabalho. Como instrumentos de trabalho, o gestor pode se utilizar do planejamento, do dimensionamento, do recrutamento e seleção de pessoas, da avaliação de desempenho e de serviço, da educação permanente, da supervisão dos materiais, dos equipamentos e da instalação física e do gerenciamento de custos. Estudos apontam que há uma necessidade de que o gestor compreenda a importância do envolvimento dos trabalhadores com a instituição de saúde, desenvolvendo um estilo gerencial participativo e com a valorização das pessoas. No entanto, nas instituições de saúde, a cultura organizacional implantada pelos seus fundadores requer de seus gerentes que eles tenham a habilidade de reconhecê-la, para compreender seu impacto nas práticas da organização. As organizações de saúde começam a atribuir importância à gestão participativa, porém não se afirmam com propriedade que essa seja a realidade das instituições do Brasil, pois a organização é feita de pessoas, cujo comportamento é afetado pela cultura da própria organização. Estudos que versam especificamente sobre gestão na atenção básica apontam que os indicadores são uma possibilidade para o planejamento e avaliação das ações em saúde, embora exista certo distanciamento entre a teoria e prática. Avalia-se também que a determinação de metas como um guia do trabalho a ser feito é essencial, bem como a construção de indicadores para o planejamento e gerenciamento de serviços de saúde, o que é feito por meio de relatórios. Também se evidencia que a gerência neste setor enfrenta limitações de diversas ordens: financeiras, de legislação municipal e das relações de poder advindas da dimensão político-partidária. No artigo que trata dos sistemas de Monitoramento e Avaliação (M&A) de informações, os autores destacam que é da competência de governos organizarem e utilizarem sistemas de M&A de informações propícias para subsidiar processos decisórios, de planejamento, de prospecção logística.. No âmbito hospitalar, estudo que tratou sobre gerenciamento de custos pelos gestores da saúde apontou que a maior parte destes (55%) parecia realizar gestão adequada de custos, e que o planejamento e o controle dos materiais de consumo são as funções do gerenciamento dos custos mais desenvolvidas pelos gerentes. No entanto se evidenciaram práticas pouco rigorosas e subutilização das informações da instituição. Constata-se a necessidade de capacitação e aprimoramento do sistema de gestão institucional, para propiciar maior autonomia e responsabilização dos gerentes, pois a gestão de custos ganha um contexto fundamental, principalmente se considerarmos que recursos escassos bem gerenciados podem render mais e propiciar maior qualidade na prestação de serviços. Considerações finais: Observou-se que a maior parte dos estudos esteve concentrada nas regiões mais ricas do país, com destaque para o estado de São Paulo. Houve também um maior número de pesquisas na atenção básica. Os artigos também apontam que planejamento, monitoramento e avaliação permitem diagnósticos locais e a readequação dos processos de trabalho à realidade do local. Há uma tendência atual em direção ao desenvolvimento de uma gestão participativa em saúde, embora nem sempre a cultura da instituição o permita. Faz-se necessário, portanto, que mais estudos nessa temática sejam realizados, para que mais dados referentes ao cenário nacional possam contribuir para a melhoria contínua da gestão em saúde no Brasil.