Introdução: a ocorrência de câncer na primeira infância, ou seja, em menores de cinco anos, requer que os serviços de saúde estejam organizados tanto para atender a integralidade do cuidado, como também para garantir o acesso ao tratamento. A organização dos serviços de maneira regionalizada necessita de constante avaliação acerca da disposição e utilização dos serviços.  Com isso, objetiva-se identificar a distribuição espacial dos atendimentos de câncer na primeira infância em Unidades de Alta Complexidade em Oncologia no estado de São Paulo, em 2010 e 2020.

Método: trata-se de um estudo ecológico exploratório, em crianças de 0 a 05 anos, atendidos na rede hospitalar de alta complexidade distribuídas em Diretorias Regionais de Saúde (DRS) do estado de São Paulo, nos anos de 2010 e 2020. Os dados coletados são de acesso público e foram obtidos por meio do site da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), oriundo dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC). Para tanto foram utilizadas as variáveis: ano de atendimento, idade, município de residência, e, município, DRS e RRAS de atendimento.

Resultados: foram identificados 846 registros hospitalares de câncer em crianças com idade ≤ 05 anos no período estudado, sendo 510 casos no ano de 2010 e 336 no ano de 2020. A rede assistencial oncológica na primeira infância encontra-se concentrada nos departamentos regionais de Saúde de São Paulo (DRS I), de Campinas (DRS VII) e de Barretos (DRS V). Ao comparar os bancos de dados de RHC de 2010 e 2020, observou-se uma diminuição dos atendimentos na DRS I (São Paulo), com expressivo aumento dos atendimentos nas DRS VII e DRS V, sobretudo nas  Unidades de Alta Complexidade em Oncologia de Barretos e de Campinas.

Conclusão: houve uma interiorização dos atendimentos ao longo dos anos, beneficiando regiões que se encontram mais distantes da maioria dos serviços de alta complexidade em oncologia pediátrica.