Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Indígenas na graduação de Medicina em uma universidade federal: resgate histórico e mapeamento do perfil
VANDICLEY PEREIRA BEZERRA, Willian Fernandes Luna

Última alteração: 2021-12-22

Resumo


Apresentação: A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) iniciou ações afirmativas em 2007, incluindo vagas suplementares para indígenas em todos os cursos de graduação, com vestibular específico. As ações afirmativas buscam a desconstrução de assimetrias no ensino superior público, trazendo diversidade para os cursos, garantindo direito de acesso às populações indígenas e provocando possibilidades de diminuir as desigualdades sociais. Desde então, no curso de graduação em medicina da UFSCar tem havido a presença de indígenas, ocupando o espaço da escola médica que habitualmente é restrita à elite. Nesses treze anos de história, pouco se investigou sobre quem são esses indígenas, de quais povos e quais as suas trajetórias acadêmicas. Portanto, essa pesquisa busca compreender a trajetória histórica e as vivências relacionadas à permanência dos indígenas estudantes de Medicina na UFSCar. Neste resumo, apresenta-se a etapa inicial da pesquisa, com o mapeamento da presença histórica desse indígenas.


Método: A pesquisa é de abordagem qualitativa. Na etapa inicial, realizou-se o mapeamento de todos os indígenas que ingressaram no curso de medicina da UFSCar, de 2007 a 2020, por meio do levantamento de documentos com a Pró-Reitoria de Graduação, Coordenadoria de Apoio Pedagógico e secretaria do curso de Medicina. Foram levantadas informações relacionadas à trajetória histórica desses estudantes quanto à permanência, evasão e conclusão do curso, bem como perfil desses sujeitos. Na próxima etapa, serão realizadas entrevistas individuais com os egressos e uma roda de conversa com os atuais estudantes.


Resultados: Identificou que nos treze anos de ações afirmativas, doze indígenas ingressaram no curso de Medicina, todos por meio da vaga suplementar. Percebeu-se que não houve nenhum ingresso por meio da Lei 12.711, que prevê a reserva de vagas nas universidades federais a egressos de escolas públicas, estudantes de baixa renda, negros e indígenas. Tinham idade entre 21 a 42 anos no ingresso, sendo 8 homens e 4 mulheres, dois deles com filhos. Quanto à origem, 7 de Pernambuco, 2 do Amazonas, 1 do Espírito Santo, 1 do Acre e 1 de São Paulo. Em relação às etnias, houve estudantes dos povos: Pankará, Xucuru de Cimbres, Huni-Kuin, Tikuna, Tariano, Tupinikim, Pankararu, Atikum-Umã e Xucuru de Ororubá. Concluíram o curso 5 dos ingressantes, 4 estão atualmente na graduação e 3 se desligaram antes de se graduarem.


Considerações Finais: Esse estudo permitiu fazer um primeiro levantamento dos indígenas no curso desde o início das ações afirmativas. Nas próximas etapas, será buscado compreender como tem se dado a permanência desses estudantes no curso, bem como identificar as dificuldades e as formas de superação (ou não) construídas frente às adversidades na escola médica. Percebeu-se que no curso de medicina da UFSCar tem havido o ingresso de indígenas provenientes de várias regiões do Brasil, o que é justificado pela ausência de ações afirmativas nas escolas médicas federais desses estados. Quanto aos que se desligaram do curso, serão necessárias investigações para compreender os motivos e situações envolvidas. No transcorrer das próximas etapas dessa pesquisa será buscado aproximar-se das diferentes experiências ao longo dos anos de graduação.