Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Rede de Atenção à Saúde no enfrentamento a Covid-19 entre idosos em Manaus
Geovana dos Santos Magalhães, Micaela Costa Cavalcante, Carolina Moresi Vieira, Giesy Barros Lopes, Rayla Delgado Cruz

Última alteração: 2022-01-12

Resumo


Apresentação: A partir de dezembro de 2019, casos de pneumonia de origem desconhecida foram reportados nas unidades de saúde chinesas em Wuhan. Em seguida, em janeiro de 2020, os cientistas chineses conseguiram isolar, sequenciar e identificar um novo tipo de coronavírus presente nesses pacientes, o qual foi denominado de SARS-CoV-2, o qual já estava disseminado a nível global. Este corresponde a sétima cepa de coronavírus conhecida que apresenta a capacidade de causar doença em humanos, a qual foi denominada de COVID-19. À nível nacional, o estado do Amazonas teve destaque nessa pandemia, pois apresentou um número expressivo de casos tanto na primeira, quanto na segunda onda. Estes acontecimentos conferiram ao estado um perfil epidemiológico preocupante e ao mesmo tempo fizeram com que este servisse de sentinela para possíveis acontecimentos em outros lugares do país. A partir de estudos epidemiológicos observacionais, verificou-se que os principais casos de mortalidade e internações estavam associados a indivíduos que apresentavam fatores de risco como comorbidades pré-existentes, tais como: obesidade, hipertensão, diabetes, cardiopatias, entre outros. Também segundo a literatura, observou-se que pacientes idosos a partir de 60 anos têm um maior risco de evoluírem para o óbito quando acometidos pela COVID-19. No âmbito das linhas de cuidado e sua implementação, elas surgem como uma estratégia de organização do fluxo de trabalho diário nas redes de atenção à saúde. Frente à magnitude e gravidade da situação pandêmica da COVID-19, essa organização acabou por gerar vias alternativas práticas e ágeis para os usuários, sempre considerando as especificidades locais e organizacionais. Dessa forma, viu-se a necessidade de que o fluxograma de atendimento médico em caso de suspeita de COVID-19 fosse estudado, bem como a rede de atenção e sua correlação com os dispositivos das linhas de cuidado, além de mostrar o perfil dos pacientes idosos afetados pela doença no município de Manaus. Esse estudo tem como objetivo mostrar e analisar o funcionamento dessa rede de atenção, sua organização e destacar pontos positivos e negativos desse processo do ponto de vista dos alunos de Medicina da Universidade Federal do Amazonas durante a disciplina de Saúde Coletiva II. Desenvolvimento: O desenvolvimento do trabalho deu-se por pesquisa de abordagem quali-quantitativa descritiva do panorama da COVID 19 em idosos no estado do Amazonas. O levantamento epidemiológico foi feito entre o período de março e junho de 2021, através dos principais painéis de monitoramento municipal e da unidade federativa. A partir dessa coleta de dados foram feitas análises com o intuito de observar e comparar os dados epidemiológicos entre a capital e o interior do estado do Amazonas, a taxa de mortalidade e letalidade entre os diferentes estados federativos, o curso da doença e o impacto da vacinação no estado. Além de traçar o perfil da população idosa afetada no município de Manaus. (111 palavras). Para isto, foram avaliados: documentos como os boletins epidemiológicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), sites como o da Secretaria do Estado de Saúde do Amazonas (SES), do Ministério da Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA) e relato de dois atores chave da rede de atenção, os profissionais médicos, sem característica científica, e um usuário. A partir das análises foi possível traçar  um panorama sobre os idosos afetados pela COVID 19 e entender o fluxograma da rede de atenção primária e de urgência do SUS, além de despertar um sentimento crítico da estrutura de saúde do estado e os obstáculos enfrentados durante a pandemia. Resultados: Verificou-se, a partir de dados secundários e do plano de resposta para a prevenção e controle da Covid-19 apresentado pelos órgãos de saúde, que em decorrência do surto do novo coronavírus, o estado do Amazonas realizou ações coordenadas no âmbito do SUS, além de preparar a rede de atenção em saúde para os casos da doença, com a ativação do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES-COVID-19) e a publicação do Boletim Epidemiológico 04 em maio de 2020, contendo orientações de higiene, notificação, investigação laboratorial e atendimento na rede primária e especializada, como resposta à provável emergência na saúde pública. Tais estratégias visam instituir o fluxo de atendimento, além de reorganizar a Rede de Atenção Primária à Saúde, direcionando o usuário para centro de assistência voltado para sua necessidade, assim paciente em casos de suspeita leve, a orientação foi procurar uma Unidade Básica de Saúde, enquanto que aqueles que apresentavam casos graves, a orientação é a procura imediata à rede de urgência e emergência. Foi inserida também no Plano de Contingência a assistência especializada, devido à necessidade de assistir o paciente egresso do atendimento clínico ambulatorial com infecção causada pelo coronavírus que possuem sequelas e necessitam de atendimento direcionado. Os resultados encontrados acerca da Rede de Atenção à Saúde no enfrentamento a Covid-19 em Manaus demonstraram que, com a pandemia, o usuário não conseguiu prover acesso adequado ao sistema de saúde, tampouco a promoção de saúde. No período considerado como a segunda onda, houve também maior incidência da doença em idosos, fruto de maior vulnerabilidade dessa população. Dessa forma, esta faixa etária foi preferência na campanha de vacinação, a qual teve início no estado do Amazonas no final de janeiro de 2021 e a partir de então foi possível observar o impacto dela na incidência de casos de Covid-19, com redução de 81% de janeiro a abril. No entanto, a morosidade na imunização, a ineficiência na gestão de recursos, a crise do oxigênio, e a crescente alta da demanda, cursou com o colapso da rede pública de saúde e expôs mundialmente a fragilidade do sistema vigente em Manaus. Considerações Finais: Dessa forma, este trabalho objetivou-se em entender como está organizada a rede de atenção à saúde e o seu funcionamento no enfrentamento à COVID-19 no município de Manaus, além de mostrar o panorama da população idosa afetada pela doença no município, destacando os pontos positivos e negativos. Apesar da implementação de estratégias e medidas das Secretarias de Saúde do Estado (SES) e do município (SEMSA), antes mesmo de serem confirmados os primeiros casos, a capital do Amazonas foi manchete internacional durante a segunda onda da COVID-19, o que evidenciou o colapso do sistema de saúde. O levantamento de dados realizado pelas autoras deste trabalho, relatos de usuários do sistema e dados epidemiológicos de órgãos oficiais, mostrou as situações descritas de esgotamento da rede em seu nível mais avançado durante a segunda onda, o que ocasionou assim a lotação das unidades de assistência primária e secundária de saúde da capital. O colapso na rede de saúde destacou ainda a vulnerabilidade da população idosa da cidade, visto a maior incidência e mortalidade. Ademais, o atraso da chegada das vacinas ao país e ao estado fez com que a segunda onda vitimasse mais amazonenses, com destaque para uma parcela significativa de idosos, visto a queda no número de casos após a vacinação em massa. Isto posto, a atividade avaliativa para analisar o funcionamento da rede de atenção à saúde, com ênfase no Coronavírus entre idosos, além de agregar conhecimento acerca do sistema de saúde em Manaus, também destacou a importância do SUS, que mesmo contando com falhas de gestão e execução, consegue oferecer acessibilidade aos serviços de saúde para toda a população, ressaltando a vacinação em massa.