Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Caracterização dos casos de negligência notificados no Espírito Santo no período de 2011 a 2018
Milene Diniz Paulucio, Dherik Fraga Santos, Franciéle Marabotti Costa Leite

Última alteração: 2021-12-20

Resumo


Introdução: a negligência manifestou-se em 2019 como cerca de 40% das denúncias feitas no Disque 100, canal de ouvidoria dos direitos humanos. Representa, assim, um aumento de 18% em relação a 2018. Ela é a principal forma de violência que acomete crianças, adolescentes e idosos, geralmente realizada dentro do lar e por um membro da família. Nesse viés, esse tipo de violência pode ocasionar disfunções no desenvolvimento infantil e uma baixa qualidade de vida em idosos. Objetivo: caracterizar os casos de negligência notificados no Espírito Santo no período de 2011 a 2018. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico descritivo com base nos dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre o período de 2011 a 2018. As variáveis foram as características da vítima, do agressor e da agressão. Na análise, os dados foram apresentados em frequência relativa, e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: entre os anos de 2011 e 2018, o Espírito Santo teve a notificação de 1621 casos de negligência, um percentual de 4,5% do total de notificações. Foi identificado uma maior prevalência de vítimas do sexo masculino (P: 50,5%; IC95% 48,1-53,0), da cor preta/parda (P: 70,6%; IC95%: 68,2-73,0), na faixa etária entre 0 a 9 anos (P: 59,2%; IC95%: 56,8-61,6), sem deficiências/transtornos (P: 81,7%; IC95%: 79,6-83,6) e residentes na área urbana/periurbana (P: 92,9%; IC95%: 91,5-94,0). Quanto ao agressor, majoritariamente a faixa etária foi de 25 anos ou mais (P: 80,9%; IC95%: 77,8-83,7), sexo feminino (P: 45%; IC95%: 42,5-47,5), o vínculo com a vítima era de pai/mãe/padrasto/madrasta/ambos os pais (P: 67,4%; IC95%: 65,0- 69,7), e, não estava sob suspeita de uso de álcool (P: 74,8%; IC95%: 71,7-77,7). Já sobre as características da agressão, na maioria dos casos o número de envolvidos era de um (P: 51,6%; IC95%: 49,1-54,0), a negligência ocorreu em casa (P: 81%; IC95%: 78,9-82,9), e, se tratava de violência de repetição (P: 70,5%; IC95%: 67,5-73,4). Conclusão: é observado que ocorre uma distribuição desigual dos casos notificados de negligência no Espírito Santo segundo as características da vítima, do agressor e da agressão. O profissional de saúde deve estar atento ao perfil dos pacientes com os quais trabalha, para uma elaboração mais assertiva de estratégias de enfrentamento à negligência.