Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Impactos da Pandemia de Covid-19 nos Centros de Materiais e Esterilização: Revisão de Literatura
Pedro de Oliveira Nogueira, Maria Helena Oliveira Maia, Ingrid da Silva Nogueira, Rodrigues Ferreira de Souza, Fabrício Sidnei da Silva

Última alteração: 2022-06-13

Resumo


Apresentação

O Coronavírus chamado Sars-Cov-2, que acarreta a doença infecciosa COVID-19, foi identificado primeiramente na cidade de Wuhan, República Popular da China, em dezembro de 2019. Logo, verificou-se o número crescente de casos da doença não só no país de origem, como também em vários outros países e regiões do mundo, levando a Organização Mundial da Saúde a caracterizar o COVID-19 como pandemia, em 11 de março de 2020.

Nesse contexto, o Centro de Materiais e Esterilização (CME) de um centro hospitalar, assume um papel importante, pois é nele onde ocorre os processos de desinfecção e esterilização de materiais utilizados, abastecimento de todos os setores do hospital, em destaque os Centro Cirúrgicos, que necessitem destes materiais e a garantia de qualidade do processamento.Sendo considerado por muitos autores e profissionais da saúde como o “coração do hospital”, os CME também tem sofrido impactos em seu funcionamento durante a pandemia.

Diante disto, a realização deste resumo justifica-se na alta do assunto na atualidade, vinculada aos meios de divulgação científica ou jornalística e associada a constante preocupação dos órgãos competentes, sociedade hospitalar e civil a respeito do avanço da COVID-19 e objetiva verificar os impactos da pandemia no Centro de Materiais e Esterilização.

Desenvolvimento

O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura do tipo descritiva e exploratório em formato de resumo expandido, realizado em uma Instituição de Ensino Superior privada de Manaus/Amazonas, como atividade central da integralização curricular Atividades Práticas Supervisionadas, associado ao conteúdo da disciplina de Enfermagem no Centro Cirúrgico.

O referencial teórico foi composto por 12 artigos científicos encontrados nas bases de dados Google Acadêmico e Scielo. Além disso, utilizamos manuais e informativos técnicos do Ministério da Saúde brasileiro, Organização Pan-americana de Saúde e Organização Mundial da Saúde.

Resultados

Os Centros de Materiais e Esterilização são regidos pela Resolução da Diretoria Colegiada 15 de 15 de março de 2012 (RDC nº15/2012) e por meio dela pode ser classificado em CME Classe I (aquele que realiza o processamento de produtos para a saúde não-críticos, semicríticos e críticos de conformação não complexa, passíveis de processamento) e CME Classe II (quando adicionado o processamento de produtos críticos de conformação complexa).

Ao verificar as questões organizacionais, ainda de acordo com a RDC nº15/2012, a responsabilidade pelo processamento dos produtos no serviço de saúde é do Responsável Técnico (RT), obedecendo um fluxo de materiais e pessoas unidirecional, ou seja, os profissionais que circulam nesse setor e os objetos manipulados, uma vez passado de uma área para outra, não devem retornar à anterior, isso aplica-se para que não ocorra contaminação cruzada e se mantenha um controle de qualidade no processamento.

Por fim, o trabalhador do CME deve utilizar vestimenta privativa, touca e calçado fechado em todas as áreas técnicas e restritas, além de Equipamento de Proteção Individual (EPI), tais como luvas, máscaras, óculos, de acordo com a sala/área. Vale lembrar, que eles não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades.

Ao falarmos dos impactos da pandemia no CME, devemos salientar que eles não estão relacionados com alguma modificação dos processos, mas aos materiais utilizados pelos pacientes que deverão passar por desinfecção ou esterilização, principalmente respiradores, no qual várias partes do mundo estão em busca e no Brasil não é diferente.

Em pacientes com quadro clínico grave – cerca de 5% dos infectados – os respiradores são essenciais para fornecer ao paciente mais oxigênio do que o ar ao seu redor e trabalhar como uma bomba capaz de superar a resistência da membrana que impede sua passagem. Com isso, o CME assume a responsabilidade de submeter os produtos utilizados na assistência ventilatória a limpeza e, no mínimo, a desinfecção de nível intermediário, ou por processo físico de termo desinfecção, antes da utilização em outro paciente.

Todavia, na atual conjuntura, a pressão para retornar rapidamente um dispositivo contaminado ao serviço pode comprometer etapas importantes de reprocessamento, isso porque os equipamentos utilizados podem experimentar ciclos superiores ao normal, resultando em intervalos de manutenção menores e esgotamento rápido de acessórios, como soluções, filtros, indicadores químicos e biológicos e embalagens de esterilização.

Além disso, outro problema relacionado ao reprocessamento desses materiais é o erro humano, pois os trabalhadores do CME podem ser solicitados a trabalhar em turnos extras ou ter uma carga de trabalho maior do que o normal, levando à exaustão e Burnout, sucedendo em omissão de etapas em um procedimento, desatenção, entrada incorreta de dados, uso inadequado de EPI ou outras práticas que não sejam validadas ou não estejam de acordo com as instruções de uso dos fabricantes.

Ademais, a disponibilização dos insumos necessários para o desenvolvimento das atividades assistências devem ser fornecidos e garantidos pelos serviços de saúde, visando a segurança no atendimento e a rápida resposta a doença. Entretanto, nesse período é evidenciado nos meios de comunicação, constantes reclamações dos profissionais da saúde a respeito da escassez de EPI’s e gestores aderindo ao uso consciente e racional destes.

O racionamento de equipamentos de proteção individual deve-se a alta demanda global, impulsionado não apenas pelo aumento no número de casos nos serviços de saúde, mas também pela desinformação – ou Fake News – que resultou no esvaziamento das prateleiras de farmácias e afins, pela compra desenfreada, estocagem, uso generalizado e inapropriado desses materiais por parte da população em geral.

Com disso, as equipes de saúde continuam a atender pacientes com equipamentos que podem não atender aos requisitos mínimos de proteção, por não haver um controle de qualidade, colocando a equipes de enfermagem em um dilema ético e mora: ao assistir os pacientes sem a utilização dos EPIs adequados, colocam em risco sua vida, a dos pacientes, da equipe e dos entres queridos.

Considerações Finais

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a apresentação do Centro de Material e Esterilização e verificou-se que a pandemia causou uma centralização de serviços e esforços aos infectados pelo vírus Sars-Cov-2, principalmente aqueles casos mais graves de COVID-19, que, pela alta demanda resultou em sobrecarga aos profissionais e maior pressão no ambiente de trabalho, para fornecer aos pacientes a recuperação de sua saúde.

As limitações de materiais para o atendimento aos pacientes e de equipamentos de proteção individual aos profissionais continua sendo o principal desafio das áreas mais afetadas pelo vírus. Pois, mesmo com a elaboração de estratégias para superar essa fase, constata-se que os dispositivos médicos são insuficientes e imprescindíveis para a biossegurança dos trabalhadores.

Por fim, a pandemia ainda não cessou e a ameaça de novas variantes de contágio assolam todo o mundo. Que essa pandemia, seja apenas um recomeço para refletirmos mais sobre os impactos que uma pandemia pode trazer ou fazer.