Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Saúde da Mulher no Contexto Psicossocial da Família Monoparental com Déficit de Renda e Filho Adolescente em Situação de Vulnerabilidade
Maria Aparecida Nogueira de Oliveira, Elma de Oliveira Chagas, Pedro de Oliveira Nogueira, Rodrigues Ferreira de Souza

Última alteração: 2022-01-06

Resumo


Introdução

As configurações da família contemporânea, ao longo do tempo, vêm cada dia se modificando na dinâmica da sociedade. Um dos fatores que mais favorecem esta mudança é a inserção da mulher no mercado de trabalho com o objetivo de somar condições de provimento da família, rompendo o papel de mera cuidadora do lar. A existência de famílias responsabilizadas por mulheres, sem a presença do cônjuge, as chamadas famílias monoparentais vêm crescendo de forma significativa no Brasil, sendo constatada o alto índice das monoparentais chefiadas por mulheres em situação de vulnerabilidade e risco social, e, com filhos adolescentes em situação de alcoolismo é que são conduzidas às diversas políticas públicas como estratégias de superação dos desafios postos.

A pesquisa deste estudo justifica-se, portanto, pelas necessidades básicas das famílias monoparentais responsabilizadas por mulher com baixa renda, nas quais, a mulher é conduzida às políticas públicas para o enfrentamento dos problemas. As políticas identificadas ainda são muito seletivas e residuais, por isso houve a necessidade de elaborar a referente pesquisa, contextualizando a diversidade feminina em aspectos da saúde e psicossociais.

Possui como objetivo propor estratégias de sobrevivência para a superação de vulnerabilidades na saúde e meio social das mulheres, enfrentadas por família monoparental sob a responsabilidade delas com insuficiência de renda e com filho adolescente em situação de drogadição em álcool. Quanto aos objetivos específicos, propõe-se sensibilizar quanto aos danos causados a saúde mental proveniente do uso abusivo do álcool, bem como verificar as maiores vulnerabilidades e/ou potencialidades do arranjo familiar na superação das demandas em foco e orientar sobre a efetivação das Políticas Públicas visando a redução dessas vulnerabilidades encontradas.

Desenvolvimento

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, qualitativa, pois possibilitará descrição das qualidades do estudo ou fenômenos, envolvendo abordagens interpretativas e naturalísticas dos assuntos em foco, e, uma vez que os conteúdos investigados são predominantemente subjetivos envolvendo as percepções dos sujeitos, o autor procura dar sentido ou interpretar os fenômenos, segundo os significados que as pessoas lhe atribuem, descritiva,porque a investigação se compromete a identificar quais situações, eventos, atitudes ou opiniões que estão manifestas em uma determinada população, ou descrever fenômeno ocorrido com a população ou em parte dela, e de campo realizada entre os meses de janeiro e fevereiro/2019, pertinente ao trabalho de conclusão de curso na modalidade de pós-graduação, realizada em uma instituição particular de ensino, em Manaus/Amazonas.

Esta pesquisa foi dividida em três fases: no primeiro tópico abordar os novos arranjos familiares, dando ênfase as famílias monoparentais. No segundo tópico foi abordado a questão da adolescência versus dependência química em álcool e por fim, no terceiro tópico, citou-se breve contextualização das políticas públicas brasileiras e a consolidação das políticas de proteção assistencial à família.

Resultados

Inicialmente para falar das formações dos novos arranjos familiares é preciso retroceder ao tempo e fazer uma breve contextualização histórica, econômica e social brasileira. O primeiro modelo de família foi introduzido no Brasil com a colonização portuguesa, refere-se à família patriarcal, tradicional e extensa. Mais tarde, surge o modelo de família nuclear ou moderna. Em meados do século XX, o modelo de família nuclear moderna também entra em crise frente à realidade historicamente construída e pautada a partir das mudanças sociais.

Foi observado que a redução do nível de fecundidade da população, as lutas sociais pela dignidade, as lutas sociais pela igualdade entre homens e mulheres, o incremento da força de trabalho feminina que por questões culturais, elas encontram-se em grande escala nas ocupações informais e precárias, sendo a grande maioria inserida no emprego doméstico, no qual não requer qualificação profissional e não tem vínculo empregatício, pois se trata de uma ocupação que possui significativos déficits no que se refere a respeito dos direitos trabalhistas, e o surgimento de novos formatos de família, colocando em cheque a supremacia da família nuclear e as funções desempenhadas por elas no decorrer do tempo, foram alguns fatores contribuíram para a formação do arranjo familiar monoparental.

 

Ainda também, que a adolescência é uma mudança biopsicossocial muito marcante pois, reúnem transformações não somente no fator físico do ser humano, como também, no que diz respeito ao fator psicológico, familiar e social. Pode-se frisar a questão emocional, uma vez que se sentem independentes, autossuficientes e com grande potencial em desrespeitar regras, valores e princípios sujeitando-o a vivenciar situações atrativas, arriscadas e sedutoras, como o caso do uso de drogas, sejam estas lícitas ou ilícitas, no qual entende-se que não existe resposta única ou homogênea para o uso na adolescência apenas podemos encontrar diferentes tipos de produtos, com variados efeitos procurados e desejados, bem como diferentes motivações que levam um indivíduo a consumir, eventualmente ou de forma contínua e intensa, determinada substância psicoativa.

Por fim, a questão social é gerada a partir das desigualdades sociais presentes no processo de desenvolvimento do sistema capitalista e distribuição desigual da riqueza produzida, fazendo com que o Estado torne-se ainda mínimo na área das políticas sociais pois a atuação é direcionada somente a indivíduos que estão na linha da pobreza, ou seja, “vulneráveis sociais”.  Sendo assim, as políticas sociais retomam seguimentos diferenciais em relação às demandas, pois tem caráter seletivo, determinada e residual, e não equânime levando a mulher chefe de família a permanecer com lacunas para suprir as demandas das mazelas sociais intrínsecas ao arranjo familiar.

Considerações Finais

Ao longo desta pesquisa poder-se observar que a família, toma novos segmentos na sociedade após a entrada da mulher no mercado de trabalho, pois esta vai aos poucos desmistificando o papel de mera cuidadora do lar.  Estas mudanças identificadas nas novas configurações da família, especialmente nas famílias monoparentais sob a responsabilidade da mulher se deu-se por várias razões, seja, historicamente ou economicamente, a mulher passou a ter participação significativa no orçamento doméstico. Contudo, a família monoparental está agregado principalmente à pobreza e vulnerabilidades sociais, em que as mães se encontram em grande escala nas ocupações informais e precárias.

Quanto ao uso de drogas na adolescência nas famílias monoparentais, observou-se que esse emerge como um protesto a sua impotência de lidar com a realidade e com as forças que se movimentam dentro de si próprio, ao mesmo tempo, e que o envolvimento com vários tipos de drogas lícitas e ilícitas perpassando do grau de uso eventual para o quadro de dependência química por fatores fortemente identificados de cunho social, emocional e psicológico. Diante da cena, além do adolescente precisar encontrar um ambiente familiar capaz de suportar as crises que vivencia, em que este não seja propício a resistências excessivas às suas proporções e impulsos ainda tão desordenado, também, há necessidade de medidas de intervenções exponenciais advindas das políticas públicas.

Portanto, ao verificar alternativas para redução das dificuldades identificadas pela família monoparental, observou-se a necessidade de apoio advindo de políticas públicas voltadas para este segmento, no que concerne a serviços e programa de transferência de renda, programas de profissionalização e inserção no mercado de trabalho formal, adesão dos filhos dependentes de álcool de forma preferencial para o tratamento nos centros de reabilitação, visando estratégias de sobrevivência e superação das mazelas em que se encontram, proporcionando melhor qualidade de vida a essas famílias.