Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Avaliação da qualidade da assistência e condições de nascimentos na macrorregião do Grande Oeste de Santa Catarina
Bruno Della Giustina, Guilherme Nogueira Guimarães, Jane Kelly Oliveira Friestino, Joana Vitória Cassol, João Paulo Bilibio, Luiz Alberto Oliveira, Thiago Silva Rodrigues

Última alteração: 2022-06-12

Resumo


Introdução: Nas últimas décadas, é notável uma significativa melhora das condições de nascimento tanto no território brasileiro quanto em outros países do mundo, incluindo a criação da Rede Cegonha como um disparador importante para a organização dos serviços. Seguindo o mesmo padrão observado em outros segmentos da área da saúde, a atenção e o cuidado para com a gestante, a puérpera e o recém-nascido vem transformando a forma como se enxerga os processos relacionados à maternidade. Desde de 1990, no Brasil, taxas como a cobertura de consultas pré-natal e a proporção de nascidos de baixo peso têm apresentado expressiva melhora, entretanto, existem disparidades de acesso, pois inúmeras gestantes, em diversas localidades, apresentam indicadores de piores condições de saúde, o que afeta diretamente o binômio mãe-bebê. Para garantir a regionalização em saúde o estado de Santa Catarina é dividido em macrorregiões, dentre as quais encontra-se a Macrorregião de Saúde do Grande Oeste. Esta encontra-se distante da capital cerca de 560 km e é composta por três Regiões de Saúde, a do Extremo Oeste, Xanxerê e Oeste, com um total de 792.895 habitantes distribuídos em 78 municípios. As principais atividades econômicas são a agricultura, a produção de alimentos e a indústria moveleira. O centro econômico e político da região é Chapecó, distante 557 quilômetros da capital do estado Florianópolis. Diante disso, vale ressaltar a importância em avaliar o planejamento proposto pelo Plano Estadual de Saúde, no que concerne ao atendimento das demandas advindas das necessidades de garantia de acesso ao parto e nascimento seguros, incluindo características sociais e demográficas das mulheres. Objetivo: Descrever características dos nascimentos na Macrorregião de Saúde do Grande Oeste - SC e avaliar a assistência ao parto e ao recém nascido a necessidades identificadas no Plano Estadual de Saúde (PES) de Santa Catarina 2020-2023. Método: Trata-se de um estudo observacional que analisou as características de assistência e as condições de nascimento no estado de Santa Catarina. A partir dos achados no PES de Santa Catarina foram identificadas informações a respeito das condições de nascimento e qualidade da assistência até o ano 2015. Para tanto foram realizadas buscas nos Sistemas de Informação em Saúde no intuito de atualizar os dados apresentados. O estudo baseou-se nos dados secundários disponíveis ao público, via acesso à internet, provenientes do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), e Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), considerando-se os anos de 2018 e 2019. As variáveis estudadas incluíram aquelas relacionadas ao nascimento ao nascimento: Peso ao nascer (classificados em peso a 2.500g e superior a 2.500g), tipo de parto (classificados em vaginal e cesáreo), número de consultas pré-natal (agrupado em: nenhuma consulta, de 1 a 3 consultas, de 4 a 6 consultas, e 7 ou mais consultas), considerando o local de residência da mãe. Para as variáveis relacionadas à assistência: número de partos hospitalares, óbito em menores de 01 de idade, número de leitos obstétricos, número de anestesistas, número de médico obstetra, número de pediatras, número de leitos em UTI neonatal, considerando o local de ocorrência do parto. Para avaliar a assistência, todas as informações coletadas foram relacionadas ao município de ocorrência do nascimento, e em relação ao período, foi utilizado o valor médio entre os anos de 2018 e 2019. A análise e escolha do delineamento do estudo teve como base o Plano Estadual de Saúde de Santa Catarina 2020-2023, para tanto, foram apresentadas as informações a respeito das condições de saúde próprias da macrorregião do Grande Oeste. Para avaliar as necessidades relacionadas a situação da Atenção ao Parto e ao Recém Nascido foram classificados em situação qualificada: composta por  dois ou mais profissionais das seguintes especialidades (pediatra, obstetra, anestesista) + UTI Neonatal; Situação de atenção razoável: Equipe composta por dois ou mais profissionais de cada especialidade + leito obstétrico (sem leito de UTI neonatal); Situação de atenção crítica: Equipe composta por um profissional de cada especialidade + leito obstétrico (sem leito de UTI neonatal); e, Situação de atenção inexistente: Nenhum profissional ou equipe incompleta por especialidade. Ter ou não leito obstétrico, sem leito de UTI neonatal. Resultados e/ou impactos: No período entre 2018 e 2019 foram identificados 23.287 nascimentos. Ao analisar as condições de nascimento notou-se que 02 municípios apresentaram 14% dos nascimentos de crianças com peso inferior a 2.500g, e outros 03 municípios representaram 0,2% dos nascimentos com peso inferior a 2.500g. Em relação a via de parto, a macrorregião apresentou 32 municípios (41,02%) com taxas maiores que 70% de partos cesáreos, e a respeito do número de consultas pré-natal, mulheres de 42 (53,85%) municípios da macrorregião tiveram ao menos 1 consulta pré-natal. No entanto, 3 municípios apresentaram de 35,5% a 41,2% das gestantes com menos de 7 consultas pré natal realizadas. Na análise feita, é possível perceber, entre os municípios referência, uma relação direta entre uma boa cobertura pré-natal e um peso satisfatório ao nascer. Em relação a ocorrência de parto em hospital na macrorregião, 47 (60,26%) municípios não registraram parto no período. Dentre a situação de atenção ao parto e Recém Nascido somente 02 municípios da macrorregião encontram-se qualificados, enquanto a maioria (57,69%) possui situação inexistente para a assistência. Também foram observados os óbitos em menores de 01 ano nos municípios da macrorregião, os quais concentram-se a maioria (151 óbitos no período), nos municípios com inexistência de assistência ao parto e RN e também com zero atendimentos no período. Considerações finais: O presente cenário encontrado na macrorregião do Grande Oeste aponta algumas fragilidades em relação às condições de nascimento. A macrorregião concentra grande proporção de partos cesáreos, mostrando-se um dado preocupante, em oposição a taxas preconizadas internacionalmente. Esse último indicador relaciona-se, também, a taxas de duração de gestação, o que pode necessitar de assistência especializada, a qual não é uma realidade satisfatória para toda macrorregião. Na análise da qualidade da assistência, a maioria dos municípios encontram-se em condições de atenção ao parto inexistentes e ao mesmo tempo são estes municípios que apresentam maiores casos de óbitos em menores de 01 ano.