A adesão dos usuários às ofertas de cuidado em saúde é sempre multifatorial e um desafio que se impõe aos profissionais, especialmente aqueles que atuam no âmbito terapêutico, por requerer encontros periódicos e constantes, usualmente semanal ou quinzenal, como acontece nas práticas de terapia fonoaudiológica. A não adesão, por sua vez, pode representar barreiras de acesso que precisam ser investigadas, com o intuito de (re)adequar os serviços e garantir cuidado integral. Objetivo: Diante disso, este trabalho teve por objetivo analisar a adesão ao atendimento fonoaudiológico em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Campinas/SP. Método: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, longitudinal realizada em uma UBS de Campinas/SP, que é campo de estágio da graduação de Fonoaudiologia e da Residência Multiprofissional em Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Por meio destes, a unidade oferece atendimento fonoaudiólogo aos usuários pertencentes à área adscrita da UBS. Em uma planilha construída para a organização e gerenciamento dos atendimentos, foram anotadas informações sobre cada usuário encaminhado para fonoaudiologia, sendo esta planilha utilizada como instrumento para análise. A amostra é não probabilística composta por 242 casos encaminhados de Janeiro/2012 a Dezembro/2020. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob nº CAAE 39149320.3.0000.5404 e parecer nº 4.513.035/2019. Resultados: Foram encaminhados 242 usuários com queixas fonoaudiológicas, sendo que destes, alguns foram encaminhados mais de uma vez, totalizando um n de 250 encaminhamentos. Destes, 146 passaram por acolhimento, ou seja, tiveram um primeiro contato com profissional da fonoaudiologia, sendo que após terem sido acolhidos 91 (36,40%) iniciaram fonoterapia na própria UBS e 55 (23,20%) foram encaminhados para serviço especializado. Foram desligados antes mesmo de serem acolhidos, 86 (34,40%) usuários, sendo a tentativa de contato sem sucesso a maior causa 29 (33,72%), seguida de não comparecimento ao acolhimento 21 (24,42%) e não ter mais queixa 16 (18,60%), dentre outras razões. Foram analisados o desfecho dos 91 pacientes que iniciaram fonoterapia, sendo observado que 25 (27,47%) tiveram alta e 21 (23,08%) foram desligados por falta, número este que chama atenção dado que, por alguma razão não houve adesão à terapia ofertada na unidade. A demora na convocação pode justificar a ausência de queixa e a dificuldade em contatar os usuários. O não comparecimento ao acolhimento e as repetidas faltas já quando da ocasião da fonoterapia precisa ser melhor investigada, podendo ser explicada por inúmeros fatores, como incompatibilidade de horários, dinâmica dos atendimentos de fonoaudiologia, dificuldade socioeconômicas e familiares. Considerações finais: O trabalho mostrou que a não adesão é um problema que precisa ser analisado e que é necessário investigar mais detalhadamente suas razões, pois somente assim medidas que solucionem esta problemática poderão ser tomadas.

Palavras-chaves: Fonoaudiologia; Atenção Básica; Acesso aos Serviços de Saúde.