Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL CLÍNICO E SOCIAL DOS BEBÊS E DAS FAMÍLIAS QUE ESTIVERAM INTERNADOS NA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL REFERÊNCIA NA GRANDE FLORIANÓPOLIS
Larissa Rohden Ferreira, Amanda Castro, Hebe Cristina Bastos Régis

Última alteração: 2021-12-20

Resumo


Esse trabalho teve por objetivo geral levantar o perfil do bebê internado na UTI neonatal de um hospital referência na Grande Florianópolis, através de documentos com registros realizados pela equipe médica acerca desses bebês e seus familiares. A gestação é um momento que envolve diversas mudanças, tanto fisiológicas, como emocionais e sociais, existe uma mudança no papel social desta mulher, que passa a assumir não só o lugar de filha, mas também o papel de mãe. Esta fase gravídica é caracterizada por muita ansiedade, pois vai além das transformações do corpo e dos cuidados com a saúde. Maldonado (2002), fala que este período é implicado por grandes mudanças, sendo elas perpassadas por perdas e ganhos, que por si só já seriam produtoras de sentimentos ambíguos.  Em casos consideráveis, ocorrem complicações, que exigem cuidados mais intensivos do bebê e por vezes também da mãe. Em virtude disso, criou-se a Uti neonatal, que é um espaço destinado ao acolhimento de recém-nascidos prematuros ou aqueles que apresentam alguma alteração orgânica ao nascer, podendo apresentar também baixa sobrevida. Sabendo que o esperado frente ao nascimento de um bebê é que este vá direto para os braços da mãe, saudável e pronto para entrar em comunicação, quando algo foge à regra, e esta idealização não pode ser concretizada, as mães tendem a sentir muita angústia, culpa, ansiedade, e podem vir a imaginar que de alguma forma contribuíram para este nascimento de risco.  Esta pesquisa quanti-qualitativa descritiva documental foi realizada a partir da coleta de dados, que constam informados nos prontuários médicos e resumos de alta dos bebês. O processo se deu a partir de uma pré análise dos resumos de alta da UTI neonatal e dos prontuários médicos, onde foi realizada a familiarização com os dados disponibilizados e a quantidade de informações. Em um segundo momento foram feitas as escolhas dos principais itens a serem explorados de acordo com os objetivos da pesquisa, e a partir disto, foi realizada uma análise estatística descritiva dos dados. Foram coletados um total de 562 (quinhentos e sessenta e dois) formulários em um período de 2 (dois) anos, incluindo 2016 e 2017, onde dentre estes constavam as seguintes informações para que pudesse ser levantado o perfil social e clínico das famílias:  idade, etnia, estado civil, naturalidade, cidade de domicílio, quantidade de gestações, escolaridade, abortos, filhos nascidos vivos, doenças anteriores ou gestoses, HIV, sífilis, hepatite, toxoplasmose, rubéola, hepatite c, citomegalovírus, Streptococcus, se a mãe possuía ou não leite para a amamentação, quantas semanas de gestação a mesma se encontrava no momento do parto, se ela realizou ou não pré-natal, quantas consultas em média haviam sido realizadas durante este período, o tipo de parto, o motivo deste parto, se realizou anestesia ou não, e se teve algum tipo de complicação durante este parto. Além disso, foi realizado o delineamento do perfil clínico e social dos bebês. Tendo como base que a hipótese levantada pela pesquisa era que a maioria dos bebês que são direcionados para UTI Neonatal, nascem prematuramente, ou seja, há rompimento prematuro da bolsa, ou alguma doença associada a gestação que recomende a antecipação deste parto, causadas provavelmente por questões de vulnerabilidade social. Dentre os resultados encontrados por intermédio do levantamento dos dados podemos confirmar em partes esta hipótese, já que no ano de 2017 observamos uma maior incidência de partos ocorridos pré-termo, isto é, com idades gestacionais entre 30 e 36 semanas. Porém, no ano de 2016, a maioria dos partos ocorreram com idades gestacionais acima de 37 semanas, o que refuta a hipótese, e nos faz questionar os principais motivos pelos quais estes bebês necessitaram deste acompanhamento em UTI Neonatal.  Obtivemos dados relacionados ao pré-natal, que demonstram um cuidado destas mães em relação ao acompanhamento, já que mais de noventa porcento destas realizaram ao menos uma consulta médica direcionada ao período gravídico que estavam vivenciando. Em relação ao tipo de parto ocorrido, podemos observar que em ambos os anos, mais da metade destes foram cesáreos, o que se justifica a partir da alta incidência de complicações maternas, que indicam este tipo de parto nestes casos, mas cabe também problematizar este dado, visto que o Brasil tem uma das maiores taxas de cesarianas no mundo, muitas delas fora de contexto, podendo inclusive ser classificada como uma violência obstétrica, segundo dados do Ministério da Saúde. Os resultados desta pesquisa sugerem várias áreas para estudos futuros, principalmente os que tangem ao longo prazo, sendo eles: problemas no desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, questões psicossociais desencadeadas pela permanência na Uti Neonatal. Por meio disto, torna-se fundamental buscar informações sobre os fatores associados a este nascimento. A pesquisa demonstra sua relevância para pensar a melhor forma de minimização dos impactos gerados. Fica evidente o delineamento deste perfil, como elencado no objetivo geral desta pesquisa. Pude levantar o perfil clínico e social destes bebês e seus familiares, e verifiquei que dentre entres relatórios não existe nenhum tópico que faça inferências a sofrimento psíquico destes familiares, servindo como sugestão, a inclusão deste tópico junto aos relatórios de internação destas mães, bem como a inclusão de dados relacionados a saúde mental dos pais que estão expostos ao ambiente da UTI Neonatal. Com base nestas informações, cabe ressaltar que o ambiente da UTI Neonatal, é composto por muitos estressores, tanto para os familiares como para o bebê, podemos elencar como exemplo, o excesso de manipulações, e estímulos que este bebê recebe, bem como o medo e a angústia vivenciados por estes pais, a insegurança de cuidar destes bebês, a fragilidade que encontram na vinculação, sendo assim, fica evidente a importância de desenvolver um trabalho conjunto com a equipe multidisciplinar e pensar ações que possam minimizar estes fatores, aumentando a confiança dos pais, bem como facilitando a construção de vínculo da díade ou tríade familiar. Com base nestas informações, cabe ressaltar que o ambiente da UTI Neonatal, é composto por muitos estressores, tanto para os familiares como para o bebê, podendo citar como exemplo, o excesso de manipulação, e estímulos que este bebê recebe, bem como o medo e a angústia vivenciados por estes pais, a insegurança de cuidar destes bebês, a fragilidade que encontram na vinculação, sendo assim, fica evidente a importância de desenvolver um trabalho conjunto com a equipe multidisciplinar e pensar ações que possam minimizar estes fatores, aumentando a confiança dos pais, bem como facilitando a construção de vínculo da díade ou tríade familiar.

Palavras-chave: gestação; mãe; bebê; parto; UTI Neonatal.