Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2021-12-19
Resumo
APRESENTAÇÃO: A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 31 de dezembro de 2019, foi informada sobre casos de pneumonia ocorridos na cidade de Wuhan, na China. O alerta referia-se a um novo tipo de coronavírus até então não visto em seres humanos. No dia 7 de janeiro de 2020, uma semana após, foi confirmada a nova cepa de coronavírus. Coronavírus é um tipo comum de vírus presentes em vários que estão por todos os lugares, causando resfriados comuns, raramente trazendo complicações graves aos humanos. São sete tipos conhecidos de coronavírus humanos, sendo o mais recente conhecido como novo coronavírus ou SARS-COV-2 responsável por causar a doença COVID-19. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou estado de Emergência de Saúde Pública Internacional pelo surto do novo coronavírus e a doença já se encontrava em 19 países. Até então haviam 7834 pessoas infectadas com a doença, sendo 98 pessoas infectadas fora da China. Devido a sua alta transmissibilidade e alto potencial de contaminação, o vírus se alastrou por todos os cinco continentes. No dia 11 de março de 2020, a OMS declarou que a COVID-19 era uma pandemia. Nessa data já haviam 118 mil casos em 114 países e 4,2 mil mortes. A COVID-19 se alastrou rapidamente pelos países entre os anos de 2020 e 2021. Diante desse contexto de pandemia, mundialmente foram implementadas várias medidas sociais e de saúde pública para se evitar a disseminação da doença com o objetivo de reduzir a morbimortalidade por COVID-19. Embora as vacinas estejam sendo implementadas, ainda é necessário que as estratégias de medidas de proteção individual, ambiental e de proteção coletiva continuem sendo utilizadas para diminuir a propagação da doença, o adoecimento da população e a sobrecarga dos sistemas de saúde. As medidas protetivas individuais incluem a lavagem das mãos, uso de álcool 70º, uso de máscaras, distanciamento físico, evitar aglomerações e etiqueta respiratória; as medidas ambientais referem-se à limpeza, higiene dos ambientes, desinfecção; medidas de distanciamento social; de vigilância e medidas referentes às viagens internacionais. Além dessas ações de proteção e prevenção, é de suma importância que a população seja informada adequadamente sobre todos os riscos trazidos pela COVID-19 à sua saúde. Essas informações precisam ser precisas, confiáveis e baseadas em evidências científicas para que a população possa cuidar de sua saúde e de seus familiares de forma adequada. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo analisar o conhecimento acerca das medidas protetivas à COVID-19, dos usuários adscritos da atenção primária à saúde de Alagoas.
DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa e transversal, sendo um recorte da pesquisa multicêntrica intitulada “Prevenção e controle da COVID-19: estudo multicêntrico sobre a percepção e práticas no cotidiano das orientações médico-científicas pela população dos territórios de abrangência da Atenção Primária à Saúde”; que ocorreu em território nacional, em 88 municípios e 134 equipes de saúde da família, realizada pela FIOCRUZ e a rede PROFSAUDE. Foi utilizado um questionário estruturado, autoaplicável, disponibilizado online através da plataforma do Google forms®. O questionário abordava três núcleos de informações: 1- características sociais, demográficas e econômicas; 2-relação com a UBS (unidade básica de saúde) e utilização dos serviços; e 3-fontes de informações/recomendações das medidas de prevenção e controle da COVID-19. Nos núcleos 2 e 3 as perguntas admitiam mais de uma resposta. Foram incluídos na pesquisa os usuários cadastrados que tenham frequentado a UBS nos últimos 90 dias, maiores de 18 anos. Foram excluídos os usuários sem acesso à internet, que não tenham frequentado a UBS nos últimos 90 dias. Em Alagoas, participaram do estudo 440 pessoas, residentes na capital, Maceió e nas seguintes cidades do interior do estado, a saber: Arapiraca, Feira Grande e Atalaia.
RESULTADOS: Quando questionados como os participantes do estudo se informavam a respeito do coronavírus, a resposta mais frequente, com 81,81%, foi a televisão; seguida dos profissionais de saúde (incluindo os agentes comunitários de saúde) com 66,36%; da internet com 65% e dos amigos, parentes e vizinhos com 37,04%. Acerca das fontes informações mais confiáveis sobre prevenção à COVID-19, 65,90% dos entrevistados responderam que são os profissionais de saúde (incluindo os agentes comunitários de saúde); seguida da televisão com 41,36% e da internet com 34,54%; com destaque para 18,4% das pessoas que citaram se sentir muito bem-informados pelas redes sociais. Esses dados ressaltam a importância dos profissionais de saúde no cenário pandêmico e que diante de uma situação de emergência de saúde pública, como a resultante do novo coronavírus, uma numerosa quantidade de informações foi gerada, não apenas de fontes cientificamente confiáveis como também de fontes duvidosas, o que dificulta a escolha correta de medidas para a proteção da saúde por parte da população, fenômeno denominado de infodemia. Segundo a OMS, “a palavra infodemia se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção obscura. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus”. O acesso à internet e às redes sociais levou a uma abundância de informações sobre a pandemia, pelas mais diversas pessoas e nos mais diversos países, sendo muitas dessas informações geradas sem fundamentos e sem evidências, o que se tornou um problema. A infodemia e a desinformação podem afetar de maneira grave a saúde da população em todos os aspectos. Informações falsas e imprecisas mudam o comportamento das pessoas, podendo fazê-las assumir certas condutas prejudiciais a elas e ao coletivo. Em 2021, a OMS atualizou seu Plano Estratégico de Preparação e Resposta à COVID-19 acrescentando em seus objetivos estratégicos a capacitação da comunidade e combate à infodemia, ou seja, incentivar as comunidades a serem ativas no processo de tomada de decisões, propagando a comunicação de risco de forma a combater boatos e a desinformação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem papel de destaque por ser considerada a porta de entrada aos serviços de saúde e seus profissionais estarem em posição privilegiada de vínculo com a comunidade, sendo importantes para disseminação de informações seguras e de qualidade principalmente durante a crise pandêmica atual. A APS bem consolidada e cumprindo suas funções tem grandes possibilidades de combater de forma eficaz a pandemia. O empoderamento da população no cuidado à sua saúde através da criação do vínculo entre profissionais e a população fortalece o engajamento comunitário em todos os níveis e melhora a comunicação de risco, promovendo, assim, a confiança e a disseminação de informações seguras, realmente efetivas e adequadas as realidades dos territórios adscritos. Ter esse contato próximo e a comunicação eficaz ajuda a mudar comportamentos e a fornecer informações científicas de forma simples, objetiva e passível de entendimento pela comunidade, para que assim os indivíduos incorporem as medidas de proteção à COVID-19 em seu cotidiano e garantam a manutenção da sua saúde.