Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Infodemia e os desafios da prevenção à COVID-19 nos territórios da APS em Alagoas
Michael Ferreira Machado, Isa Carolina Gomes Félix, Bruno Quintela Souza de Moraes, Matheus Santos Duarte, Litieska Barros da Silva Santos, Carlos Dornels Freire de Souza

Última alteração: 2021-12-19

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 31 de dezembro de 2019, foi informada sobre casos de pneumonia ocorridos na cidade de Wuhan, na China. O alerta referia-se a um novo tipo de coronavírus até então não visto em seres humanos. No dia 7 de janeiro de 2020, uma semana após, foi confirmada a nova cepa de coronavírus. Coronavírus é um tipo comum de vírus presentes em vários que estão por todos os lugares, causando resfriados comuns, raramente trazendo complicações graves aos humanos. São sete tipos conhecidos de coronavírus humanos, sendo o mais recente conhecido como novo coronavírus ou SARS-COV-2 responsável por causar a doença COVID-19. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou estado de Emergência de Saúde Pública Internacional pelo surto do novo coronavírus e a doença já se encontrava em 19 países. Até então haviam 7834 pessoas infectadas com a doença, sendo 98 pessoas infectadas fora da China. Devido a sua alta transmissibilidade e alto potencial de contaminação, o vírus se alastrou por todos os cinco continentes. No dia 11 de março de 2020, a OMS declarou que a COVID-19 era uma pandemia. Nessa data já haviam 118 mil casos em 114 países e 4,2 mil mortes. A COVID-19 se alastrou rapidamente pelos países entre os anos de 2020 e 2021. Diante desse contexto de pandemia, mundialmente foram implementadas várias medidas sociais e de saúde pública para se evitar a disseminação da doença com o objetivo de reduzir a morbimortalidade por COVID-19. Embora as vacinas estejam sendo implementadas, ainda é necessário que as estratégias de medidas de proteção individual, ambiental e de proteção coletiva continuem sendo utilizadas para diminuir a propagação da doença, o adoecimento da população e a sobrecarga dos sistemas de saúde. As medidas protetivas individuais incluem a lavagem das mãos, uso de álcool 70º, uso de máscaras, distanciamento físico, evitar aglomerações e etiqueta respiratória; as medidas ambientais referem-se à limpeza, higiene dos ambientes, desinfecção; medidas de distanciamento social; de vigilância e medidas referentes às viagens internacionais. Além dessas ações de proteção e prevenção, é de suma importância que a população seja informada adequadamente sobre todos os riscos trazidos pela COVID-19 à sua saúde. Essas informações precisam ser precisas, confiáveis e baseadas em evidências científicas para que a população possa cuidar de sua saúde e de seus familiares de forma adequada. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo analisar o conhecimento acerca das medidas protetivas à COVID-19, dos usuários adscritos da atenção primária à saúde de Alagoas.

DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa e transversal, sendo um recorte da pesquisa multicêntrica intitulada “Prevenção e controle da COVID-19: estudo multicêntrico sobre a percepção e práticas no cotidiano das orientações médico-científicas pela população dos territórios de abrangência da Atenção Primária à Saúde”; que ocorreu em território nacional, em 88 municípios e 134 equipes de saúde da família, realizada pela FIOCRUZ e a rede PROFSAUDE. Foi utilizado um questionário estruturado, autoaplicável, disponibilizado online através da plataforma do Google forms®. O questionário abordava três núcleos de informações: 1- características sociais, demográficas e econômicas; 2-relação com a UBS (unidade básica de saúde) e utilização dos serviços; e 3-fontes de informações/recomendações das medidas de prevenção e controle da COVID-19. Nos núcleos 2 e 3 as perguntas admitiam mais de uma resposta. Foram incluídos na pesquisa os usuários cadastrados que tenham frequentado a UBS nos últimos 90 dias, maiores de 18 anos. Foram excluídos os usuários sem acesso à internet, que não tenham frequentado a UBS nos últimos 90 dias. Em Alagoas, participaram do estudo 440 pessoas, residentes na capital, Maceió e nas seguintes cidades do interior do estado, a saber: Arapiraca, Feira Grande e Atalaia.

RESULTADOS: Quando questionados como os participantes do estudo se informavam a respeito do coronavírus, a resposta mais frequente, com 81,81%, foi a televisão; seguida dos profissionais de saúde (incluindo os agentes comunitários de saúde) com 66,36%; da internet com 65% e dos amigos, parentes e vizinhos com 37,04%. Acerca das fontes informações mais confiáveis sobre prevenção à COVID-19, 65,90% dos entrevistados responderam que são os profissionais de saúde (incluindo os agentes comunitários de saúde); seguida da televisão com 41,36% e da internet com 34,54%; com destaque para 18,4% das pessoas que citaram se sentir muito bem-informados pelas redes sociais. Esses dados ressaltam a importância dos profissionais de saúde no cenário pandêmico e que diante de uma situação de emergência de saúde pública, como a resultante do novo coronavírus, uma numerosa quantidade de informações foi gerada, não apenas de fontes cientificamente confiáveis como também de fontes duvidosas, o que dificulta a escolha correta de medidas para a proteção da saúde por parte da população, fenômeno denominado de infodemia. Segundo a OMS, “a palavra infodemia se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção obscura. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus”. O acesso à internet e às redes sociais levou a uma abundância de informações sobre a pandemia, pelas mais diversas pessoas e nos mais diversos países, sendo muitas dessas informações geradas sem fundamentos e sem evidências, o que se tornou um problema. A infodemia e a desinformação podem afetar de maneira grave a saúde da população em todos os aspectos. Informações falsas e imprecisas mudam o comportamento das pessoas, podendo fazê-las assumir certas condutas prejudiciais a elas e ao coletivo. Em 2021, a OMS atualizou seu Plano Estratégico de Preparação e Resposta à COVID-19 acrescentando em seus objetivos estratégicos a capacitação da comunidade e combate à infodemia, ou seja, incentivar as comunidades a serem ativas no processo de tomada de decisões, propagando a comunicação de risco de forma a combater boatos e a desinformação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem papel de destaque por ser considerada a porta de entrada aos serviços de saúde e seus profissionais estarem em posição privilegiada de vínculo com a comunidade, sendo importantes para disseminação de informações seguras e de qualidade principalmente durante a crise pandêmica atual. A APS bem consolidada e cumprindo suas funções tem grandes possibilidades de combater de forma eficaz a pandemia. O empoderamento da população no cuidado à sua saúde através da criação do vínculo entre profissionais e a população fortalece o engajamento comunitário em todos os níveis e melhora a comunicação de risco, promovendo, assim, a confiança e a disseminação de informações seguras, realmente efetivas e adequadas as realidades dos territórios adscritos. Ter esse contato próximo e a comunicação eficaz ajuda a mudar comportamentos e a fornecer informações científicas de forma simples, objetiva e passível de entendimento pela comunidade, para que assim os indivíduos incorporem as medidas de proteção à COVID-19 em seu cotidiano e garantam a manutenção da sua saúde.