A ideia deste trabalho é antes de tudo repensar cuidado em saúde a partir do acolhimento a mulher que suspeita gestar. Este é uma composição do trabalho de doutoramento da autora. Buscamos um debate entre pares sobre que cenários são esses de acolhida e como estão configurados em prática na atenção primária a saúde ( APS). Mais do que repostas e caminhos bem trilhados essa reflexão busca a inquietação para a ampliação do olhar para superação de práticas de cuidado naturalizadas no cotidiano que por vezes podem produzir invisibilidades do outro.

A esta proposição lançamos as questões: Como e onde estamos acolhendo as mulheres que suspeitam gestar e seus acompanhantes? Há espaços privilegiados de conversa e escuta? Quem acolhe? Vamos refletir sobre o espaço de organização do teste rápido de gravidez no cotidiano da APS?

Destacamos que o teste rápido de gravidez pode ofertar resultados esperados e desejados, bem como não esperados e não desejados, sendo este a principal oferta de confirmação da gestação na APS. Como tem sido a organização deste encontro-acolhida entre o profissional e a mulher que suspeita gestar e seu acompanhante? Temos ofertado esse momento em grupo, individual?  Alguma abordagem padronizada e / ou organizada para esse momento?

Esperamos o descortinar de olhares e práticas enraizadas de cuidado que produzam violências, submissões, opressões, para trazer a pauta reflexões de como (re) configurar espaços de acolhida com respeito, privacidade e escuta sensível a mulher que busca a APS para confirmar uma gestação.

Muitos trabalhos de algum modo buscam analisar a questão do cuidado. Mattos ( 2010) defende a noção de cuidado em saúde como um conjunto de práticas sociais, que  transcorrem a partir das relações da vida concreta, atravessadas sempre pelas diversas formas de exercício de poder. Desta forma, desafiamos a nós e aos leitores deste trabalho a refletir sobre a expressão do cuidado em saúde nos cenários de acolhida a mulher que suspeita gestar na atenção primária a saúde.