Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O uso do role-play como recurso pedagógico na educação médica
Rafaela Pereira Anelvoi, Ana Beatriz Amorim Nunes, Elis Machado Carbonell Dominguez, Gabrielle de Ávila Augusto, Giovani Mendola Perobelli, Mariane Rabelo Coelho Fernandes, Jéssica Bruna Borges Pereira, Mariana Hasse

Última alteração: 2021-12-18

Resumo


Apresentação: Estratégias educacionais baseadas em simulação são utilizadas no ensino de habilidades técnicas, de comunicação e relacionamento para estudantes da área da saúde com sucesso. O role-play é uma técnica de simulação na qual discentes são convidados a atuar em determinado contexto, interpretando papéis específicos, de acordo com o esperado em sua situação real. Como resultado, os envolvidos na atividade podem desenvolver as competências necessárias para lidar com situações, contextos e pacientes similares. O objetivo deste trabalho é descrever uma experiência de uso de role play vivida por acadêmicos de Medicina em uma universidade federal mineira. Desenvolvimento: Devido ao isolamento necessário decorrente da pandemia, e consequente implementação de ensino remoto, o uso do role-play foi inserido como estratégia metodológica no currículo de Saúde Coletiva II de um curso de graduação em Medicina. O objetivo de usá-lo seria o desenvolvimento de competências éticas e técnicas para o atendimento de vítimas de violência. Para isso, um caso fictício de violência sexual contra uma mulher lésbica foi disponibilizado e os estudantes do componente se dividiram em pequenos grupos para simular um atendimento adequado à paciente do caso. Após aulas teóricas sobre o tema, na qual foram abordadas questões como determinantes sociais de saúde, vulnerabilidade, trabalho em rede/intersetorialidade e produção do cuidado, os estudantes deveriam criar um roteiro de atendimento para o caso. O atendimento deveria, minimamente prever 1) a identificação das principais informações da vida pessoal da paciente; 2) levantamento dos dados relacionados à violência vivida; 3) identificação das demandas e necessidades relacionadas à situação; 4) orientações adequadas sobre direitos e rede disponível para o caso e 5) garantia de um atendimento ético. Após preparo supervisionado e apresentação das simulações, as docentes realizaram feedback e as dúvidas dos estudantes foram. Resultados: Os discentes entendem que a experiência facilitou o processo de aprendizagem. Ela favoreceu o entendimento da entrevista médica como uma ferramenta importante para o estabelecimento de vínculo e acolhimento, parte fundamental do cuidado a situações de violência. Algumas dúvidas foram recorrentes – em especial relacionadas à notificação da violência – e sinalizaram às docentes pontos precisavam ser retomados, o que foi feito no momento do feedback. Por fim, a interação com pacientes reais, adiada devido a pandemia, pode ser de alguma forma vivida através da simulação e possibilitou o contato com algumas emoções difíceis que o atendimento a situações de violência pode gerar, como medo, raiva e sensação de impotência. Entrar em contato com esses sentimentos de forma segura e com garantia de acolhimento é parte fundamental da formação de futuros profissionais sensíveis de qualificados para lidar com os casos. Considerações finais: O uso da técnica de role-play no ensino médico se apresentou como um método eficaz para desenvolvimento de habilidade de comunicação – não apenas com os futuros pacientes, mas também com os colegas. É uma estratégia relevante para momentos de isolamento social, mas pode – e deve – ser também utilizada em momentos presenciais por possibilitar a aproximação de temas sensíveis de forma segura.