Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2021-12-18
Resumo
Apresentação: Estratégias educacionais baseadas em simulação são utilizadas no ensino de habilidades técnicas, de comunicação e relacionamento para estudantes da área da saúde com sucesso. O role-play é uma técnica de simulação na qual discentes são convidados a atuar em determinado contexto, interpretando papéis específicos, de acordo com o esperado em sua situação real. Como resultado, os envolvidos na atividade podem desenvolver as competências necessárias para lidar com situações, contextos e pacientes similares. O objetivo deste trabalho é descrever uma experiência de uso de role play vivida por acadêmicos de Medicina em uma universidade federal mineira. Desenvolvimento: Devido ao isolamento necessário decorrente da pandemia, e consequente implementação de ensino remoto, o uso do role-play foi inserido como estratégia metodológica no currículo de Saúde Coletiva II de um curso de graduação em Medicina. O objetivo de usá-lo seria o desenvolvimento de competências éticas e técnicas para o atendimento de vítimas de violência. Para isso, um caso fictício de violência sexual contra uma mulher lésbica foi disponibilizado e os estudantes do componente se dividiram em pequenos grupos para simular um atendimento adequado à paciente do caso. Após aulas teóricas sobre o tema, na qual foram abordadas questões como determinantes sociais de saúde, vulnerabilidade, trabalho em rede/intersetorialidade e produção do cuidado, os estudantes deveriam criar um roteiro de atendimento para o caso. O atendimento deveria, minimamente prever 1) a identificação das principais informações da vida pessoal da paciente; 2) levantamento dos dados relacionados à violência vivida; 3) identificação das demandas e necessidades relacionadas à situação; 4) orientações adequadas sobre direitos e rede disponível para o caso e 5) garantia de um atendimento ético. Após preparo supervisionado e apresentação das simulações, as docentes realizaram feedback e as dúvidas dos estudantes foram. Resultados: Os discentes entendem que a experiência facilitou o processo de aprendizagem. Ela favoreceu o entendimento da entrevista médica como uma ferramenta importante para o estabelecimento de vínculo e acolhimento, parte fundamental do cuidado a situações de violência. Algumas dúvidas foram recorrentes – em especial relacionadas à notificação da violência – e sinalizaram às docentes pontos precisavam ser retomados, o que foi feito no momento do feedback. Por fim, a interação com pacientes reais, adiada devido a pandemia, pode ser de alguma forma vivida através da simulação e possibilitou o contato com algumas emoções difíceis que o atendimento a situações de violência pode gerar, como medo, raiva e sensação de impotência. Entrar em contato com esses sentimentos de forma segura e com garantia de acolhimento é parte fundamental da formação de futuros profissionais sensíveis de qualificados para lidar com os casos. Considerações finais: O uso da técnica de role-play no ensino médico se apresentou como um método eficaz para desenvolvimento de habilidade de comunicação – não apenas com os futuros pacientes, mas também com os colegas. É uma estratégia relevante para momentos de isolamento social, mas pode – e deve – ser também utilizada em momentos presenciais por possibilitar a aproximação de temas sensíveis de forma segura.