Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2021-12-23
Resumo
A sífilis congênita é um sério problema de saúde pública no Brasil. Tal agravo já deveria ter sido eliminado conforme o pacto para eliminação da sífilis congênita até o ano 2000. Contudo, ainda persiste com elevada incidência, com 09 casos por 1000 nascidos vivos, enquanto para ser considerada eliminada dever ter menos que 0,5 casos por 1000 nascidos vivos. Ante a problemática, têm-se várias iniciativas governamentais a exemplo do Projeto “Sífilis Não”, do Ministerio da Saúde, vigente desde 2018. Assim, busca-se analisar as perspectivas e desafios para redução da Sífilis Congênita na perspectiva dos apoiadores institucionais do Projeto “Sífilis Não”. Trata-se de estudo exploratório, qualitativo, que envolveu a participação de 26 apoiadores institucionais do Projeto “Sífilis Não”, selecionados intencionalmente. Estes atuam nos 26 estados e no Distrito Federal, abrangendo capitais e regiões metropolitanas. As informações foram coletadas de fontes secundárias, quais sejam as entrevistas gravadas em treze vídeos, resultantes das lives realizadas no âmbito do Projeto “Sífilis Não”, disponíveis em: https://www.youtube.com/sifilisnao, sendo analisadas com base na análise de conteúdo dirigida. Os preceitos éticos da pesquisa foram respeitados, conforme estabelecido na Resolução nº 510/2016. Evidenciou-se que os apoiadores, no exercício do apoio institucional, apontam como perspectivas as seguintes ações: a capacitação dos profissionais para testagem rápida, diagnóstico precoce e tratamento adequado das gestantes com sífilis; a condução para descentralização da penicilina benzatina para todas as unidades de saúde; a indução da implantação ou estruturação dos comitês de investigação da transmissão vertical e a construção de fluxos na rede de atenção à saúde, possibilitando a articulação da atenção primária com as maternidades. Entre os desafios, foram apontados: manejo clinico adequado das gestantes, resistência dos profissionais em administrar penicilina nas unidades básicas de saúde, qualidade das informações na notificação de casos e registro correto no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o que dificulta a análise da situação de saúde e tomada de decisão; e a rotatividade de profissionais que se torna uma situação crítica para a continuidade do cuidado e o seguimento das crianças com sífilis, de forma oportuna e efetiva. Neste contexto, o Projeto “Sífilis Não” revela suas potencialidades pela atuação dos apoiadores no fomento das ações frente à gestão, contribuindo para a qualificação do cuidado e resolutividade. Ao mesmo tempo, apresenta desafios relacionados ao enfrentamento da sífilis congênita nas diversas esferas, desde o conhecimento a respeito desse agravo, que ainda é incipiente, até a fragilidade da rede na assistência ao binômio mãe-filho, que compromete a gestão do cuidado dessas crianças.