Apresentação:

Relata-se uma experiência criada pelo grupo “Saúdart”, composto de Agentes Comunitários de Saúde da ESF Nazaré (Natal/RN). A Estratégia Saúde da Família (ESF) tem, entre suas atribuições, o uso de tecnologias leves para intervenção no processo saúde-doença-cuidado para melhorar o bem-estar de seus usuários. A música, através de seus elementos (ritmo, melodia e harmonia) pode ser utilizada no contexto clínico-educacional-social para minimizar sofrimentos. O objetivo proposto foi promover a saúde mental utilizando a música como ferramenta de interação social para melhorar o bem-estar de usuários acamados ou domiciliados em sofrimento e/ou isolamento social.

Desenvolvimento do trabalho:

A prática consiste em levar música ao lar de pessoas acamadas/domiciliadas. A produção de cada evento (quinzenal) envolve cinco momentos: conhecimento prévio das famílias elegíveis; visita domiciliar, para oferta da ação e sondagem do gosto musical; ensaio das músicas escolhidas; ação propriamente dita; e avaliação interativa. A coleta e construção dos dados envolveu observação direta, diário de campo e registro (filmagem) de Cenas Significativas, que são recortes peculiares do conjunto de ações sucessivas dos sujeitos em torno de um motivo. A análise agregou aportes da Fenomenologia, compreendendo manifestações em torno da intencionalidade das ações efetuadas a partir da fluidez com que as pessoas se expressaram.

Resultados e/ou impactos:

As edições realizadas (dezenas) contribuíram para a diminuição do isolamento social; resgataram papéis sociais pelo engajamento individual e familiar; despertaram a criatividade dos participantes; aumentaram a capacidade comunicativa dos sujeitos; promoveram maior troca de experiências entre os usuários, suas famílias e os profissionais de saúde; maior interação social e melhoria das relações interpessoais. As ações ainda contemplaram momentos de espiritualidade, e de reforço da fé, para equilibrar pensamentos e sentimentos. Destaca-se também o fortalecimento de vínculos, a melhoria na auto-estima, o gerenciamento do estresse, a nostalgia da alegria adormecida na melancolia cotidiana.

Considerações finais:

O potencial terapêutico da música é relevante, nos espaços de encontro entre pessoas, onde o cuidado é semeado. Os circuitos virtuosos de reciprocidade, presentes nos espaços de interações sociais, potencializam as trocas simbólicas e os vínculos entre os participantes, fortalecendo as práticas coletivas. Assim, a saúde é promovida e a tristeza, prevenida, na valorização dos atributos humanos pelo reconhecimento de si e dos outros, compartilhando compreensão e sentimentos.