Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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(Des)embaralhar: A ludicidade como estratégia de cuidado à gestantes de alto risco internadas em uma Maternidade Pública de Salvador-BA
Clara de Oliveira, Thércia Araújo Vila Nova

Última alteração: 2021-12-20

Resumo


O presente relato de experiência apresenta a elaboração e utilização de um recurso lúdico com Gestantes de Alto Risco em uma Maternidade Pública de Salvador-BA. Dessa forma, tem-se que o ciclo gravídico-puerperal é um período de mudanças biopsicossociais e ao se tratar de uma gravidez de alto risco os cuidados possuem particularidades e deve compreender o sujeito de forma integral. Esse trabalho é parte das intervenções psicossociais na ala Gestantes de Alto Risco (GAR) da Maternidade, conduzidas no contexto de um estágio curricular de Psicologia. Diante do exposto, o trabalho da Psicologia no GAR abarca questões concernentes ao ciclo gravídico- puerperal no contexto do internamento e suas repercussões sociais e  psicoemocionais. O (Des)embaralhar é um recurso utilizado nas intervenções psicossociais e tem como objetivo promover a emergência dos sentimentos a partir de imagens disparadoras em suas cartas e promover discussões grupais. Baseando-se em três eixos denominados naipes, a saber: estilos parentais; redes de apoio; união feminina. Com isso, visa auxiliar na compreensão do ciclo gravídico puerperal, a partir da sua história de vida e manejo para enfrentar o internamento prolongado, através da nomeação dos sentimentos diante do atual estado de saúde e momento de vida. Trata-se de um relato de experiência, a elaboração do (Des)embaralhar foi alicerçado nas seguintes etapas: (1) demanda, provenientes da escuta individual; (2) pré- análise, tendo como base a pesquisa na literatura sobre recursos lúdicos na vida adulta; (3) foco, levou-se em consideração o contexto que seria aplicado, para se definir os títulos dos naipes e as imagens presentes nas cartas; (4) enquadre, considerou-se o perfil das pacientes- composto por mulheres negras em sua maioria, gestantes internadas por condições de saúde que demande cuidados hospitalares, sendo o descontrole da diabetes e hipertensão os principais casos; (5) planejamento flexível, considerando a rotina hospitalar. Tem-se como resultados as discussões que perpassaram por temáticas como trabalho invisibilizado, autocuidado, maternidade real/ideal, vinculação da díade.  A utilização do (Des)embaralhar como recurso lúdico coloca o sujeito na centralidade das decisões, respeitando sua história e intersecções. Assim sendo, três cartas de cada naipe são distribuídas e cada participante escolhe a carta que mais lhe chama a atenção e a apresenta ao grupo para posterior discussão. Dessa forma, o (Des)embaralhar reforça o lugar do sujeito como promotor da fala e escuta terapêutica, capaz de fortalecer o vínculo paciente e profissional da Psicologia- o que favorece na construção conjunta do cuidado, gerando a possibilidade de mudanças sociais.