Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A gestão do cuidado integral como uma experiência pedagógica na Educação Profissional em Saúde
Marcello Coutinho

Última alteração: 2021-12-21

Resumo


Trata-se de uma experiência ocorrida na disciplina Tecnologias de Gestão em Saúde, componente curricular do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Para tornar a construção e gestão de linhas de cuidado integral em saúde mais concreta para educandos de nível médio foi proposto um trabalho final, no qual a turma foi dividida em quatro equipes gestoras, devendo identificar as demandas sanitárias da população do seu território fictício e transformá-los em “oportunidades de mudança”, bem como, saber envolver e comprometer usuários e profissionais de saúde com o projeto terapêutico a ser desenvolvido. Foram propostos os seguintes segmentos de Linhas de Cuidado Integral em Saúde – Saúde Materno-Infantil, Saúde do Idoso, Saúde Mental, Diabetes / Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Saúde da População Negra, Saúde dos Povos e Grupos Tradicionais (População Indígena/Quilombola e Ribeirinha) e, Saúde Bucal. Cada equipe gestora criou um determinado processo de Gestão de Linhas do Cuidado Integral em Saúde de um território fictício, com vistas aos enfrentamentos vivenciados pela equipe gestora, a partir das dimensões – individual, familiar, profissional, organizacional e sistêmica. Observou-se que os educandos conseguiram perceber a relevância da experiência pedagógica proposta, assim como atingiram de forma geral, os objetivos elencados. A possibilidade de construir segmentos de linhas de cuidado integral a partir de territórios fictícios fez com que a percepção teórica e concreta se desse forma dinâmica e articulada com os desafios do SUS, inclusive, no que diz respeito à gestão participativa e a contrarreforma sanitária brasileira. Isto é, estratégias de privatização da gestão e da força de trabalho no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), tais como empresa brasileira de serviços hospitalares (EBSERH) e organizações sociais da saúde (OSS), subfinanciamento / desfinanciamento, oferta de “planos populares” de saúde, hegemonização de um modelo hospitalocêntrico, médico centrado, dentre outros aspectos. Constatou-se que um ponto forte da apresentação dos trabalhos foi a questão da gestão do trabalho. Nesse sentido, argumentam Merhy e Onocko (1997) que a organização dos processos de trabalho surge como a principal questão a ser enfrentada para a mudança dos serviços de saúde, a fim de colocá-lo operando de forma centrada no usuário e suas necessidades. A partir da escolha de um determinado segmento de linha de cuidado (HAS, Saúde Bucal e Saúde Materno-Infantil), de acordo com as características sócio-sanitárias dos territórios fictícios, as equipes gestoras puderam construir fluxos de atenção e saúde e problematizar as dificuldades enfrentadas por gestores do SUS em seu cotidiano. Entende-se, portanto, que a experiência teve êxito em sua proposta e execução pelos educandos, o que fortalece a Educação Profissional em Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde.