O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) incorpora diretrizes como a cogestão, a clínica ampliada e apoio matricial, que requisitam de todos os profissionais a corresponsabilidade no processo de cuidar no território. Neste cenário, a gestão do cuidado emprega tecnologias em saúde para atender às necessidades singulares de cada usuário nos diferentes momentos de sua vida, buscando promover o seu bem-estar, desenvolver sua autonomia e favorecer a materialização de práticas equânimes, humanizadas, resolutivas e de qualidade. Neste sentido, objetiva-se analisar as concepções e práticas dos profissionais do NASF-AB na gestão do cuidado em saúde. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizado em um Município da Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará, Brasil. Participaram da pesquisa 12 profissionais de saúde de uma equipe do NASF-AB, sendo seis deles efetivos da equipe e os demais, integrantes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Utilizou-se o grupo focal como técnica de coleta de dados, os quais foram analisados e interpretados pela Análise de Conteúdo Temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética sob o Parecer nº 1.876.254. Evidenciou-se que os profissionais do NASF-AB apresentam concepções de gestão do cuidado associadas ao processo de trabalho interprofissional, intersetorial e em rede, buscando atender às necessidades dos usuários, imbuídos pela coordenação do cuidado, organização da oferta do cuidado (ações e serviços), corresponsabilização e construção da autonomia dos sujeitos. No processo de trabalho em equipe, revela-se a necessidade de um atuar interdisciplinarmente, considerando que os saberes se complementam e se articulam de diferentes núcleos profissionais para atender às necessidades de saúde dos usuários, tendo em vista que o cenário de atuação no NASF-AB requer um trabalho interdisciplinar para o alcance do cuidado integral. Outro aspecto destacado é a utilização das tecnologias em saúde (leve, dura e leve-dura), em especial, o emprego das tecnologias leves que são produzidas no trabalho vivo em ato e possibilitam vínculos (a)efetivos entre usuário/equipe/profissional, fortalecendo os espaços relacionais das interações, contribuindo para a oferta de um cuidado singular e articulado com a Rede de Atenção à Saúde. No que se referem às práticas, evidencia-se a mobilização de recursos, articulação de dispositivos e ferramentas para a garantia do cuidado integral, na perspectiva do aumento da resolutividade da atenção. No entanto, necessário se faz estabelecer critérios e fluxos de acesso entre as equipes de saúde e o NASF-AB, melhorias no processo de planejamento, avaliação e monitoramento conjunto das ações para revitalizar os encontros terapêuticos e fortalecer a qualidade dos serviços ofertados aos usuários. Considera-se, então, que os profissionais compreendem, de forma adequada, a gestão do cuidado e suas concepções e práticas no âmbito do NASF-AB, necessitando fortalecer as tecnologias relacionais, os critérios e fluxos de acesso e o planejamento das ações para tonificar o processo de trabalho e ampliar as possibilidades no desenvolvimento de competências para a gestão do cuidado, com vistas a atender às diretrizes preconizadas pelas políticas públicas de saúde.