Esse texto tem o ritmo e a forma de um diário de campo. Trata-se de um relato de experiência, a partir de observação participante, na rotina de uma profissional de enfermagem no atendimento das Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS), em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no município de Cuiabá, Mato Grosso. Foram realizadas 16 visitas, no período de agosto a dezembro de 2021, como parte da dissertação de Mestrado na perspectiva antropológica, com foco nas PICS. O atendimento complementar tem respaldo na Lei 6.296 de 17/09/ 2018 do município de Cuiabá. Foram atendidas majoritariamente mulheres com quadros diversos de problemas de saúde como depressão, alergias, doenças gastrointestinais, tabagismo e apenas um homem por dependência química de álcool e outras drogas. Os atendimentos eram semanais com a prática de Auriculoterapia e Reiki que aconteciam posteriormente ao acolhimento e escuta qualificada dos usuários, e observei que, em alguns casos, as práticas se tornava a última alternativa de cuidado quando a medicina ocidental não estava dando os resultados esperados. As PICS, apesar de estarem previstas em lei municipal, ainda não estão sendo ofertadas em todas as UBS; o que se observa é o comprometimento individual de alguns profissionais na realização dessas práticas. Durante o tempo da observação, vários foram os relatos de melhora dos sintomas dos usuários, além de ser nítida a formação de vínculos entre eles e a profissional de enfermagem, princípio essencial na atenção primária à saúde e, além de ser uma alternativa de investimento com baixo custo. A educação permanente em saúde, para profissionais no que diz respeito às PICS e educação em saúde para os usuários, são ferramentas essenciais para a incorporação das PICS no cotidiano dos serviços e dos usuários – isso com a oferta do atendimento humanizado, integral, utilizando-se dos saberes profissionais e populares em saúde.