Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19
Rafael Bezerra Duarte, Naiane Maria Carlos Lima, Celestina Elba Sobral de Souza, Lucenir Mendes Furtado Medeiros, Ana Suelen Pedroza Cavalcante, Olga Maria de Alencar, Mirna Neyara Alexandre de Sá Barreto Marinho, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2021-12-22

Resumo


Apresentação: No final de 2019, na cidade de Wuhan, na China, surgiam os primeiros sinais de uma nova infecção a qual em ritmo acerado se alastrou chamando a atenção do mundo. Estamos falando da Corona Vírus Disease-2019 (COVID-19) cujo agente causado é o Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2 (Sars-Cov-2). A Covid-19 se trata de uma infecção respiratória aguda, potencialmente grave, e devido sua alta transmissibilidade e distribuição global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro de 2020, o surto como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) e, no dia 11 de março de 2020, caracterizou-o como Pandemia Mundial. Frente a tal situação emergencial, destaca-se a importância da Atenção Primária à Saúde (APS), pois se trata da principal porta de entrada dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda, dentro desse cenário, destaca-se a atuação da equipe de enfermagem, sobretudo, os enfermeiros, pois se encontram na linha de frente desenvolvendo ações para proteger a saúde das pessoas e salvar vidas. Neste período, esses profissionais tiveram que se reinventar, para assim buscar a garantia da resolutividade e, consequentemente, a oferta de um cuidado cada vez mais humanizado, integra, universal e equânime. Diante do exposto, objetivou-se analisar a atuação dos enfermeiros da Atenção Primária à Saúde frente à pandemia da Covid-19. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo com abordagem qualitativa, realizado no município de Icó, localizado na região Centro sul do estado do Ceará (CE), nordeste do Brasil, distante 375 km da capital Fortaleza. Contudo, o cenário da pesquisa foram as Unidade de Atenção Primaria à Saúde (UAPS) localizadas na zona urbana do referido município. Participaram da pesquisa oito profissionais enfermeiras. No que se refere a coleta de dados, a mesma se deu no período de maio a junho de 2021 através de uma entrevista semiestruturada. Tendo em vista o cenário de pandemia da Covid-19, as entrevistas foram realizadas via WhatsApp. Para isso, primeiro foi estabelecido o contato com as participantes, em seguida agendado o melhor dia para a realização das entrevistas. Além disso, foram enviados aos participantes o termo de consentimento, bem como, o termo de autorização do uso de imagem e voz, através de links, para o aceite de participar da pesquisa. Em relação ao método adotado para a análise de dados, foi elegido a técnica de análise de conteúdo proposto por Bardin, a qual segue três etapas (pré-análise, exploração do material, e tratamento dos resultados). A presente pesquisa foi desenvolvida conforme princípios da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, assim como, seguiu as orientações para pesquisa realizadas em ambientes virtuais postas no oficio circular 02/2021 do Ministério da Saúde (MS)/ Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Saúde (SECNS)/ Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Ainda, a pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio – UNILEÃO, por meio do parecer de nº 4.670.790. No mais, a pesquisa não apresentou conflitos de interesse entre pesquisadores e participantes, assim como, todos os materiais e recursos financeiros necessários foram de total responsabilidade dos pesquisadores. Resultados: Após a coleta de dados, por meio da entrevista, ao transcrever as falas e agrupa-las por conteúdos semelhantes, pode eleger três categorias. I – Ações desenvolvidas pelos enfermeiros da APS frente a pandemia da Covid-19.  Nesta categoria podemos identificar diante das falas que, as profissionais tiveram que readaptar sua rotina de trabalho, mudando completamente o fluxograma de atendimento. Entre as principais ações desenvolvidas pelas enfermeiras frente a pandemia da Covid-19 encontram-se, a realização da triagem dos pacientes, busca ativa e monitoramento dos casos suspeito e confirmados, orientação da comunidade, além da realização de educação em saúde acerca das recomendações da OMS em relação as medidas de prevenção, tratamento, sinais e sintomas da doença, uso da máscara, higienização das mãos, e distanciamento social. O fato e que, frente a pandemia provocada pela Covid-19, o profissional enfermeiro junto a equipe multidisciplinar, tem conseguido avançar as ações na APS mesmo passando por mudanças que interferem na saúde da comunidade, assim como, diante das incertezas e obstáculos. No mais, os enfermeiros tem sido os profissionais mais atuantes na organização do fluxo da APS, evidenciando desse modo o protagonismo da enfermagem. II – Dificuldades enfrentadas pelos(as) enfermeiros(as) da APS frente a pandemia da COVID-19. Pode-se observar nesta categoria que as principais dificuldades estão relacionadas as condições de trabalho, como por exemplo, condições de trabalho desfavoráveis, extensas e intensas jornadas de trabalho, bem com a carência de disponibilidade de Equipamento de Proteção Individual (EPIs), fator que pode aumenta o risco de contaminação e disseminação do novo coronavírus. Nas falas também foi possível identificar a questão do adoecimento dos próprios profissionais, sobretudo, no que diz respeito a problemas de saúde mental, tendo como destaque a ansiedade, o estresse e o medo de ser contaminado e contagiar os membros da família. Portanto, diante dos achados dessa categoria, destacamos que, além da prevenção do contágio dos trabalhadores por meio do uso dos EPIs, deve-se levar também em consideração a segurança física, condições de trabalho e estabilidade emocional e psíquica desses profissionais que atuam incansavelmente na linha de freta da APS conta Covid-19. III – Capacitação profissional para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 no âmbito da APS pelos profissionais enfermeiros. Nesta categoria pode-se constatar que algumas enfermeiras relatam que participaram de capacitações, outras que não, que receberam apenas orientações. Ainda, destaca-se que a maioria teve que buscar capacitações por conta própria, bem como, buscaram dialogar com outros profissionais acerca de suas experiências vivenciadas, para assim, da continuidade na assistência. Tal situação pode ser um dos motivos para as principais dificuldades encontradas pelos profissionais para se trabalhar na pandemia. Diante do exposto, a capacitação contínua dos profissionais enfermeiros atuantes na APS, é essencial para que os mesmos possam trabalhar melhor a saúde coletiva. Considerações finais: Diante os resultados, evidenciou-se que, com a pandemia da Covid-19, as enfermeiras tiveram que reestruturar sua rotina e atividades laborais, assim como, tem enfrentado diversos obstáculos e dificuldades, além da desvalorização e da fragilidade das leis e normas que deveriam assegurar a saúde e segurança destas profissionais. Destarte, se faz necessário um maior compromisso dos governos e órgãos fiscalizadores, buscando garantir pelo menos condições seguras de trabalho, capacitação continuada e maior valorização profissional. Além disso, espera-se que, com a concretização desta pesquisa, possa auxiliar tanto os enfermeiros, quanto os coordenadores da APS e gestores de saúde, na elaboração e planejamento de novas estratégias e ações no contexto da APS. No mais, este estudo apresentou como limitação a escassez de publicações, devido ao ineditismo da temática em questão, comprometendo assim as discussões. Contudo, a socialização desta pesquisa é fundamental para a compreensão e reflexão da importância que os profissionais de saúde, sobretudos, os enfermeiros, mesmo frente aos obstáculos, têm para os serviços de saúde na APS não apenas em tempos de pandemia.