Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-03
Resumo
Introdução: A violência contra a mulher é um problema mundial e uma a cada três mulheres, durante a vida, já sofreu violência física ou sexual por parceiro íntimo e mais de um terço dos feminicídios são cometidos também pelo parceiro. O isolamento social decorrente da pandemia da COVID-19 potencializou os indicadores de violência doméstica contra a mulher em todo o mundo. O Brasil registrou um aumento de 18% de denúncias pelos serviços de Disque 100 e Ligue 180. Nessa perspectiva, é necessário compreender os impactos do isolamento social para as mulheres vítimas de violência doméstica por parceiros íntimos. Objetivo: Compreender os impactos do isolamento social para mulheres vítimas de violência doméstica por parceiros íntimos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa realizada na base de dados da PubMed, utilizando os descritores baseados no Decs: social isolation AND violence against women AND COVID-19 pandemic AND intimate partner violence. Os critérios de inclusão foram artigos completos, em língua portuguesa e inglesa, publicados nos anos de 2020 e 2021 e excluídos teses, mestrados e dissertações. Resultados: Foram encontrados 5 artigos com o cruzamento dos descritores e após leitura, foram selecionados 4 artigos para a pesquisa. A pesquisa revela que no início da pandemia, países como França e China deram sinal de alarme devido aumento das notificações no número dos casos de violência em um período menor que 1 mês após o início do isolamento. Países como China, Espanha, Itália, Estados Unidos e Austrália, possuem um aumento exacerbado dos números, sendo em torno de 30 a 70% de novos casos. Os artigos atribuem esse aumento, não apenas pela coexistência forçada, mas também pelo estresse e ansiedade devido a pandemia e crise econômica. Durante esse período pandêmico, o acesso ao serviço de apoio à essas mulheres foi reduzido, principalmente nos setores assistenciais de saúde, segurança pública, justiça e social. Medidas foram implementadas nesse período como forma de ajuda para essas mulheres, como estratégias de palavras-código utilizadas em farmácias, além de locais de refúgio, após serem identificadas como vítimas de seus parceiros. No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) criou plataformas digitais de atendimento como o site ouvidoria.mdh.gov.br e por meio deste, não apenas as vítimas podem denunciar, mas também familiares, vizinhos e outros, além de poderem anexar fotos, vídeos, áudios e outros documentos que registrem a violência. Porém, o enfrentamento desse problema não deve ser apenas o acolhimento de denúncias, mas é necessário investir esforços para aumento das prevenções e resposta à violência, divulgação dos serviços disponíveis e capacitação da população no geral, para identificarem as mulheres em risco. Considerações Finais: Evidencia-se então a dimensão do problema de violência doméstica pelos parceiros íntimos em todo o mundo que foi potencializado no período de isolamento social, revelando uma grande vulnerabilidade das mulheres que não possuem segurança no próprio lar. Logo, é necessário um olhar cada vez mais atencioso para essas mulheres, para poder ampliar as estratégias de identificação e resgate delas nas situações de risco.