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A comunicação visando a  educação em saúde atua na orientação e conscientização sobre saúde e colabora para a promoção da prevenção e do cuidado, desde que as informações possuam fundamentação teórica e comprovação científica. Deste modo, produtos  de comunicação voltados para a educação em saúde devem dar ampla divulgação de importantes e confiáveis informações sobre saúde, servindo, assim, à sociedade, mas também funcionando como ferramenta educacional, na medida que os elaboradores e executores devem dominar a literatura do assunto abordado e são exigidos a desenvolver habilidades de comunicação, de tecnologias e de trabalho em equipe, essenciais para a formação de profissionais de saúde. Com isso, o objetivo deste relato é retratar os impactos  acadêmicos da elaboração, criação e execução de um produto de comunicação em saúde, sob a ótica dos discentes, facilitadores e especialista em comunicação.

Após participar de plenárias com profissionais dos serviços de saúde primário, secundário e terciário do município onde se localiza a IFES foi identificado como problemática que uma parcela adulta da população, não compreendia o funcionamento desses três níveis de atenção e que tal desconhecimento atrapalhava o  funcionamento do sistema de saúde local. A partir disso e associado às informações de especialistas em comunicação em saúde, um grupo de dez estudantes do primeiro ano do curso de medicina de uma instituição federal de ensino superior (IFES) localizada no estado de São Paulo decidiu por criar um perfil no Instagram denominado “Desvendando o SUS - Para Onde Eu Vou?”,  voltado para o público entre 18 e 35 anos, com o objetivo de explicar os diferentes níveis de atenção à saúde: primário, secundário e terciário e o funcionamento dessa estrutura. Os materiais (vídeos, publicações do tipo carrossel, além de postagens textuais) inseridos no perfil foram construídos ao longo dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2021 pelos próprios estudantes, baseados em literatura  previamente estudada e orientados pela facilitadora e uma especialista da área de comunicação em saúde. Após a produção e apresentação em plenária interna, optou-se por coletar, por meio  de formulários da plataforma Google, junto aos 10 estudantes responsáveis pelo perfil, aos quatro docentes responsáveis pela Unidade Educacional promotora das plenárias e a uma jornalista especializada em comunicação em saúde, as opiniões sobre a contribuição da elaboração de produto abordando educação em saúde na formação acadêmica de estudantes primeiro anistas. O questionário dos discentes possuía quatro questões fechadas abordando o domínio dos estudantes sobre o conteúdo abordado antes e após a elaboração do material e as percepções do grupo sobre a relevância desse trabalho para a sociedade e em suas formações; dos docentes, foram duas questões abertas e cinco fechadas abordando a importância acadêmica desse projeto, o comprometimento do grupo e a qualidade do material produzido. Nas questões fechadas foram utilizadas na escala de Likert de cinco pontos. Para a especialista, foi solicitado que ela escrevesse um pequeno texto discorrendo sobre a relevância de tal atividade para a formação acadêmica dos estudantes.

Analisando as respostas dos discentes, a maioria relatou ter pouco (dois) ou moderado (cinco) conhecimento sobre  os níveis de atenção em saúde antes da elaboração do produto, enquanto dos três restantes, um afirmou ter conhecimento muito bom e os outros dois, satisfatório . Após o planejamento, pesquisa e execução do projeto, todos afirmaram possuir excelente ou ótimo conhecimento sobre a temática,  o que evidencia como tal ferramenta empodera de conhecimento os próprios executores, aos sanar dúvidas ao longo da pesquisa, assim como estimulou a busca de  fontes confiáveis, como as diversas portarias do SUS. Quanto à relevância do perfil produzido, oito integrantes classificaram como “excelente”, pois relataram que o produto originado do esforço coletivo do grupo auxiliou mais de mil pessoas na sociedade, o que pode ter contribuído para uma melhora na qualidade de vida dos mesmos e dos que estavam ao seu redor. Quando questionados sobre o quanto a atividade foi importante para a formação em saúde, sete estudantes afirmaram acreditar ser de grande valia, dois afirmaram ser excelente e um acredita ser satisfatório, evidenciando que os alunos também têm a percepção sobre os ganhos com o desenvolvimento desse projeto.

Todos os facilitadores exaltaram a importância desse projeto no fomento do trabalho em grupo/equipe e no desenvolver, desde o início da formação acadêmica, de uma linguagem acessível, objetiva, clara, eficiente e que auxilie na promoção do autocuidado, melhorando o vínculo do profissional com a comunidade. Foram destacados, também, como a busca ativa de informações confiáveis para a elaboração do produto reforça a habilidade de aprender a aprender, ou seja, um processo continuado e autônomo por informações verdadeiras. Além disso, comentaram que a apresentação de tal produto em plenária provoca o domínio e a clareza do que se pretende comunicar, possibilitando a experiência em  críticas e comentários, de forma a sempre melhorar o produto. Quanto ao comprometimento do grupo com o projeto,  dois classificaram como “muito bom” e dois como “excelente”. Os facilitadores julgaram que o produto é de relevância e útil para a sociedade,  pois possibilita  acesso à informação de qualidade. Embora o uso de redes sociais não seja uma estratégia recente no mundo acadêmico, vem ganhando cada vez mais visibilidade e, consequentemente, sendo uma ferramenta cada vez mais útil no processo de formação de profissionais da saúde.

Para a especialista, “integrar a comunicação à formação nos cursos da área da saúde é fundamental, garantindo aos estudantes um processo formativo holístico, considerando as diversas aplicações da comunicação durante sua atuação, seja com seus pares, pacientes, imprensa e demais organizações”. Ademais, “profissionais que reconhecem a importância da comunicação, e sabem aplicá-la conforme o interesse público da informação, podem contribuir substancialmente para o acesso do público a informações confiáveis sobre saúde dentro da realidade e especificidade de cada contexto”.

Conclui-se, com isso, que, tanto sob a ótica dos estudantes, como dos facilitadores e da especialista, a ferramenta educacional empregada apresenta ganhos significativos em habilidades de trabalho em grupo,  de comunicação, de busca de informações fidedignas e possibilidade de desenvolver perfil sobre saúde pública, características  fundamentais para a formação de profissionais da área da saúde. Diante disso, sugere-se que a execução de projetos como esse seja mantida na IFES e expandida para outras instituições de ensino superior, não só no Brasil como em outros países, visto que o potencial de tal atividade, por meio da internet, se mostra impactante em realidades muito além das fronteiras nacionais.