Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-01-03
Resumo
Apresentação: Essa experiência aconteceu no contexto da primeira onda da COVID-19 no Brasil, e consequentemente, identificação de muitos usuários com sequelas motoras e cardiorrespiratórias e alta demanda à rede de atenção (RAS). A Atenção Primária à Saúde (APS) em Campo Grande/MS conta com 16 equipes dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Primária (NASF-AP) apoiando 45 unidades e organizou o fluxo de monitoramento e acompanhamento dos pacientes sintomáticos, enfrentando conjuntamente o desafio do manejo dos usuários com sequelas, contando com os fisioterapeutas das equipes. O objetivo é apresentar o relato pelos fisioterapeutas dos NASF-AP e o impacto no cotidiano do trabalho na APS da experiência de Educação Permanente em Saúde (EPS) denominada "Formação em reabilitação de pacientes pós-COVID para fisioterapeutas em projeto de colaboração entre SESAU e UFMS".
Desenvolvimento: Considerando o papel dos fisioterapeutas do NASF-AP na reabilitação, fomos provocados a capacitar-nos para qualificar o cuidado e absorver a nova demanda. Uma articulação entre Secretaria Municipal de Saúde com o curso de fisioterapia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) oportunizou a formação em reabilitação pós-COVID aos fisioterapeutas da RAS que desejaram compor o grupo. Os encontros semanais aconteceram via Google Meet entre 31/09/2020 e 15/12/2020, com a adoção de metodologia ativa, partindo das nossas experiências profissionais cotidianas (que deflagraram situações problemas, questões de aprendizagem e narrativas), além de exposições dialogadas com especialistas conforme nossas demandas. Algumas das questões de aprendizagem elaboradas pelo grupo: “Quais são os diferentes graus de acometimento da COVID-19 e como o manejo terapêutico no período infeccioso pode comprometer os sistemas do corpo humano acarretando sequelas?”; “Como garantir o cuidado integral e os princípios da clínica ampliada e segurança do paciente pós-COVID considerando o processo de construção do PTS?”; “Como mapear a oferta dos serviços e apoiadores, identificar e acompanhar usuários pós-COVID, garantindo a governabilidade das equipes nos processos de trabalho?”.
Resultados: A integração entre nós, fisioterapeutas da RAS e os docentes da UFMS contribuiu para o processo formativo, desenvolvimento profissional e didático para o enfrentamento à nova demanda e culminou na elaboração do ‘Guia orientador para reabilitação pós-COVID na APS’, que foi compartilhado com todos os profissionais do NASF. A partir da relação construída com o curso de fisioterapia, foi pactuada nossa inserção na formação, como preceptores, no estágio na APS.
Considerações finais: Esta experiência demonstra a potência dos encontros como forma de produção de conhecimentos, qualificação profissional e de transformação das práticas mediante problematização de situações vivenciadas na realidade. Paralelamente, houve qualificação do processo de formação dos estudantes e docentes da UFMS, evidenciando a relevância da integração ensino-serviço. Houve impacto na vida dos usuários com sequelas pós-Covid ao acessarem ações de reabilitação no próprio território. A incorporação dessa demanda por nós, fisioterapeutas da APS, impacta no cuidado aos usuários e em toda a RAS, pois reduz filas de espera para a atenção especializada, favorece a adesão ao tratamento com o cuidado no território, menor desgaste físico/financeiro ao evitar deslocamentos dos usuários com mobilidade reduzida até os serviços de reabilitação.