Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL DE MULHERES QUE VIVEM NUM ASSENTAMENTO NO INTERIOR DO CEARÁ
Olga Maria de Alencar, Neíres Alves de Freitas, Roseni Pinheiro, Vitória Monteiro Monte Oliveira, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2022-01-11

Resumo


Introdução: A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas foi criada com a finalidade de se considerarem as determinações culturais e sociais dos sujeitos que vivem no campo, em particular suas vivências cotidianas, iniquidades e desigualdades.  As mulheres do campo representam parcela significativa da população, possuem maior longevidade em detrimento dos homens, no entanto são mais vulneráveis ao adoecimento e constituem o contingente que mais frequentam o serviço de saúde em busca de cuidados com a saúde. Este trabalho tem como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e epidemiológico das mulheres residentes em um assentamento no interior do Ceará. Desenvolvimento: Trata-se de um recorte de estudo de dissertação sobre Mediações da integralidade do cuidado no cotidiano das mulheres do campo em uma comunidade de assentados, com abordagem descritiva dos participantes por meio de dados quantitativo. O cenário da pesquisa é o assentamento de Águas Mortas localiza-se nas proximidades do distrito de Taperuaba, a 25 quilômetros desse e a 97 quilômetros de Sobral, onde famílias começaram a habitar a região na década de 1990. Participaram do estudo 20 mulheres, residentes do assentamento. A coleta de dados deu-se de junho a novembro de 2017, por meio de um roteiro de entrevista para caracterização das participantes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com nº de protocolo 66045617.1.0000.5260. Resultados: A idade das mulheres variou de 20 a 75 anos, com média de 37 anos. Suas ocupações são majoritariamente serviços domésticos, agricultura e/ou produção artesanal. Quanto a escolaridades 12 não frequentaram a escola, 4 possuíam ensino médio incompleto, 3 tem ensino médio completo e 1 afirmou ter nível superior. Quanto ao estado civil, apenas 6 mulheres responderam a esta questão,  sendo 1 viúva e 5 com relacionamento estável. As patologias crônicas relatadas foram: hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica e diabetes. Também foram relatados sintomas sem diagnóstico estabelecido, como enxaquecas e relacionados a saúde mental, advindos do luto ou situação de insegurança gerados pela pobreza em que vivem. Em seus perfis sociais foram identificadas a presença da religiosidade, participação em festividades, reuniões coletivas, encontros diários nas residências, conversas informais, celebração da colheita e datas comemorativas. Conclusão: O perfil sociodemográfico demonstra que as mulheres assentadas vivem em situação de vulnerabilidade social e acúmulo de funções, isso corrobora com os resultados do quadro epidemiológico, que demonstra doenças crônicas e necessidade de políticas públicas atuantes no combate à pobreza e atenção em saúde. Esse trabalho reafirma a importância de identificar o perfil, sociodemográfico e epidemiológico, de mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade social, chamando atenção para a necessidade de suporte governamental nos determinantes de saúde, educação para a saúde e assistência terapêutica.

Palavra-chave: Gênero. Assentamento. Epidemiologia