Apresentação: O presente relato de caso ocorrido no Programa Qualifica APS, ICEPI/SESA-ES, visa demonstrar resultado trazido pela dificuldade de acesso a serviços odontológicos em meio à pandemia de COVID- 19.

Desenvolvimento: A interrupção no atendimento odontológico clínico eletivo, como parte dos protocolos de biossegurança no combate ao Coronavírus, levou uma parcela imensa da população a permanecer afastada de cirurgiões dentistas.

Dessa forma, aqueles em situação de extrema vulnerabilidade social, como o paciente em questão que morava com sua esposa em apenas um cômodo, drogaditos, e que ficavam muitos dias na rua devido ao vício, sofreram ainda mais com a situação, já que buscas ativas de pacientes por parte de agentes comunitários de saúde, ACS, foram suspensas.

Com isso o paciente procurou por atendimento médico em unidade de saúde da família do município de Serra, ES, em fevereiro de 2020, com queixa de pequena ferida acima do lábio superior esquerdo. Assim, a médica o encaminhou para a dermatologia, porém nada foi realizado, pois foram suspensos todos os atendimentos eletivos médicos e odontológicos.

Resultados e/ou Impactos: Após 20 meses, em outubro de 2021, já com os atendimentos odontológicos se normalizando, foi realizada a busca ativa desse paciente, com a mesma queixa, mas dessa vez já relatando preocupação estética. O que estava conseguindo contornar com o uso de máscara de proteção.

Ao exame clínico, a cirurgiã dentista, profissional do Programa Qualifica APS, constatou-se uma lesão bastante extensa chegando até base do nariz, ulcerada e sem manifestações na mucosa intraoral correspondente.

O caso foi levado para discussão da equipe de saúde da família e esta, oportunizando o momento, traçou estratégias para que esse atendimento fosse eficaz e eficiente para o diagnóstico, prognóstico e tratamento uma vez que a lesão já tinha se expandido de forma agressiva em sua face.

Em menos de um mês foi realizada a biópsia, com resultado positivo para carcinoma basocelular, sendo o paciente encaminhado para os devidos tratamentos.

Paralelamente, a cirurgiã dentista em conjunto com a enfermeira de sua área realizaram alguns testes rápidos, HIV, hepatite, sífilis, tendo sido identificada tuberculose.

Considerações finais: Dessa maneira, conclui-se que a demora de mais de um ano para a obtenção do diagnóstico e instituição de tratamentos adequados foi causada pela falta de acesso a serviços odontológicos por conta do COVID 19.

Fica clara também, a importância da atuação dos profissionais em equipe na Estratégia de Saúde da Família, em especial de ACS, na busca ativa de pacientes.