Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Caracterização dos casos de violência interpessoal contra adolescentes notificados no Espírito Santo no período de 2011 a 2018
Thais França Armeláo Pereira, Dherik Fraga Santos, Franciele Marabotti Costa Leite

Última alteração: 2022-01-18

Resumo


Introdução: Entende-se como violência contra adolescente quando o alvo é um indivíduo de 10 a 19 anos, sendo estabelecido, para fins de notificação, caso suspeito ou confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra mulheres e homens (MS, 2015). Ao considerar a adolescência como um fenômeno marcado por um período psicossociológico bastante específico, com ênfase nos aspectos biológicos, a violência adquire grande relevância na realidade social (PEREIRA;HUMBERTO, 2007) visto que trouxe um grande incremento na morbimortalidade e tem contribuído para a diminuição da expectativa e qualidade de vida, principalmente entre jovens e adolescentes, acarretando no aumento dos cuidados e custos para a saúde e a previdência, o absenteísmo no trabalho e na escola e a desestruturação familiar e pessoal (BRASIL, 2008). Objetivo: caracterizar os casos de violência interpessoal contra adolescentes notificados no Espírito Santo no período de 2011 a 2018. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico de caráter transversal analítico com base nos dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre o período de 2011 a 2018. Sendo a variável dependente a violência interpessoal contra adolescentes e as variáveis independentes as características da vítima, do agressor e da agressão. Na análise, foi descrito as características da distribuição da violência interpessoal contra adolescentes conforme as variáveis independentes, as quais foram apresentadas em frequência relativa, e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%).  Resultados: Entre os anos de 2011 e 2018, houveram 6348 notificações de casos de violência interpessoal contra adolescentes no Espírito Santo, uma prevalência de 72,1% (IC 95% 71,1-73,0), do total de fichas de notificações de violências preenchidas nesse período. Entre os casos analisados de violência interpessoal contra adolescentes, a maioria das vítimas eram do sexo feminino (64,1%; IC95% 62,9 – 65,3), tinham a faixa etária de 13 a 17 anos (61,5%; IC95% 60,3 – 62,7), eram da raça/cor preta/parda (76,8%; IC95% 75,7 – 77,9), não referiram deficiências/transtornos (91,6%; IC95% 90,8 – 92,3) e residiam em zona urbana/periurbana (91,3%; IC95% 90,5 – 91,9). Quanto a caracterização do agressor, a maior parte apresentava faixa etária de 0 a 24 anos (51,7%; IC95% 49,9 – 53,5), eram do sexo masculino (83,6%; IC95%, 82,6 – 84,6) e não estavam sob suspeita de uso de álcool (69,6%; IC95% 68,0 – 71,1). E em relação aos aspectos da agressão, a maioria ocorreu na residência (53%) e não se tratava de violência de repetição (56,4%; IC95% 54,9 – 57,8). Dos casos examinados, 87,3% (IC95% 86,4 – 88,1) teve encaminhamento para outros serviços para além do setor saúde. Conclusão: é observado que ocorre uma distribuição desigual dos casos notificados de violência interpessoal contra adolescentes no Espírito Santo segundo as características da vítima, do agressor e da agressão. O profissional de saúde deve estar atento ao perfil dos pacientes com os quais trabalha, para uma elaboração mais assertiva de estratégias de enfrentamento a esse agravo, e buscar intensificar ações na saúde escolar. Considerando-se que a violência que envolve adolescentes perpassa os diversos âmbitos socializadores e reconhecendo que as violências e os acidentes geram grande impacto social e econômico, sobretudo no setor saúde, requer para sua prevenção e tratamento, a formulação de políticas específicas e organização de práticas e de serviços peculiares destinados ao setor.