Introdução: Entende-se como violência contra adolescente quando o alvo é um indivíduo de 10 a 19 anos, sendo estabelecido, para fins de notificação, caso suspeito ou confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra mulheres e homens (MS, 2015). Ao considerar a adolescência como um fenômeno psicossocial, com ênfase nos aspectos biológicos, a violência adquire grande relevância na realidade social (PEREIRA;HUMBERTO, 2007) visto que trouxe um aumento na morbimortalidade e tem contribuído para a diminuição da expectativa e qualidade de vida, principalmente entre jovens e adolescentes, acarretando no aumento dos cuidados e custos para a saúde e a previdência, o absenteísmo no trabalho e na escola e a desestruturação familiar e pessoal (BRASIL, 2008).  Objetivo: analisar os casos de violência interpessoal contra adolescentes notificados no Espírito Santo no período de 2011 a 2018. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico de caráter transversal analítico com base nos dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre o período de 2011 a 2018. Sendo a variável dependente a violência interpessoal contra adolescentes e as variáveis independentes as características da vítima, do agressor e da agressão. Na análise, realizou-se teste qui-quadrado de Pearson e a associação foi apresentada por razão de prevalências (RP) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Na análise multivariada as características da vítima que preservaram associação significativa com os casos de violência interpessoal contra adolescentes foram: ser do sexo masculino (RP = 1,17; IC95% 1,14 – 1,21); ter faixa etária entre 10 a 12 anos (RP = 1,17; 1,13 – 1,22); ser da raça/cor preta/parda (RP = 1,10; IC95% 1,06 – 1,13); e não referir deficiências/transtornos (RP = 1,59; IC95% 1,48 – 1,70). Em relação ao agressor, as características que mantiveram associação significativa na análise multivariada foram: ser do sexo masculino (RP = 2,49; IC95% 2,32 – 2,68); e estar sob suspeita de uso de álcool (RP = 1,15; IC95% 1,11 – 1,19). Enquanto os aspectos da agressão foram: local de ocorrência em via pública (RP = 1,45; IC95% 1,39 – 1,51) e em outros locais (RP = 1,30; IC95% 1,24 – 1,37). Conclusão: a violência interpessoal contra adolescentes associa-se a determinadas características da vítima, do agressor e da agressão. Destacando-se como vítima o sexo masculino, entre a faixa etária de 10 a 12 anos, ser da raça/cor preta/parda, não portadores de deficiências/transtornos e residente da área urbana/periurbana. O perfil do agressor manteve a associação entre o sexo masculino e estar sob suspeita de uso de álcool, e em relação aos aspectos da agressão, destaca-se a ocorrência em vias públicas e outros locais. Considerando-se que a violência que envolve adolescentes perpassa os diversos âmbitos socializadores e observando a pesquisa apresentada, se torna fundamental que os profissionais de saúde conheçam e estejam sensíveis as características desse fenômeno multicausal para a elaboração de propostas de ação com vistas à prevenção do problema e o enfrentamento de suas vítimas a violência interpessoal contra adolescentes de populações com exposições já conhecidas a tais fatores de risco, abrangendo todos os setores ligados a eles, como a saúde e a educação.