Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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COMUNICAÇÃO DIGITAL EM SAÚDE NA ERA DA PANDEMIA DA COVID-19: Avanços e Desafios
Natasha Ribas de Figueiredo Ortiz Abreu, ANDRÉ LUIS BONIFÁCIO DE CARVALHO

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


Apresentação: A pandemia do novo Coronavírus suscitou transformações no processo de trabalho da Atenção Primária à Saúde (APS), com destaque para as formas de comunicação e educação em saúde. Importantes mudanças forma provocadas no uso das tecnologias e da comunicação digital, principalmente dentro das mídias sociais, devido ao distanciamento social. No momento atual são necessárias novas estratégias para a promoção da saúde considerando seu significado mais amplo a partir do diálogo, valorização e ressignificação de saberes e práticas. Sendo, portanto necessário compreendermos melhor as práticas de enfrentamento da pandemia pela população através da apropriação de informações veiculadas pelas mídias sociais, trabalho este que vem sendo pesquisado por um grupo de mestrandos que participam de um estudo multicêntrico através do Programa de Mestrado Multiprofissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE) em parceria com outras instituições pelo Brasil. Essas mudanças afetaram inclusive as relações entre os usuários e as equipes de saúde como percebida também no cotidiano da equipe de saúde da família. Neste sentido as redes sociais podem propiciar um maior vínculo entre profissionais e indivíduos, famílias e comunidades assistidos, bem como se torna um espaço para educação em saúde e de controle social, sendo assim de suma importância conhecer as potencialidades e fragilidades desta tecnologia da informação e seu uso na saúde. Foi com vistas ao aproveitamento de seu largo alcance, da necessidade de divulgação de informações sobre a nova doença, prevenção, bem como devido das medidas sociais de distanciamento, higiene respiratória entre outras medidas é que este meio de comunicação despontou como preferencial durante a pandemia. Entretanto, concomitante a expansão do vírus houve uma produção veloz de informações produzidas no meio digital, principalmente através das redes sociais iniciando também uma crescente proliferação de orientações de baixa confiabilidade, a qual recebeu o nome pela OMS de “Infodemia”.  Diante o exposto e tendo em vista as mudanças no comportamento e relacionamento das pessoas com os meios de comunicação, principalmente as mídias digitais durante a pandemia que este trabalho tem por objetivo identificar o uso e possibilidades de comunicação digital em saúde no contexto da pandemia. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão integrativa realizada de abril a junho de 2021, seguindo as etapas de elaboração da pergunta norteadora; na busca bibliográfica; coleta e análise dos estudos; apresentação e por fim discussão dos resultados. Dessa forma a questão condutora definida com base no acrônimo PICo, P (problema) – uso da comunicação digital em saúde, I (intervenção) –pandemia do COVID-19, Co (contexto) – população mundial, foi “Como tem se dado o uso da comunicação digital em saúde diante o contexto da pandemia do COVID-19?”. O levantamento bibliográfico por sua vez foi realizado através das bases de dados Sciverse SCOPUS, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MESH): “Health Communication" (Comunicação em Saúde) OR  "Information Dissemination" (Disseminação da informação) AND  "COVID-19". Como critérios de inclusão foram utilizados: publicações no período da pandemia 2020-2021; nos idiomas português, inglês e espanhol; e disponibilizados texto completo. Foram excluídos por sua vez os artigos que não se tratavam de artigo de pesquisa, de revisão, estudos qualitativos, de etiologia, observacional e relato de experiência; que não abordavam como assunto principal: disseminação de informação, COVID-19, mídias sociais, saúde pública, comunicação e que não estavam incluídos na área temática: medicina, ciências sociais, multidisciplinaridade e Enfermagem. Consequentemente os artigos foram avaliados através do resumo para identificar se os mesmos respondiam ao objetivo da pesquisa, além de que nesta etapa foram excluídos aqueles duplicados. Ao final foram selecionados 16 artigos que atendiam a proposta do estudo, tendo estes sido sintetizados no quadro elaborado no Excel com as seguintes informações: autor/país de origem, objetivos, método, principais resultados (Tabela 1). Posteriormente foi realizada análise de conteúdo de Bardin (2011) e a categorização dos resultados. Resultados e/ou impactos: O cruzamento dos descritores encontrou na base Scopus 1.334 publicações, na BVS sete e na Scielo 486. Considerando os critérios de inclusão e exclusões a amostra resultou em 120 publicações. Ao se proceder à leitura dos resumos foram selecionados 16 artigos na amostra final que respondiam aos objetivos do estudo. Quanto à análise dos conteúdos de Bardin os resultados foram categorizados em: (i) A potencialidade na divulgação e acesso à informação; (ii) plataformas digitais e suas dimensões; e (iii) Fake News e Infodemia, os transtornos diante a desinformação digital. Considerações finais: O impacto das informações em saúde produzidos nas mídias digitais durante a pandemia do COVID-19 aponta para uma transformação nos processos de educação em saúde e de relacionamento com a informação na era digital. Diversas possibilidades de uso das ferramentas de mídia social estão sendo levantadas, bem como crescentes são as potencialidades da inclusão destas mídias para propagação da informação sobre o novo Coronavírus. Os achados desta revisão corroboram com os resultados preliminares da pesquisa multicêntrica da qual faz parte, uma vez que após a etapa inicial das entrevistas com os usuários da ESF denota-se que grande parte das pessoas busca informações sobre a COVID-19 através das mídias sociais. Além disso, durante a pesquisa observou-se que os entrevistados atribuem alta confiabilidade as informações obtidas por fontes oficiais e por profissionais de saúde, entretanto estes não são as fontes mais acessadas para obtenção dos dados. Sendo assim, este trabalho ampliou os horizontes do uso das mídias digitais e caminhos para educação em saúde através das mesmas, o que contribuirá para construção de novas estratégias da equipe de saúde junto à população no território, buscando ampliar o acesso a informações confiáveis, bem como possibilitou o uso de novas ferramentas para reestruturação coletiva de ações de prevenção e controle do novo Coronavírus. A revisão apontou ainda um número crescente de publicações desde o início da pandemia, porém os estudos precisam ser constantemente reavaliados e atualizados uma vez que o cenário do surto epidêmico está em constante transformação. Os estudos avaliaram ainda o impacto das desinformações produzidas nas diversas mídias e suas consequências danosas a população. Entretanto observou-se que os estudos em sua maioria, devido ao grande número de dados produzidos na internet, optaram por avaliar mídias de forma transversal. Tendo ficado lacunas em relação ao comparativo das mídias para determinação do seu alcance e de suas abordagens e produção de conteúdo. Além disso, o recorte temporal os cenários representarem as realidades locais acerca da informação e da epidemia que não é a mesma em todos os lugares requer cautela na generalização dos resultados, bem como suscita a necessidade de ampliação dos estudos a fim de avaliar o impacto e as necessidades de mudanças na comunicação em saúde nas mídias sociais. Este estudo mostra-se relevante, pois oferece informações que podem auxiliar profissionais e serviços na tomada de decisão durante o processo de planejamento da disseminação de informação em saúde. Além de mostrar diversas experiências este estudo aponta que é essencial que se considere as angústias e expectativas dos indivíduos e suas comunidades na construção da educação, de forma dialógica que gerem de fato impactos e transformações de comportamentos. A era digital abre-se para as novas formas de comunicar durante a pandemia e, portanto, devem ser alvo de novos estudos.