Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL DE IDOSOS RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
Rafael Bezerra Duarte, Eluane Teixeira Patrício, Úrsula Hérica dos Santos Moura, Rayanne de Sousa Barbosa, Kerma Márcia de Freitas, Olga Maria de Alencar, Mirna Neyara Alexandre de Sá Barreto Marinho, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2022-01-19

Resumo


Apresentação: O envelhecimento populacional nos dias atuais é compreendido como um dos principais desafios para a saúde pública contemporânea, já que os países em desenvolvimento têm apresentado modificações em suas pirâmides etárias, confirmando assim, um expressivo aumento de idoso na população. Estimativas nacionais indicam que em 2025 o Brasil será o sexto país com maior número de idosos, e são esperados cercas de 32 milhões de habitantes com idade igual ou superior a 60 anos, representando 13% da população total. Compreendido como um processo que acontece de maneira natural em cada indivíduo, o envelhecimento ocorre de forma progressiva e irreversível. Envelhecer traz consigo modificações que podem afetar diretamente a saúde dos idosos. Essas alterações, por sua vez, podem deixar os idosos limitados de realizarem os autocuidados, o que os levam a precisarem de auxilio e cuidados, sobretudo, dos familiares. Entretanto, de acordo com as transformações ocorridas na sociedade, como a inclusão da mulher no mercado de trabalho e redução no número de filhos, entre outras, tais atribuições chegam a deixar de ser propriedade exclusiva da esfera familiar, sendo então acolhidas por organizações alheias à família. Ainda, infelizmente, para muitos idosos, o envelhecimento tem sido acompanhado pela presença das doenças crônicas, limitações ambientais, socioeconômicas e socioculturais, perda da autonomia e independência, declínio na capacidade cognitiva, entre outros. Logo, estes podem trazer sérios prejuízos na qualidade de vida do idoso, assim como, podem estar associados à limitação da capacidade funcional dos mesmos. Contudo, estes fatores juntamente com a dificuldade que os familiares encontram para achar uma pessoa que se responsabilize para prestar os cuidados necessários ao idoso dentro de seus lares, tem-se observado um grande número de idosos institucionalizados, e uma procura cada vez maior por Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), já que as mesmas ofertam os cuidados que os idosos necessitam, assim como, por vezes chega a suprir a falta do suporte familiar e social. Entretanto, as institucionalizações dos idosos têm como principal fator o déficit na realização das Atividades da Vida Diária (AVD), básicas, como a locomoção, alimentação e também a higienização. Pesquisas ainda revelam que, a idade avançada, a violência e o abandono, também têm sido considerados fatores de risco para a institucionalização do idoso. Diante do exposto, objetivou-se analisar o perfil de idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo documental, exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada no município Cajazeiras, Paraíba. O município se encontra na região do Alto Sertão Paraibano, nordeste do Brasil, distante 468 km da capital João Pessoa. Contudo, o cenário da pesquisa foi a Instituição de Longa Permanência para Idoso (ILPI) – Joca Claudino, mais conhecida por Casa do Idoso Joca Claudino. A ILPI fica localizada na Rua Luiz Paulo Silva S/N, Bairro - Capoeiras, do referido município. A população da pesquisa foi composta por 22 idosos institucionalizados na ILPI – Joca Claudino. Para participar da pesquisa os idosos se enquadraram nos seguintes critérios de inclusão: Residir na ILPI há mais de seis meses, com o intuito de evitar vieses decorrentes do processo de adaptação às mudanças ocorridas pela institucionalização, e terem Ficha de Admissão e Prontuário. Foram excluídos da pesquisa, idosos que apresentaram as fichas cadastrais e prontuário com rasuras e com informações inconclusas (dados incompletos) que viessem comprometer a análise da pesquisa. A coleta de dados ocorreu durante o mês de abril de 2019, a partir do preenchimento de um questionário estruturado contendo questões objetivas sobre os seguintes dados: sociodemográficos, relacionadas à institucionalização, perfil clínico, atividades básicas de vida diária e dados relacionado à independência funcional e mobilidade. Para o preenchimento do questionário foram utilizados os dados dos registros das Fichas de Admissão e dos prontuários dos idosos da ILPI. Os dados foram analisados de acordo com a estatística descritiva, como frequência, cruzamento de dados e elaboração de tabelas, assim como, foram agrupados, organizados e analisados utilizando o auxílio do Software Excel 2010 (Microsoft®). Posteriormente a organização e análise, os dados foram discutidos a luz da literatura pertinente. A pesquisa ocorreu de acordo com as normas da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que regulamenta o estudo com a participação de seres humanos. Ainda, para realizar a coleta de dados, foi encaminhado um pedido de autorização a Instituição de Longa Permanência para Idosos – Joca Claudino, por meio da Declaração de Anuência, bem como o Termo de Fiel Depositário. No mais, pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio – UNILEÃO, através do parecer de nº 3.175.483. Resultados: De acordo com os dados levantados foi possível verificar em meio aos dados sociodemográficos que a maioria, 54,5% dos idosos eram do sexo feminino, 63,6% se declaram ser da cor branca, 90,9% tem idade entre 70 a 89 anos, 45,5% são analfabetos, 50% são solteiros (as), 50% tinham filhos, e 100% eram aposentados e com renda de um salário mínimo. Em relação à institucionalização, os dados revelam que a maioria (54,5%) dos idosos morava na instituição há mais de um ano, e que foram institucionalizados por motivos de maus tratos e pela dificuldade dos familiares em prestar cuidados, representando 13,6% e 45,55% respectivamente. Em relação à pessoa que os institucionalizaram, 45,5% dos idosos foram deixados pelos próprios familiares. Quando analisado o perfil clínico dos idosos institucionalizados, evidenciou-se uma prevalência entre os idosos acometidos por doenças crônicas (81,8%), sendo a hipertensão (40,95%) e a doença mental (59,1%) as mais prevalentes. Ainda, pode-se verificar que 80% dos idosos faziam o uso de medicamentos, e que destes 50% utilizavam de dois a mais, sendo os psicotrópicos e os anti-hipertensivos os mais utilizados. Observou-se também, que 54,5% apresentavam deficiência visual e 9,1% tinham problemas de audição. No que se refere aos dados referentes a independência funcional e mobilidade, pode-se observar que, a maioria dos idosos era dependente para algumas atividades básicas de vida, e que 40,9% tinham dificuldades de locomoção, 13,6% faziam uso de bengala/andador, 13,6% eram cadeirantes. Considerações finais: Diante dos resultados apresentados, faz-se necessário encontrar formas de melhorar a qualidade de vida de idosos residentes em ILPI, de modo a descobrir maneiras para garantir a promoção da saúde e prevenção da incapacidade funcional, tendo em vista que não só no presente estudo, mas em outras pesquisas, pode-se observar o quanto os idosos são dependentes. Além disso, ressalta-se a relevância de estudos que elucidem a relação do perfil sociodemográfico com o perfil clínico e de saúde do idoso institucionalizado, assim como, do nível de dependência funcional e de mobilidade. Deste modo, acredita-se, que este estudo possa colaborar na elaboração de políticas públicas que possibilitem a capacitação dos profissionais que cuidam de idosos residentes em ILPI, a fim de tornar viáveis novas estratégias, visando à melhoria na qualidade de vida deles. Diante deste contexto, faz-se necessário o estudo mais amplo sobre o perfil de idosos institucionalizados, visando assim, obter informações mais contundentes para assim podermos ampliar a atenção à saúde do idoso, tendo em vista que, pouco se escuta falar de idosos residentes em ILPI. Todavia, verificamos a necessidade e sugerimos a realização de novas pesquisas que envolvam a complexa realidade dessa população, para melhor entendermos o processo de envelhecimento dentro das ILPI.