Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Ancestralidade e amorosidade: trilhas narradas para cuidar com práticas integrativas, complementares e populares de saúde
Maria Rocineide Ferreira da Silva, Clarissa Dantas de Carvalho, Antônio Ferreira Junior, Vitória Gomes Marques, Mayana de Azevedo Dantas, Nelson Filice de Barros

Última alteração: 2022-01-11

Resumo


As práticas integrativas e complementares de saúde têm obtido destaque nas discussões sobre o cuidado na contemporaneidade, assim como as práticas populares de cuidar têm racionalidades diferentes, porque se referenciam pela cultura originária dos povos que as propuseram. Ouvir sobre como o sistema de saúde brasileiro tem incorporado, referenciado tais práticas pode ser um caminho para produzir democratização e respeito no ato de cuidar. As narrativas compõem a história humana e têm sido cada vez mais utilizadas nos contextos econômicos, sociais, culturais e políticos para reflexão sobre experiências vividas e que podem contribuir com a formulação de políticas públicas. O presente trabalho objetiva refletir sobre trilhas referenciadas para cuidar com as potências que diferentes racionalidades podem imprimir na qualidade de vida de humanos e não humanos e que reafirmam a força do amanhã, do por vir. Fizemos a opção da Narrativa para ancorar o movimento teórico-metodológico realizado neste escrito. Em um movimento de escutar e chegar à compreensão da historicidade de Alecrim (participante do estudo que deu origem a esse recorte), voltando para si e retomando um processo de reflexão que despertou pesquisadores sobre sentidos, percursos na constituição de um ser cuidador. Entre os vários caminhos e trilhas referenciados por Alecrim, esta mobilizou afetos e manifestações (in)corpóreas ao citar a importância de encarnar o trazido em seu corpo a partir do reconhecimento e legitimação de sua ancestralidade indígena e a amorosidade como princípios orientadores para fazer chegar o cuidado à vida. Nessa chegança, a partir da extensão do seu corpo, afetar tantos outros num continuum de singularização e, ao mesmo tempo, enraizamento das forças que emergem a partir da vivência em coletividades, em comunidade. A partir da cantiga dos Tapebas, etnia que ela referenciou, vamos sendo mobilizadas a pensar-sentir com Alecrim ao cantar “quem deu esse nó, não soube dar; quem deu esse nó, não soube dar...esse nó está dado e eu desato já”. Seu canto emocionado nos trazia imagens e percepções da constituição da história de vida de uma guerreira que, com cantos, rezas, reiki, ventosaterapia, massoterapia, terapia comunitária integrativa, entre outras práticas, cuida naquela oca, situada ao lado de uma unidade básica de saúde. Também explicitou a inclusão deste cuidado nos encaminhamentos desta unidade, do cuidado da equipe que, juntamente com Alecrim, cuidam de usuárias e usuários do Sistema Único de Saúde que têm livre acesso ao conjunto de Práticas Integrativas e Complementares, ofertadas naquele dispositivo de cuidado da Rede de Atenção à Saúde.