Palavras chaves: Envelhecimento, Idoso, Perfil, Determinantes Sociais da Saúde, Estratégia da Saúde da Família

Autores: Marcela Santana de Oliveira, Mirela Schultz Mesquita, Luciana Carrupt Machado Sogame

Apresentação: O envelhecimento populacional no Brasil vem aumentando notadamente nos últimos anos, resultando assim em um aumento da população acima dos 60 anos. Em consequência dessa mudança demográfica se faz necessário novos tratamentos e cuidados, considerando o envelhecimento um processo natural das funções bioquímicas, físicas e mecânica dos seres humanos. O processo do envelhecimento humano vem seguido de modificações biológicas e psicológicas, ou seja, de um desgaste físico e funcional do corpo e da mente, assim como de uma redução das respostas fisiológicas às ações do ambiente em que o idoso está inserido. Cabe mencionar que, em parte o caráter díspar desse segmento populacional também é fruto do contexto marcante de desigualdades sociais no país. Além disso, as características sociais nas quais os indivíduos ficam expostos ao longo da vida podem causar vulnerabilidades que resultam em doenças e/ou agravos em saúde, desencadeando incapacidades nos idosos. Desse modo, há que se ressaltar que existem determinantes sociais da saúde que interferirem no bem-estar, na qualidade de vida e na funcionalidade dos idosos. Do ponto de vista histórico e legal, o percurso para a efetivação de uma saúde mais digna para a pessoa idosa no Brasil perpassa pelo processo histórico da Reforma Sanitária Brasileira iniciada nos anos de 1970. Diante do crescente envelhecimento populacional brasileiro e respeitando os direitos previstos na Constituição novos marcos legais foram conquistados nas últimas décadas, dentre os quais se destaca em 2006 a atualização da Política Nacional da Pessoa Idosa trazendo um novo paradigma para a situação de saúde do longevo.   Por essa razão, é imperioso romper com o paradigma biomédico e dar vez a uma abordagem integral, que é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição de 1988, e que assegura equidade e uma atenção em saúde voltada prioritariamente para as atividades preventivas. Então, para atender a esse princípio na atenção em saúde, são necessárias ações governamentais intersetoriais, transversais e políticas sólidas para dar respostas às necessidades de saúde da população idosa, numa perspectiva de promover saúde e um envelhecimento saudável, com vistas a manter a funcionalidade, a independência e a autonomia desses sujeitos.  Neste sentido a Atenção Primária à Saúde (APS) é um modelo de atenção cujos atributos cooperam para resolver a maioria dos problemas de saúde da população idosa, reduzindo intervenções desnecessárias, ampliando o acesso aos serviços e favorecendo a atenção integral aos diferentes problemas. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), modelo brasileiro de efetivação da APS, fundamenta-se na atenção à saúde ao idoso e seu cuidador, incluindo ações individuais e coletivas de promoção à saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e cuidados paliativo. Outro ponto importante é que cabe às Equipes da ESF conhecerem as realidades das famílias adstritas em seus territórios, mobilizarem e envolverem os indivíduos idosos em grupos e propostas que façam com que eles se tornem personagens atuantes de suas próprias condições de saúde. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é verificar o perfil sociodemográfico e as condições/situações de saúde geral de idosos assistidos por uma Unidade básica de saúde (UBS) no município de Presidente Kennedy.

Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo transversal com coleta retrospectiva de informações, contidas no sistema de informação Magnus Vieira – Sistema Integrado de Gestão de Serviços (MV- Sigss) que permite acesso às informações da ficha A (cadastro individual) dos idosos assistidos por uma UBS da zona rural de Presidente Kennedy no Estado do Espírito Santo. Foram selecionados 80 idosos (> 60 anos) adstritos na UBS no mês de março e 2021. Para caracterização do perfil sociodemográfico dos idosos foram coletados as seguintes informações: idade, sexo (feminino ou masculino), raça/cor (branco, pardo, negro, indígena, amarelo); cidadão é responsável familiar (sim ou não); ocupação (questão descritiva); escolaridade (analfabeto, ensino fundamental 1ª a 4ª séries, ensino fundamental 5ª a 8ª séries, ensino fundamental completo, ensino médio, superior); existência de cuidador (sim ou não); participação de grupo comunitário (sim ou não); existência de plano de saúde (sim ou não) e orientação sexual (heterossexual, bissexual, homossexual (gay/lésbica). Para caracterização das condições de saúde dos idosos foram coletadas as seguintes informações: está fumante (sim ou não), faz uso de álcool (sim ou não), faz uso de outras drogas (sim ou não). Quanto as doenças foram verificado a existência de: hipertensão arterial (sim ou não), diabetes (sim ou não), acidente vascular cerebral/derrame (sim ou não), infarto (sim ou não), doença cardíaca/do coração, se sim, qual(is)? (insuficiência cardíaca, outra, não sabe), hanseníase (sim ou não), tuberculose (sim ou não) e existência de deficiência (sim ou não), se sim, qual(is): (auditiva, intelectual/ cognitiva, visual, física, outra). Foi realizada uma análise descritiva dos dados com cálculo de frequência relativa e absoluta. O presente estudo foi apresentado ao comitê de ética (CEP) da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM) sendo apreciado e aprovado pelo parecer o nº 090594/2021.

Resultados: A maioria dos idosos eram do sexo feminino (52,5%), brancos (51,2%), são responsáveis familiares (71,7%), são aposentados (69,2%), cursaram o ensino fundamental da 1ª a 4ª série (44,8%), não possuem cuidadores (100%), participam de grupos comunitários (51,2%), não possuem plano privado de saúde (92,3%) e 100% declararam ser heterossexuais. Quanto aos hábitos de vida e condições de saúde 92,3% não são tabagistas, 58,9% não são etilistas, 60,2% são hipertensos, 27 % são diabéticos, 9% já tiveram AVC, 6,5% têm outras doenças cardíacas e nenhum paciente relatou ter hanseníase, tuberculose ou deficiência física.

Considerações finais: O envelhecimento é um processo natural que ocorre ao longo de toda a experiência de vida do ser humano, por meio de escolhas e circunstâncias. O preconceito contra a velhice e a negação da sociedade quanto a esse fenômeno colaboram para a dificuldade de se pensar em ações para esse grupo populacional. Os idosos assistidos pela Unidade básica de Saúde no município de Presidente Kennedy tem como perfil sociodemográfico ser do sexo feminino, brancos, são responsáveis pela manutenção financeira de sua família em sua maioria utilizando recursos da aposentadoria ou pensão, tem baixa escolaridade.Utilizam-se dos serviços assistências do município, aparentemente são independentes à medida que não possuem cuidadores e não apresentam deficiência física, possuem hábitos de vida saudáveis e em sua maioria relataram doenças crônicas caracterizada pela hipertensão. Sendo assim com esses resultados espera-se contribuir socialmente com a população de idosos da comunidade analisada permitindo o aprimoramento para nessa área de conhecimento e fornecendo uma assistência integral no cuidado de saúde da população idosa, garantindo um envelhecimento com qualidade de vida, autonomia e dignidade.